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Atlético terá lacuna a ser preenchida com iminente negociação de Cazares

Clube pode ser obrigado a buscar reposição para possível saída

postado em 23/01/2020 06:33

(Foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)
Os torcedores e os próprios jogadores do Atlético se surpreenderam quando o armador Cazares procurou o recém-chegado técnico Rafael Dudamel há alguns dias para pedir dispensa do jogo de estreia da equipe no Campeonato Mineiro, nessa terça-feira, diante da Uberlândia, no Triângulo Mineiro. O treinador entendeu o ponto de vista do atleta, de que teria dificuldade para se concentrar na primeira partida da temporada diante da possibilidade de se transferir para o futebol árabe – o jogador de 27 anos vislumbra a chance de atingir sua independência financeira com a negociação. A iminente saída do equatoriano deixa no ar uma questão importante: como o Galo vai conduzir a temporada sem sua referência técnica?

Desde que o equatoriano desembarcou no Brasil para defender o Galo, as opiniões se divergem a respeito da importância dele para a equipe. Há uma ala de atleticanos fãs do armador, que o veem como peça indispensável para o time. Mas também há um grupo contrário à presença de Cazares, defendendo a ideia de que o clube poderia ter negociado o jogador há mais tempo.

Mesmo sem ter conquistado um título de expressão pelo alvinegro, Cazares tem números expressivos em Minas, com 41 gols em 204 jogos, sendo o segundo maior artilheiro estrangeiro do Atlético, atrás apenas do argentino Lucas Pratto (42). Ele foi trazido pelo Atlético no fim de 2015, num investimento de US$ 1,5 milhão (R$ 5,8 milhões) por 50% dos direitos econômicos, com a outra parte ficando rateada entre Independiente del Valle e um grupo de empresários.

A proposta do Al-Ain, da Arábia Saudita, é financeiramente boa para o atleta, mas ainda não é o que a diretoria alvinegra deseja. O clube saudita ofereceu em torno de R$ 11 milhões para contar com o jogador, que está em seu último ano de contrato com o Galo e não chegou a acordo com a cúpula para a renovação do vínculo. No fim do ano passado, o presidente Sérgio Sette Câmara admitiu que a negociação de Cazares era um dos objetivos a curto prazo do clube.

Desde essa quarta-feira, o jogador treina em separado, orientado pelo preparador físico Ricardo Seguins. Caso sua saída for concretizada, a diretoria alvinegra viverá a pressão das arquibancadas para repor a saída em um cenário desfavorável: não existem bons camisas 10 no mercado brasileiro ou mesmo sul-americano e os que se destacam exigem grande investimento. Ou seja, o Atlético terá que desembolsar uma boa quantia para contratar um atleta em condições de ser titular e que não chegue simplesmente compor o grupo.

No grupo atual estão o jovem Bruninho e o recém-chegado Hyoran, que pode atuar centralizado, mas ambos estariam longe da capacidade técnica de Cazares. No ano passado, o alvinegro contratou Vinícius, mas o jogador teve passagem apagada e, neste ano, se transferiu para o Ceará.

Rafael Dudamel ressaltou que vem discutindo nomes para a posição com o diretor de futebol Rui Costa. “O importante é que a gente resolva tudo com tranquilidade para tomarmos a melhor decisão. Temos opções. Não gostaria de ser pego de surpresa. Esperamos que a melhor decisão seja tomara para ambos as partes”, afirmou o treinador, que na semana passada havia falado que ajudaria Cazares a recuperar seu melhor futebol.

CRAQUES DIVERGEM

As opiniões sobre Cazares são contraditórias até mesmo entre ídolos do clube. Campeão brasileiro com o Atlético em 1971, o ex-armador Humberto Ramos, hoje com 70 anos, afirma que o Atlético vai sentir muito com a saída do atleta e culpa a diretoria pela oscilação do equatoriano nos últimos anos: “Cazares é o melhor jogador do Atlético, o mais importante. Se houvesse uma dedicação maior da diretoria, ele seria mais importante e decisivo. Tem um potencial fantástico, poucos jogadores me encantaram tanto. A questão é quem administra o jogador. A própria diretoria tem de agir e dar valor a ele. Não sei o tipo de plano que tem sido feito. Quantos jogadores que tiveram problemas extracampo? Muitos. Tem que dar carinho e apoio ao jogador, cuja reposição é difícil. Tenho visto jogadores inferiores sendo vendidos por valores altíssimos. E Cazares é um tesouro”.

Já o ex-ponta de lança Paulo Isidoro, que atuou pelo Galo entre 1975 e 1979 e 1985 a 1987, tem posição diferente. Para ele, Cazares teve trajetória decepcionante no Atlético e a diretoria saberá garimpar outro jogador igualmente técnico: “Quando Cazares chegou ao Brasil, achei que seria um jogador interessante, tecnicamente muito bom. Mas no decorrer do campeonato, achei que ele nem era tão fundamental. Quando mais esperava dele, ele não correspondia. Ouvia muito que o Cazares joga quando quiser. Sou contra esse tipo de pessoa. Ele está sendo remunerado. O Cazares foi uma decepção no Atlético. Até fico tranquilo que ele tenha propostas para sair. É preferível liberá-lo do que vê-lo atuando sem dedicação”.

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