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ATLÉTICO

Do roçado ao reinado

O garoto que teve ascensão meteórica depois de atravessar parte da juventude colhendo feijão e debulhando milho dá adeus ao Atlético para assinar por cinco anos com o Monaco

postado em 29/01/2016 11:00


Dos salários mensais de R$ 2 mil, quando chegou ao Atlético, em 2010, a uma multa rescisória de R$ 100 milhões, o zagueiro Jemerson se tornou um atleta cobiçado e está prestes a realizar mais um sonho em sua curta carreira. Aos 23 anos, ele deixou o time em alta para uma nova etapa em sua vida profissional. A partir de hoje, o garoto que viveu por cinco temporadas no alojamento atleticano realizará os exames médicos no Monaco e em seguida assinará contrato por cinco anos. O jogador embarcou ontem à tarde para a França, ao lado do empresário Alex Zica e do advogado do Galo, Lucas Ottoni, para concluir o acordo, que gira em torno de 10 milhões de euros (R$ 44 milhões).

Emocionado, Jemerson afirmou que se despede do alvinegro com sentimento de dever cumprido: “Sempre sonhei, a gente sempre imagina um dia jogar na Europa. Espero que seja um sonho maravilhoso. Espero que eu possa desempenhar o mesmo papel que desempenhei no Atlético”. No Monaco, ele pode formar dupla de defesa com o ex-cruzeirense Wallace e terá a companhia do atacante Vágner Love (ex-Corinthians).

Ele se mostrou triste por deixar o clube e não disputar a segunda Libertadores como titular. Por outro lado, acredita que a experiência será essencial para amadurecimento profissional e pessoal. “Era o que eu queria, jogar em um grande time da Europa, que revelou grandes jogadores. E vou aprender muitas coisas, conhecer nova cultura”. Ele revelou que, futuramente, vai levar sua família para a França.

A ascensão de Jemerson no futebol foi repentina – de titular a partir de 2014 até chegar à Seleção Brasileira no ano passado –, mas para o Atlético representou três anos de investimento no atleta nas categorias de base. Ele foi descoberto em 2010 por meio de um olheiro e veio diretamente do Confiança-SE para o júnior.

Jemerson havia sido reprovado em testes no Santos, no Palmeiras e no Vasco. Mas o Atlético viu potencial no jogador, que se tornaria a segunda maior negociação da história do clube, superado apenas pela venda do atacante Bernard ao Shakhtar Donetsk, da Ucrânia, por R$ 77 milhões. O começo foi difícil, porque ele sentia saudade dos pais, que viviam em Jeremoabo, no interior da Bahia, e só ia a sua terra natal uma vez por ano. Jemerson morava num dos alojamentos da Cidade do Galo. Antes de apostar no futebol, Jemerson trabalhava na roça, colhendo feijão e debulhando milho.

Em seus dois primeiros anos, o atleta recebia cerca de R$ 2 mil mensais. “A gente paga a um jogador o suficiente para viver bem, e não ter um carro. Tem de se concentrar no trabalho e não perder o foco com namorada e passeios”, diz o diretor das categorias de base, André Figueiredo. Três anos depois e com contrato renovado até 2019, o salário de Jemerson teve grande salto, e a multa rescisória chegou aos R$ 100 milhões.

COMPLETO
Alex Zica, empresário que conheceu Jemerson quando ele se tornou profissional, ressalta que é jogador completo: “Uma de suas virtudes é ser aplicado e perfeccionista”. Zica atuou em parceria com ao agente Giuliano Bertolucci na venda ao Monaco.

Para André Figueiredo, não foi um simples salto: “Foi uma caminhada longa e difícil. Ele morou no clube até completar um ano de profissional, ficou longe da família. Ele aproveitou a chance que teve. Isso é mérito da formação do Atlético, mérito dos profissionais envolvidos e do jogador”. (Com Rodrigo Fonseca)

ATLETICANAS...
NOVA CAMISA

O Atlético vai estrear seu novo uniforme na primeira partida da Libertadores, contra o Melgar, dia 17 de fevereiro, em Arequipa, no Peru. A camisa será fornecida pela Dryworld e terá o patrocínio da Caixa Econômica. O contrato com a empresa canadense renderá ao Galo R$ 75 milhões por cinco temporadas.

Jogo no carnaval

A segunda partida do Atlético pela Primeira Liga será no domingo de Carnaval, diante do Figueirense, às 17h, em Florianópolis. O confronto inicialmente estava marcado para o dia 17, data do jogo com o Melgar, e depois foi transferido para o sábado carnavalesco.