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'Não poderia receber sem trabalhar', diz vice do Atlético sobre Ricardo Oliveira

Atacante disse que faltou dignidade à diretoria do Galo

postado em 26/09/2020 18:32 / atualizado em 26/09/2020 18:45

(Foto: Bruno Cantini/Atlético)
A conturbada saída do atacante Ricardo Oliveira do Atlético continua rendendo declarações polêmicas. O vice-presidente do clube, Lásaro Cândido da Cunha, disse que o jogador não poderia receber porque "não estava trabalhando". 

A pedido do clube, Ricardo Oliveira não se apresentou após a retomada das atividades, no dia 19 de maio, e ficou sem seus salários. Lásaro disse que seria uma "injustiça com o clube" fazer os pagamentos. 

"Processo é meio doloroso, porque o Ricardo tinha contrato até o final do ano, houve tentativa de negociação, eu nem participei. A gente está sempre aguardando quais as soluções foram tomadas para que a gente formalize um documento e etc. E a informação que eu tenho é que houve tentativa de viabilizar uma composição, porque de fato ele não seria aproveitado pela nova comissão técnica e também não poderia receber simplesmente sem trabalhar. É até uma questão de injustiça com o clube, e a gente tem que defender os interesses do clube também", disse, neste sábado. 

Segundo Lásaro, os advogados do jogador, embora tenham acionado a Justiça, estão buscando entendimento com o Atlético.

"Foi proposta uma negociação compatível com essa realidade. Ele não aceitou, preferiu a ação, nós fizemos a defesa e os advogados dele procuraram o Atlético para procurar uma composição. Houve tentativa dessa composição. E nós estamos abertos, mas desde que respeitados esses pressupostos. Não vamos sangrar o clube só para atender esse ou aquele".

Ricardo Oliveira


Em entrevista ao SporTV, o experiente jogador de 40 anos eximiu o técnico Jorge Sampaoli de responsabilidade e culpou o presidente Sérgio Sette Câmara e o diretor de futebol Alexandre Mattos pelo conflituoso fim de relacionamento com o clube que defendia desde 2018.

“Quando você não está nos planos do treinador, isso faz parte do futebol. Tenho 20 anos de carreira profissional e sei que é assim. Mas a forma que eu fui tratado, né... A gente tem diretor de futebol, presidente, que poderia ligar para mim diretamente, não sou nenhum garoto, nenhum menino, sou um cara realizado, com 20 anos de profissional, cara de sucesso, sempre fui muito querido por todos por onde eu passei. Isso é uma marca que carrego comigo, de um cara sério, de trabalho, de grupo, que se doa, que trabalha, que é exemplo”, disse.

Por meio da assessoria de comunicação, o departamento de futebol do Atlético comentou as declarações de Ricardo Oliveira: "Tudo foi comunicado ao representante e advogado dele. Um deles inclusive disse que não precisava incomodar o atleta que estava na fazenda".

Segundo o atacante, faltou “dignidade” aos dirigentes. Ricardo relatou que não recebeu nenhuma ligação de Sette Câmara ou Mattos para formalizar a dispensa. O centroavante também desabafou sobre ter sido excluído da folha de pagamento do Atlético - mesmo com contrato em vigor até dezembro de 2020, à época - e do grupo de WhatsApp do elenco.

“Como assinamos um contrato e eu, sabedor dos meus direitos, não tive nenhum profissional do clube à minha disposição, muito menos a dignidade do diretor de futebol e até mesmo do presidente, para me ligar, de homem para homem, e falar assim: ‘O Ricardo, o treinador ou nós da diretoria não contamos com você. Vamos buscar uma saída, o que for melhor para você e para o clube. Mas você sabe como é o futebol, o treinador não quer, nós não queremos, vamos fazer uma reformulação no elenco’. Enfim, falar alguma coisa. Mas ninguém fez isso comigo”, disse.

“Como se não bastasse, eu fui excluído do grupo de WhatsApp do time, ninguém me deu nenhum respaldo nesse sentido para eu fazer meus treinamentos, ninguém me ligou neste período todo”, disse.

“A orientação era para eu ficar em casa, treinando em casa, e aguardando uma segunda ordem. Essa segunda ordem nunca veio por parte de ninguém. E aí, como se não bastasse isso, eu fui excluído da folha salarial. Os meus companheiros recebiam os seus vencimentos, e eu não recebia os meus. Fui cortado o direito de imagem, fui cortado a CLT. Ou seja, não recebi absolutamente nada”, prosseguiu.

Ricardo Oliveira soube que não fazia mais planos de Sampaoli e da diretoria por meio de mensagem justamente no grupo que jogadores e parte da diretoria mantém no WhatsApp. Ele recebeu o comunicado de que deveria seguir treinando em casa e cumprindo o cronograma estabelecido pelo clube durante a pausa das competições em decorrência da pandemia do novo coronavírus.

A gota d’água foi quando outros jogadores dispensados (mas que ainda possuíam contrato com o Galo) voltaram a treinar no CT, mas Ricardo Oliveira não. Diante desse cenário, o atacante acionou o clube alvinegro na Justiça do Trabalho, em ação para cobrar valores atrasados (no total de R$ 3.737.450,00) e pedir a rescisão contratual (conseguida por meio de liminar).

“Eu não recebi. Esperei pacientemente para a gente chegar a um acordo. O que eles me propuseram estava totalmente longe daquilo que era o ideal. Eu não aceitei esse acordo. Por tudo o que aconteceu, acabei indo atrás dos meus direitos”, completou.

Ricardo Oliveira foi contratado pelo Atlético no fim de 2017, após três anos defendendo o Santos. Pelo clube mineiro, marcou 37 gols em 110 jogos e participou da campanha do título estadual desta temporada. Atualmente, não tem contrato com nenhuma equipe.

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