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Dario lembra os bastidores de um time que não era o favorito e arrancou para o título

Palmeiras, Botafogo, Santos e Cruzeiro eram mais badalados, segundo o ex-atacante

postado em 19/12/2011 08:30 / atualizado em 19/12/2011 14:02

Arquivo/Estado de Minas

A campanha do Atlético para o título envolveu três fases no Campeonato Brasileiro, dentro do regulamento da temporada 1971. Ainda no início da disputa, o clube mineiro não era apontado como um dos postulantes ao primeiro lugar.

Segundo o ícone daquela campanha, Dadá Maravilha, outras equipes eram apontadas como as favoritas. “Tinha o Palmeiras, de Ademir da Guia, Santos, de Pelé, Botafogo, de Jairzinho e até o Cruzeiro era muito mais comentado do que o Atlético”, afirma.

O folclórico camisa 9 resolveu, então, chamar a atenção para o Galo, no que de melhor sabe fazer, além dos gols. “Foi uma campanha feita de loucuras. O Atlético não era citado entre os favoritos nem de longe. A partir disso, eu comecei a brincar com o grupo que eu ia ser o artilheiro e a turma toda me gozava. Falei isso para a imprensa e o Osvaldo Faria (radialista da época) disse que teriam que furar os dois olhos e cortar as duas pernas do Pelé para isso acontecer”, conta Dario.

Jair Amaral/EM/D.A Press
As brincadeiras do atacante não pararam por aí. “Eu comecei a fazer mais palhaçada para movimentar o Atlético. Falei que, além de artilheiro, seria campeão. O Kafunga quase me expulsou de Belo Horizonte por causa disso. Eu gostei da brincadeira e, por fim, falei que ia ser artilheiro, campeão e ainda faria o gol do título (risos)”.

O Atlético terminou a primeira fase já mostrando força, mostrando que as palavras de Dadá poderiam virar realidade. Com 23 pontos, o clube de Telê ficou em segundo lugar do Grupo B, com a mesma pontuação do Grêmio.

Na segunda fase, 12 clubes foram divididos em três grupos e o campeão de cada um passaria para o triangular final. Foi nesta etapa que houve uma vitória simbólica para o grupo alvinegro, que garantiu confiança para arrancar rumo ao título.

“Estávamos no mesmo grupo de Santos e Internacional. Teve uma partida na qual fomos derrotados por 2 a 1 para o time do Pelé, com show de bola dele. Saímos arrasados de campo, desmoralizados. Mas nos superamos no jogo seguinte, contra o Inter, em Porto Alegre. Foi um 4 a 1 que deu confiança para o grupo. No aeroporto, depois do jogo, eu já falei para a imprensa que tinha certeza de que seríamos campeões. Ninguém ia segurar mais o Atlético”, recorda o artilheiro.

O Galo foi o campeão do seu grupo e chegou ao triangular. Com vitórias ante São Paulo e Botafogo, sagrou-se campeão brasileiro. O gol do título, profetizado por Dario, virou realidade, após cruzamento de Humberto Ramos, no Maracanã.

O camisa 9 do Galo foi o artilheiro daquela edição do Brasileiro, com 15 gols. O azarão ficou com o caneco e Dadá se consolidava como grande jogador e personagem folclórico do futebol nacional.

Soraia Piva/ Superesportes


Entre o orgulho e a tristeza

Um sentimento positivo e um negativo podem se misturar no peito da geração campeã de 1971. Por um lado, há o orgulho por ser o grande time da história do clube, responsável pela maior alegria dos torcedores alvinegros.

Por outro, a tristeza por não dividir tal honraria com nenhum outro grupo de jogadores, que já tiveram chances de igualar a façanha de Dadá, Humberto, Oldair, Telê e companhia, mas não conseguiram.

“Fico com a segunda opção, da tristeza. Reinaldo foi um jogador extraordinário e, para mim, o melhor da história do clube. Ele não conseguir um título como esse é uma injustiça. Mas, se Deus me coroou com isso, fico feliz também. Contudo, queria dividir esse feito com Reinaldo e também Guilherme, que jogava demais e foi exepcional. São duas gerações que mereciam o título brasileiro”, afirma.

Relembre o gol de Dario contra o Botafogo em 1971



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