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Jemerson, de promessa a realidade em 365 dias

Há um ano, zagueiro entrava em campo para enfrentar o Lanús como desconhecido da maioria dos atleticanos. Hoje, é titular incontestável e um dos mais valiosos do grupo

postado em 16/07/2015 08:01 / atualizado em 15/07/2015 20:06

Rodrigo Clemente/EM/D.A Press

Há um ano, o Atlético “descobria” Jemerson. O jogo de ida contra o Lanús, pela Recopa Sul-Americana, em 16 de julho de 2014, em Buenos Aires, virou um marco na carreira do jovem zagueiro. A cinco dias da partida, Jemerson estava na academia do Centro de Treinamentos da Seleção Argentina quando o técnico Levir Culpi se aproximou e perguntou: “Está preparado? Você vai jogar”. Réver e Emerson haviam ficado em Belo Horizonte, em tratamento no departamento médico. Edcarlos se machucara no treino e o time ganhava o terceiro desfalque defensivo – mas também um novo titular.

A resposta ao treinador, lembra Jemerson, então com 21 anos, foi acompanhada por um sorriso largo, marca registrada do zagueiro fora dos gramados. “Eu disse: ‘Claro. Venho treinando para isso’. Tive a oportunidade de jogar e fui bem”, recorda-se.

Desde então, o prata da casa assumiu a titularidade, foi campeão da Copa do Brasil, do Campeonato Mineiro e passou por grande valorização. “Mudou tudo, financeiramente, o reconhecimento. Foi o grande passo da minha carreira, uma decisão internacional na Argentina. Acho que caí bem no time”, brinca.

O Atlético venceu por 1 a 0 – confirmaria a taça no Mineirão, uma semana depois, com novo triunfo, desta vez por 4 a 3. A atuação no Estádio La Fortaleza, um típico alçapão argentino, ficou marcada para o defensor. Quem imaginava um Jemerson nervoso em campo, se enganou. “Sou bem tranquilo, bem confiante. Meu defeito é ser bem confiante. Entrei bem no jogo, sabendo o que fazer, os caras me deram moral. Então, falei: ‘pode deixar comigo’. O Leo, o Victor e o Tardelli me ajudaram bastante.”

O desempenho de Jemerson não surpreendeu Levir Culpi. O que chamou a atenção do treinador foi justamente a atitude do zagueiro. “A única coisa que me surpreendeu foi a maturidade. Ele tem uma postura técnica em campo de um jogador experiente, mas ele não é. Tem apenas um ano de profissionalismo jogando como titular. É um jogador com qualificação técnica”, analisa.

A chance diante do Lanús foi apenas o primeiro passo. As boas atuações de Jemerson deram aos dirigentes atleticanos confiança suficiente para não colocarem obstáculos para a venda de Réver, capitão na conquista da Copa Libertadores, ao Internacional.

No início deste ano, Jemerson ganhou um novo contrato, válido até o fim de 2019. Passou a ser alvo do mercado internacional. A multa rescisória é de 25 milhões de euros (R$ 86 milhões), mas esse valor elevado serve apenas como proteção – o preço real de mercado do zagueiro não é divulgado pelo Atlético.

“Ele está onde está por qualidade exclusiva dele. Temos que ressaltar o trabalho feito nas categorias de base. O jogador subiu da base bem encaminhado, com fundamentos bons, nível de profissionalismo. Hoje não deixa de ser um dos jogadores mais valorizados do grupo, com um futuro promissor. Teve uma valorização excepcional”, destaca o diretor de futebol alvinegro, Eduardo Maluf.

TRANSFERÊNCIA

A janela de transferência para o exterior está aberta. Representante do Lyon no Brasil e ex-zagueiro do Galo, Marcelo Djian, confirmou que Jemerson está na lista de possíveis reforços do clube francês para a próxima temporada. O L’Equipe, diário esportivo mais importante da França, destacou o apelido do defensor em manchete: “Blackenbauer”, uma referência ao craque alemão Beckenbauer.

Mas o prata da casa não pensa em sair agora. Se depender dele, vai ficar e ajudar o Galo a encerrar o jejum de 44 anos no Campeonato Brasileiro. “Só penso no Atlético. Com fé em Deus, esse título vai voltar para o Atlético depois de tantos anos. O foco é aqui.”