'Vira a casaca'? Jogadores que atuaram por Cruzeiro e Atlético analisam chegada de Fred
Em entrevista ao Superesportes, ex-jogadores dos clubes mineiros falaram sobre suas experiências, rivalidade em BH e opinaram a respeito do novo atacante do Alvinegro
Procópio Cardoso foi ídolo no Cruzeiro e depois se transferiu para o Atlético: 'Pra mim é a mesma coisa'
O termo 'vira a casaca' é bastante usado no universo do futebol. Tal expressão remete àqueles jogadores que trocam o seu clube pelo rival regional. Em Minas Gerais, essa situação ocorreu diversas vezes com jogadores de Atlético e Cruzeiro. O caso mais recente é o de Fred. O atacante, que atuou com sucesso pelo clube celeste nos anos de 2004 e 2005, acaba de se transferir para o Galo.
Quais as consequências dessas 'trocas'? Essa pergunta guiou o Superesportes em entrevistas com os ex-jogadores Procópio, Boiadeiro, Palhinha, Nelinho e Marcelo Djian, que defenderam Cruzeiro e Atlético no passado.
Procópio jogou no Cruzeiro nos períodos 1959/61 e 1973/74 e no Atlético em 1962/63 e 1966/68
Procópio
"Foram duas vezes que eu fui e voltei. Para mim, é a mesma coisa (atuar pelos dois clubes), é ser profissional. Não tem que pensar que vai ser constrangido ou vai sofrer retaliações. Tem que ter personalidade e confiança. No caso do Fred, acho que vai ser a mesma coisa, e também vai depender dele. Em clássicos, eu tinha mais vontade de ganhar ainda, tanto no Cruzeiro quanto no Atlético".
Boiadeiro
Boiadeiro jogou no Cruzeiro entre 1991 e 1993 e no Atlético nos anos de 1998 e 1999
"Não foi tão polêmico, porque eu já tinha saído do Cruzeiro há um bom tempo. A torcida sempre me aceitou bem, no Atlético e no América também. Não é porque saí do Cruzeiro que estou desprezando o Cruzeiro, que não tenho carinho pelo Cruzeiro. Claro que tem toda a rivalidade. Mas, não posso deixar de saber que minha maior história foi no Cruzeiro, onde conquistei mais títulos. No Atlético, eu não tive uma grande passagem em termos de futebol. Eu disputei só um Brasileiro. Queria ter tido uma passagem boa pelo Atlético. Acho que o Fred tem toda a capacidade, é um artilheiro nato. Se ele vai se encaixar, depende muito do esquema. Mas, acho que ele tem tudo e vai dar certo. Porém, infelizmente, se não der certo, a torcida vai sempre crucificar. Mas, acho que a torcida vai ter essa paciência, nem vão pensar nisso (criticar)".
Palhinha
Palhinha jogou no Cruzeiro em 1969/1976 e 1983/84; no Atlético, atuou entre 1980 e 1882
"Eu não fui direto (para o Atlético). Eu fui para o Corinthians antes e, em 80, eu voltei pro Atlético. Naquela ocasião, o Atlético tinha uma meninada muito nova: Reinaldo, Éder, Toninho. E o diretor daquela época achou que deveria trazer jogadores experientes: eu e o Chicão. A aceitação foi boa, eu sempre fui um jogador de raça e vontade. Caí bem nas graças do torcedor. Depois do Atlético, fui para o Santos e depois voltei para o Cruzeiro. Normalmente, o torcedor compreende que a gente é profissional, muitas vezes a gente não escolhe. Houve a transferência. Tive a felicidade de jogar nessas grandes equipes. Aquele time de 80 era muito bom. Sobre o Fred, acho que o Cruzeiro perdeu. Devia ter contratado ele o mais rápido possível, pois está precisando de um grande jogador. Ele é um grande jogador, um dos melhores do país. Torcedor sabe que ele é profissional, vai respeitar, porque ele dará o seu melhor com a camisa atleticana."
Nelinho
Nelinho jogou no Cruzeiro em 1973/1980 e 1981/82; pelo Atlético, entre 1982 e 87
"Acho uma ótima (Fred no Atlético). Eu passei por isso quando eu saí do Cruzeiro e fui para o Atlético. A maior motivação que eu adquiri foi a de que eu teria que jogar no Atlético o que eu joguei no Cruzeiro, ou até mais. Então, o Fred, saindo do Fluminense e chegando aqui em Minas Gerais, com certeza ele estará cheio de motivação. Vai se cuidar para caramba, vai chegar aqui igualzinho o que aconteceu com 'R10', que muita gente não acreditava. Ele se motivou, se cuidou e foi o que foi. Acho que o Fred vai trazer muita coisa boa para o Atlético e torço para que isso aconteça."
Marcelo Djian
Marcelo Djian jogou pelo Cruzeiro em 1998/2001; no Atlético, atuou em 2002
"Fiquei quatro anos no Cruzeiro e um no Atlético. Não tive nenhum problema, já tinha trabalhado com o Levir no Cruzeiro, e quando ele foi para o Atlético, ele me convidou. Eu fiquei meio receoso para saber como seria a reação da torcida. No caso do Fred, acho que é mais simples, porque ele saiu do Cruzeiro e foi para outros clubes.. Era mais complicado minha situação, quando fui direto. O Cruzeiro tinha me chamado para conversar para rescindir contrato e coincidiu com a época que o Levir me convidou. O Levir tinha um receio que a diretoria não ia me liberar para o Atlético. Mas, foi bem tranquilo. Me dei muito bem com o Cruzeiro, no Atlético também. A torcida do Cruzeiro comparecia bastante, a do Atlético comparece muito. Em questão de torcida, sempre joguei com estádios cheios."