CRUZEIRO 100 ANOS
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CRUZEIRO 100 ANOS

De Palestra a Cruzeiro: Niginho foi primeiro ícone da história celeste

Leonízio Fantoni marcou época na era pré-Mineirão como artilheiro e treinador

postado em 22/12/2020 06:00 / atualizado em 22/12/2020 00:41



(Foto: Arquivo EM)
De família intimamente ligada à fundação do Cruzeiro, então Palestra Itália, Leonízio Fantoni, o Niginho, é o terceiro maior artilheiro da história do clube, com 210 gols em 280 jogos, atrás apenas de Tostão e Dirceu Lopes na artilharia celeste. Ele iniciou sua trajetória no futebol em 1926, com apenas 14 anos, para integrar a equipe juvenil do clube do coração. No time principal já se destacavam o irmão mais velho, Ninão (João Fantoni), e o primo, Nininho (Otávio Fantoni).

Niginho assumiu a titularidade do Palestra a partir de 1930 e conquistou seis títulos mineiros: 1930, 1940, 1941, 1943, 1944 e 1945. Em uma época em que não havia torneio nacional, o artilheiro se destacou localmente, sendo o cruzeirense que mais fez gols em clássicos: 26 no Atlético, 46 no América e 20 no Villa Nova. Em 1931, foi inclusive artilheiro do time no Campeonato Mineiro, com 15 gols.

A fome de gols fez Niginho ganhar os apelidos de Menino Metralha e Tanque, tamanha a força que tinha para romper as defesas adversárias. O talentoso mineiro de Belo Horizonte chamou atenção da Lazio, de Roma, clube para o qual se transferiu em 1932. No futebol italiano, o jovem jogador de 20 anos manteve o alto nível das atuações. Em partida contra o Milan, por exemplo, marcou quatro gols.



A trajetória de Niginho na Itália foi interrompida em 1935. Por ter dupla nacionalidade, o astro foi convocado para integrar as tropas fascistas de Benito Mussolini na invasão da Abissínia, região africana onde estão hoje a Etiópia e a Eritreia. Sem qualquer interesse pela carreira militar, o atacante voltou ao Brasil com consentimento da Lazio e concluiu sua passagem pelo futebol italiano.

Sem que a Lazio soubesse, o atacante se transferiu para o Palestra Itália de São Paulo em 1936 e foi campeão paulista sobre o Corinthians. Nas três partidas das finais, marcou dois gols. Niginho retornou a Belo Horizonte, mas o Palestra mineiro não tinha forças para segurá-lo em meio a tanto assédio. O destino seguinte do Tanque foi o Vasco da Gama. Logo na estreia fez dois gols no empate por 3 a 3 com o Flamengo.

No Rio de Janeiro, Niginho seguiu com a fama de ‘matador’. Foi artilheiro do Estadual de 1937, pouco depois de ter se tornado o primeiro palestrino convocado para a Seleção Brasileira. Sob o comando do técnico Ademar Pimenta, esteve na Copa do Mundo de 1938, na França, mas não atuou, até por pressão dos italianos, então campeões mundiais, que alegavam que ele ainda tinha contrato com a Lazio.

Emprestado pelo Vasco em fevereiro de 1939, Niginho iniciou a terceira passagem pelo Palestra Itália de Minas com três gols em goleada por 4 a 0 no clássico contra o Atlético. Assim, convenceu a diretoria a recomprar o seu “passe” em definitivo Desde então, Leonízio Fantoni nunca mais deixou a agremiação do coração.

Em 1942, um decreto do então presidente Getúlio Vargas proibiu, no Brasil, símbolos de nações inimigas na Segunda Guerra Mundial, como era o caso da Itália. Logo, o Palestra Itália passou a se chamar Ypiranga em homenagem à Independência do Brasil. Niginho marcou o único gol do clube sob a alcunha, em derrota para o rival Atlético. Pouco depois, os diretores decidiram que a agremiação passaria a se chamar Cruzeiro Esporte Clube.

Niginho foi artilheiro dos Mineiros de 1940, com 12 gols, e de 1945, com 14.

(Foto: Arquivo EM)


Depois de se retirar dos gramados, no fim de 1947, Niginho assumiu o comando técnico do Cruzeiro. Com 256 jogos (145 vitórias, 58 empates, 53 derrotas), ele é o terceiro treinador que mais comandou a Raposa, superado apenas por Ilton Chaves (362) e Levir Culpi (257). Na função, foi tricampeão mineiro 1950/60/61. 

Coube a Niginho, principal ídolo do clube na era pré-Mineirão, lançar outro ícone da história centenária do Cruzeiro: Pelas mãos dele, Tostão chegou ao profissional com 16 anos.

Niginho morreu em 5 de setembro de 1975, aos 63 anos. 

(Foto: Arquivo EM)

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