
O Galo publicou uma nota de pesar pelo falecimento do ex-atleta.
“O Atlético lamenta o falecimento de Hector Cincunegui. Campeão Brasileiro em 1971, o lateral esquerdo uruguaio vestiu a camisa do #Galo entre 1968 e 1973. Cincunegui faleceu na noite desta quinta-feira, em Montevidéu, no Uruguai. Nossos sentimentos aos familiares e fãs do atleta que tanto honrou a camisa do Clube Atlético Mineiro”.
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Fernando, em entrevista ao Superesportes em 2015, explicou com detalhes o episódio: “Ele voltou do estádio, e ficou deitado na cama em casa. Quando minha mãe chamou para comer, ele não queria levantar. Quando cheguei em casa, ele me disse que não tinha nada, disse que estava com dor de cabeça. Minha mãe trouxe um café, mas ele não conseguia sair da cama, estava paralisado. Rapidamente, chamei um médico. Depois de um tempo no hospital , o médico disse que era um derrame. O cerebelo ficou espremido pelo sangue e tinha que passar por uma operação”, contou.
A cirurgia foi um sucesso, e Cincunegui se recuperou bem, tomando uma medicação prescrita pelos médicos. Depois de um tempo, contudo, as sequelas se potencializaram. "Acredito que por causa da medicação ele começou a sentir os resultados da doença. Ficou duro, com muita dificuldade de locomoção, faz muita força para poder caminhar, pegar uma coisa qualquer. Outro problema é que ficou muito quieto, sem se comunicar bem. Até hoje ele tem muita dificuldade de reconhecer as pessoas", afirmou o filho do ex-jogador, em depoimento no ano passado.
Passagem pelo Atlético
Em depoimento ao Superesportes, Fernando disse que o pai sempre contava, saudoso, dos tempos em que jogou no Atlético. Com quase 200 jogos com camisa alvinegra, Cincunegui brilhou em Minas Gerais entre 1968 e 1973. Segundo o Galo Digital, ele foi comprado ao Nacional, do Uruguai, por 40 mil dólares. O lateral-esquerdo compunha o elenco da equipe campeã do Campeonato Brasileiro de 1971.
"Ele lembrava com muito carinho do Brasil, sobretudo, do Galo. Ele jogou no Náutico também, mas falava mesmo era do Galo. Ele brincava e dizia sempre que era como Roberto Carlos, que tinha 'um milhão de amigos' no Brasil", relembrou Fernando. Em Minas Gerais, muito se falava sobre a vida boêmia do ex-jogador. Uma edição da revista Placar confirma essa fama: “Como adorava a noite, foi dispensado pelo técnico Yustrich, mas voltou ao time a pedidos do povão”, publicou, citando o treinador linha dura Dorival Knipel, o Yustrich. Autoritário, o comandante não perdoava atrasos e nenhum tipo de desobediência ou enfrentamento por parte dos jogadores.
Cincunegui e Yustrich tinham uma relação conturbada. Certa vez, o uruguaio retardou seu retorno a Belo Horizonte, sendo duramente criticado pelo treinador. As cobranças eram tantas que os dois protagonizaram cenas de discussões ásperas. Yustrich deixou o Galo em 1969, aliviando a situação do uruguaio.
O curioso é que no mesmo ano em que sofreu o AVC, Cincunegui esteve em Belo Horizonte pela última vez. Em agosto de 2006, ele visitou a capital mineira, reencontrou antigos amigos, caso do ponta-direita Natal, ex-jogador do Cruzeiro. Eles protagonizaram grandes duelos em clássicos no Mineirão. O uruguaio aproveitou para passar no Bar do Salomão, sendo homenageado pelos atleticanos em um dos mais tradicionais redutos alvinegros da capital.
Durante os jogos da Copa Libertadores, que são transmitidos no Uruguai, Fernando disse que sempre conversava com o pai, buscando resgatar memórias. "Sempre digo: 'pai, olha o Galo na TV, olha a camisa alvinegra, lembra?' Ele ri, mas não sei se ele realmente entende", contou Fernando.
As maiores conquistas da carreira de Cincunegui foram logradas no Atlético: o Brasileiro de 1971 e o Mineiro de 1970. Na Seleção Uruguaia, Cincunegui foi campeão Sul-Americano em 1964 e disputou a Copa do Mundo da Inglaterra, em 1966.