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Comitiva esperança

Galo é recepcionado por seus torcedores e por argentinos fãs de Ronaldinho Gaúcho

postado em 25/02/2013 08:43 / atualizado em 25/02/2013 10:19

Roger Dias
Buenos Aires – Do saguão do aeroporto de Ezeiza, na Grande Buenos Aires, até o ônibus da delegação do Atlético, foram 10 minutos de muito tumulto e empurra-empurra. Por tudo o que representa no futebol mundial, Ronaldinho Gaúcho foi o mais procurado pelos torcedores no desembarque da delegação do Galo na Argentina, na noite de domingo. Nesta terça-feira, o alvinegro enfrenta o Arsenal, de Sarandí, às 21h50 (de Brasília), no Estádio Julio Grondona, pela segunda rodada do Grupo 3 da Copa Libertadores.

A chegada da equipe foi acompanhada por pelo menos 20 torcedores. Vestindo a camisa da Seleção Brasileira, o estudante Fernando Gómez, de 16 anos, torcedor do San Lorenzo, foi ao aeroporto especialmente para receber o ídolo: “Eu o acompanho desde criança, quando ele jogava no Barcelona. É um momento único vê-lo de perto. É um ídolo mundial, sobretudo por cobrar faltas tão bem”. Ronaldinho agradeceu o apoio dos fãs: “É muita satisfação ver tanta gente correndo para me ver. Quero corresponder esse carinho com grande atuação”.

Alguns hermanos chegaram a compará-lo a Diego Maradona. “É um jogar extremamente habilidoso. Um grande jogador”, foram os comentários mais ouvidos. Hoje, às 19h15, o time de Cuca vai treinar à noite no Estádio El Viaducto, local do confronto.

A expectativa da viagem do alvinegro para a Argentina começou cedo, ainda em BH. Antes mesmo de o dia clarear, torcedores do Atlético já faziam barulho no saguão do aeroporto de Confins. Eles faziam parte de um grupo que partiria logo pela manhã para a cidade portenha, para acompanhar o jogo. Devidamente trajados com a camisa do Galo, fizeram do voo de pouco mais de quatro horas uma verdadeira festa.

O primeiro grito de incentivo dessa turma, formada por mais de 30 torcedores, foi dentro do avião. Eles entoaram o hino do clube e estenderam um bandeirão pelo corredor da aeronave. Enquanto isso, um ajudante de bordo que se declarou cruzeirense falou baixinho: “Para que isso tudo? O Galo vai viajar para perder feio”. Ele não foi notado e escapou de polêmicas.

O médico Thiago Pidner, de 34 anos, levou faixas e camisas para animar os companheiros de viagem. Além de assistir ao jogo do Galo, ele aproveitará o passeio para conhecer pontos turísticos de Buenos Aires, como a Feira de San Telmo, o Obelisco e os estádios Monumental de Núñez (River Plate) e Bombonera (Boca Juniors). “Vamos levar três pontos na capanga. Estamos confiantes e animados. Vai ser uma viagem muito feliz, digna de um campeão”.

Depois dos incidentes no jogo do Corinthians diante do San José, de Oruro (BOL), no qual o torcedor Kevin Douglas Beltrán foi atingido por um rojão e morreu, os atleticanos ficaram com receio de serem hostilizados pelos argentinos. Mas prometeram se comportar bem e apenas torcer. “Agora está tudo tranquilo, pois há mais organização. Todos estão sabendo que viemos prestigiar o Galo e nada mais. São 13 anos fora da Libertadores e agora é hora de curtir”, avisou o administrador Gustavo Drummond, de 32 anos.

CALDEIRÃO Numa pequena bagagem, o dentista Daniel Morato, de 33, levou tudo que pretendia usar na véspera e no dia do jogo: cinco camisas do Galo, 20 bandeiras, máscaras de Ronaldinho e Jô e cornetas. Ele disse que andaria em Buenos Aires apenas vestido com o uniforme alvinegro. “Vamos fazer do estádio do Arsenal um verdadeiro caldeirão. Vai ser um grande jogo. Estamos preparados para torcer muito”. Foram reservados 2,8 mil ingressos para a torcida do Atlético e são esperados pelo menos 1,5 mil atleticanos na Argentina.

O médico Leonardo Morato, de 36, disse que a viagem à Argentina foi tranquila, mas afirmou temer atos de violência quando o Atlético for à Bolívia enfrentar o Strongest, no mês que vem – o Galo será a primeira equipe brasileira a atuar no país depois do acidente envolvendo os corintianos. “Os nervos dos bolivianos estão exaltados. Se este jogo fosse lá, eu não iria”, destacou.

O empreiteiro Éder Costa, de 30, afirmou que trabalhou dobrado para ter direito aos dias livres para a viagem: “Dobrei o horário no carnaval e agora vou ter essa folguinha boa. Espero que o time corresponda ao nosso incentivo”.

No voo dos atleticanos havia até um torcedor do Boca Juniors. “Como o Arsenal não tem tanta tradição, acredito que os brasileiros vão ganhar fácil”, disse Élvio Gomes, que veio ao Brasil para conhecer o Rio de Janeiro e São Paulo e estava retornando para casa.

RESPEITO AO ALVINEGRO
O confronto desta terça-feira será muito importante para o Arsenal , que perdeu para o Strongest em La Paz, por 2 a 1 na estreia. O técnico Gustavo Alfaro considera o Atlético um dos favoritos ao título, por isso, mantém um discurso respeitoso com relação ao time de Cuca: “Ficamos em um grupo muito complexo, com dois brasileiros fortes, Atlético e São Paulo. Eles têm muitas chances de ganhar a Copa. E ainda tem a altitude de La Paz”. Alfaro destaca, no entanto, que o triunfo por 2 a 1 sobre o Argentinos Juniors, pelo Campeonato Argentino, melhorou a autoestima dos jogadores. O técnico comandará dois treinos antes da partida e aguarda a liberação do zagueiro Braghieri e do armador Nico Aguirre, que estão em tratamento.