
As conversas para a chegada do uruguaio começaram no domingo, num jantar com o presidente Daniel Nepomuceno e o diretor de futebol Eduardo Maluf, em Porto Alegre. Os dirigentes apresentaram uma proposta de dois anos de contrato, com salário de R$ 350 mil. O novo treinador trabalhará com sua comissão técnica fixa de três profissionais: os auxiliares Juan José Verzeri e Raul Carrera e o preparador físico Jorge Fernando Pignatares. O Galo também confirmou ontem a volta de Carlinhos Neves, que estava no Shandong Luneng-CHI, e agora assume a função de coordenador técnico.
Diferentemente de outros treinadores, Aguirre chegou à Cidade do Galo vestindo terno e gravata. Fez fotos e distribuiu autógrafos para vários torcedores que assistiram ao treino. Antes da atividade, ele foi apresentado formalmente ao grupo de jogadores no hotel e aproveitou para conhecer a estrutura do clube, sempre ao lado de Nepomuceno. “É um dos melhores CTs do mundo. Não tenho desculpa nenhuma, tenho que trabalhar”, brincou, se dirigindo aos jornalistas. O gringo antecipou que não vai interferir no trabalho de Diogo Giacomini, que comandará a equipe contra a Chapecoense, domingo, no Mineirão, no encerramento do Campeonato Brasileiro, mas estará nos camarotes do estádio para acompanhar o desempenho do time e observar os atletas. Nos próximos dias, cuidará da mudança definitiva para Belo Horizonte com a mulher e seus três filhos.
Depois que deixou o Inter, Aguirre passou por um período de estágio no Atlético de Madrid com o argentino Diego Simeone e procurou se aprofundar em conhecimentos táticos. Nos últimos meses, o treinador teve propostas do Al Gharafa (Catar) e do São Paulo e uma sondagem do Cruzeiro: “Tive possibilidade de comandar clubes importantes, mas em nenhuma proposta eu tive a convicção que o presidente me transmitiu. Estou pegando um time que vem trabalhando junto, com muitas coisas boas. Na Libertadores deste ano, falei que o time do Atlético era espetacular e sigo pensando o mesmo. Acredito que temos grandes chances de ter um grande ano”, afirmou Aguirre.
Ele agora fará uma série de reuniões com a diretoria para traçar o planejamento de 2016, incluindo a busca por reforços, e para avaliar se priorizará alguma competição. O técnico elogiou a qualidade do grupo atleticano e analisará com calma a chegada de jogadores pontuais. “Não conversamos muito sobre reforços com o presidente, mas a primeira coisa é valorizar os jogadores que temos, porque contamos com um elenco muito bom. Gosto de dar oportunidade aos jovens. E também teremos a necessidade de um reforços importantes. Mas tudo isso veremos ainda pela frente. Temos muita coisa para fazer antes”.
O Galo inicia o ano disputando a Florida Cup, na pré-temporada de janeiro, e depois jogará o Campeonato Mineiro, a Liga Sul-Minas-Rio, a Copa Libertadores, o Campeonato Brasileiro e a Copa do Brasil – num cenário otimista, se a equipe chegasse à fase final de todas as competições, disputaria mais de 80 jogos. No ano que vem, o clube deve ter um grupo de 35 a 40 jogadores.
CRÍTICAS
Diego Aguirre sofreu críticas por seu trabalho no Internacional, por promover um rodízio muito grande de atletas e porque a equipe apresentava desgaste físico constante. “O que fiz no Campeonato Gaúcho era dar oportunidade aos jogadores em partidas que não eram decisivas. Depois, eles foram muito importantes nos jogos da Libertadores. Então, foi uma decisão da comissão técnica. Quando o Inter foi semifinalista da Libertadores, éramos o melhor time do Brasil e não havia críticas. Foi uma coisa injusta. Não é o nosso primeiro ano no futebol brasileiro. Tivemos a experiência de conhecer as competições. Vamos repetir as coisas boas e tentaremos melhorar no que erramos”. Ele foi demitido do time gaúcho em agosto, depois de divergências com a diretoria.
QUEM É ELE
DIEGO Vicente AGUIRRE Camblor
Nascimento: 13/9/1965, em Montevidéu
Clubes como jogador (atacante)
Liverpool-URU, Peñarol, Fiorentina, Olympiacos, Internacional, São Paulo, Portuguesa, Independiente, Marbella, Danubio-URU, Ourense-ESP, Deportivo Fas-ELS, Temuco-CHI, River Plate-URU e Rentistas-URU
Principais títulos
Campeonato Uruguaio 1986, Libertadores 1987 e Campeonato Salvadorenho 1996
Carreira como técnico
San Agustín-URU, Plaza Colonia-URU, Aucas-EQU, Peñarol, Wanderers-URU, Alianza, Seleção Uruguaia Sub-20, Peñarol, Al-Rayyan-CAT, Al-Gharafa-CAT e Internacional
Principais títulos
Campeonato Uruguaio 2003 e 2010, Copa do Emir do Catar 2013 e Campeonato Gaúcho 2015
MEMÓRIA:
Sexto uruguaio no comando
Diego Aguirre será o sexto técnico uruguaio a comandar o Atlético. Quatro dos cinco anteriores conquistaram títulos. O último deles havia sido Darío Pereyra, que ficou no cargo de abril a novembro de 1999 – na reta final do Brasileiro, foi substituído por Humberto Ramos, que foi vice-campeão. Foram 40 partidas, com 21 vitórias e o título mineiro. Quem mais trabalhou foi Ricardo Diez, com três passagens nos anos 1950 que totalizaram 184 jogos, 108 vitórias e a conquista dos estaduais de 1949 e 1954, além de ter sido campeão do Gelo. Félix Magno foi treinador de 1946 a 1948 e ganhou o Mineiro nos dois primeiros anos. Dirigiu 105 partidas, com 69 vitórias. Ondino Vieira comandou o Galo 42 vezes (26 vitórias), de maio de 1954 a fevereiro do ano seguinte, sem ser campeão. Um caso atípico foi o do zagueiro Olivera, que, após encerrar a carreira por contusão, liderou a equipe nos três últimos meses de 1985, a tempo de ser campeão mineiro. Foram apenas 21 jogos, com nove triunfos e 11 empates. Essa foi a única experiência de Walter Olivera como treinador.