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BRIGA DE TORCIDAS

PM divulga balanço oficial da briga entre as torcidas Máfia Azul e Pavilhão, no Mineirão

Polícia Militar desistiu de conceder entrevista coletiva, mas enviará boletim ao Ministério Público

postado em 02/12/2013 13:17 / atualizado em 02/12/2013 15:58

Luana Cruz /Estado de Minas

Marcos Vieira/EM/D.A Press


O confronto entre as torcidas organizadas Pavilhão Independente e Máfia Azul, no entorno do Mineirão, terminou com 22 presos no domingo. Além dos envolvidos na briga e das depredações, outras 28 pessoas foram detidas por crimes considerados pela Polícia Militar (PM) como de menor potencial ofensivo. Ao todo, foram registrados 28 boletins de vandalismo, agressão, furtos, além de atividade ilícitas dos cambistas, ambulantes e flanelinhas. A PM, por meio do assessor de comunicação, tenente-coronel Alberto Luiz, divulgou o balanço de ocorrências relacionadas ao jogo entre Cruzeiro e Bahia pelo Campeonato Brasileiro. O militar também apontou falhas na organização.

Diferentemente do que foi informado mais cedo pela coronel Cláudia Romualdo, comandante do policiamento da capital, a corporação desistiu de uma entrevista coletiva para divulgar os números. De acordo com o tenente-coronel, um documento detalhado com relatos do confronto será entregue ao Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) ainda nesta segunda-feira. Ele preferiu não comentar sobre pedido de extinção das duas torcidas organizadas, mas a possibilidade já havia sido levantada pelo comandante do Policiamento Especializado da Polícia Militar, coronel Antônio de Carvalho. Ficará a cargo do MPMG decidir se fará o pedido à Justiça. “A promotoria vai avaliar o que a lei diz, o que o Estatuto do Torcedor prevê e vai adotar providências”, afirma Alberto Luiz.

O tumulto entre as agremiações começou por volta das 19h30 na Avenida Abrahão Caram – próximo à passarela de ligação com o Mineirinho e portão G3 –, quando membros de duas facções organizadas entraram em novo conflito. Uma multidão de torcedores tentou se proteger correndo em direção ao portão Norte. Os vândalos se dissiparam apenas com a chegada do batalhão de choque da PM, que fez um cordão de isolamento – além do uso de balas de borracha e gás lacrimogênio. Minutos antes o ônibus com a delegação do Bahia deixou o estádio sob uma chuva de copos e objetos lançados entre a multidão. No meio do tumulto, muitos torcedores se feriram e tiveram de ser socorridos na própria calçada.

Para Alberto Luiz, a punição rígida é a solução. “Tem que ter punição, identificar quem promoveu. Essas suspensões de ficar alguns dias fora de jogos do Mineirão é muito suave. A pessoa tem que responder por uma coisa mais grave. O cara que dá um soco no rosto de outro, que vai com a intenção de depredar, precisa realmente se sentir penalizado", afirma o assessor da PM.

Falhas na organização

De acordo com o tenente-coronel, as falhas na organização do evento também serão repassadas para o MPMG. Segundo ele, houve uma mobilização para preparar a segurança do jogo e os protocolos para planejamento da festa do lado de fora não foram seguidos. Conforme Alberto Luiz, um comitê formado pela PM, Polícia Civil, prefeitura e bombeiros se reúne para preparação de eventos e jogos. Esse grupo se juntou para programar o esquema montado para a partida no estádio, mas a comemoração na ruas não estava relatada.

“A PM, apesar de cientificada sobre a festa, não decide sozinha sobre o planejamento em via pública onde se reúne quase 40 mil pessoas”, disse o tenente-coronel. O número relatado se trata apenas de torcedores reunidos no entorno do Mineirão, porque dentro do estádio havia cerca de 50 mil, segundo o militar.

“Estavam distribuindo cerveja de forma inadequada. O Ministério Público tem que chamar os organizadores a uma reflexão, uma avaliação do que foi adotado. O conflito entre as torcidas nós sabemos que existe. A PM sabia o que iria acontecer e estava preparada. A PM não pode por si só impedir um evento. Nós sugerimos a suspensão da festa quando o fato tomou grandes proporções e tivemos que agir”, conclui o assessor.

Conforme o balanço da PM, cinco militares ficaram feridos, sendo o caso mais grave de um policial atingido na cabeça. Os outros feridos durante o conflito das organizadas não foram contabilizados nos boletins de ocorrência, porque segundo o tenente-coronel Alberto Luiz, foram socorridos de forma dispersa.

Números


No domingo, o Comando do Policiamento Especializado divulgou um dado parcial de 54 presos em ocorrência no entorno do estádio. Na manhã desta segunda-feira, a assessoria de imprensa da PM informou que o número de presos, somente na confusão entre torcidas, ficou perto de 30. O balanço divulgado pelo coronel Alberto Luiz será considerado como número oficial da partida.

Ônibus

Segundo o balanço do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (SetraBH), 127 ônibus foram depredados no domingo, antes e depois da partida no Mineirão. Dos 35 carros solicitados pela BHTrans para o serviço especial do torcedor, sete foram quebrados. A linha mais atingida foi a 6350 (Estação Vilarinho/Estação Barreiro/Via Anel Rodoviário), com 11 carros quebrados. Também foram muito atacadas as 2004 (Bandeirantes/Pilar/Olhos D’Água) e a 2215 C (Céu Azul), cada uma com sete ônibus destruídos. Os acessórios mais danificados foram os forros de teto, vidros, portas, janelas e alçapões. O prejuízo médio, por ônibus, é de R$ 1 mil.