
Chegou ao fim, no último sábado, a trajetória de Fillipe Soutto no Atlético. O volante chegou ao clube em 1996, com apenas cinco anos, e ficou por 20 anos. Foram 63 jogos com a camisa do Galo e três gols marcados.
Fillipe Soutto estreou em 2010, mas viveu seu grande momento no clube em 2011. Naquela temporada, fez 35 partidas, marcou dois gols e conquistou prêmios individuais de revelação e melhor volante do futebol mineiro. Porém, em 2012, as chances minguaram, mesmo com apelo da torcida para que ele seguisse no time titular.
Um dos fatores preponderantes para o não aproveitamento de Soutto foi a chegada de Leandro Donizete, jogador de confiança do então técnico do Galo, Cuca. O volante chegou do Coritiba como desconhecido e, após passar por período de adaptação, encerrou sua passagem pelo clube como ídolo.
Soutto deixa o Atlético com um pequeno sentimento de injustiça. Em entrevista ao Superesportes, ele disse que deixou o time sem maiores justificativas e não voltou a receber chances, mesmo com boas atuações no ano anterior.
“De certa forma, me sinto injustiçado. Vários jogadores tiveram muito mais chances do que eu. Não me lembro de ter jogado abaixo da média quando joguei, nenhum jogo em que me destaquei negativamente, com erros. Acho que não deveria ter poucas chances depois do ano de 2011 que fiz”, disse.
Durante o bate-papo, Soutto revelou que, mesmo após boas atuações por onde estava emprestado, voltava ao Galo para treinar separadamente do grupo principal. O jogador, no entanto, tentou evitar falar de coisas ruins e relembrou os grandes momentos no Atlético. O volante também falou sobre o futuro - está próximo de acordo com o RB Brasil para a disputa do Campeonato Paulista.
Confira abaixo a entrevista de Fillipe Soutto
O início no Galo
Eu comecei bem cedo no Atlético, aos cinco anos. Era um sonho de criança ser jogador de futebol. Foi muito importante para mim iniciar minha carreira na escolinha do Labareda e ter conseguido chegar ao profissional. Talvez, se eu não tivesse ficado no Atlético durante todo esse tempo, eu nem teria me tornado jogador de futebol, porque dificultaria muito morar longe da família, ficar em concentração. O Atlético é o clube do meu coração, minha família é toda atleticana e realizei um sonho de todos ao vestir a camisa do Atlético. Sou grato por conseguir isso. Passei por todas as categorias do clube, sempre batalhando, pois nunca fui unanimidade dentro do clube. Ter chegado ao profissional, na forma como foi, foi gratificante. Joguei em momentos difíceis, o time não estava bem, e acabei me destacando. Depois, participei do elenco vice-campeão Brasileiro em 2012, campeão Mineiro invicto naquele ano. Participei um pouco da Copa do Brasil e da Recopa, em 2014. Eu vi e vivi a transformação que o Atlético passou nos últimos tempos. São lembranças que nunca vou esquecer, ficarão guardadas num cantinho no meu coração.
Falta de chances
É difícil falar do motivo que eu não emplaquei. Quando tive oportunidade, consegui jogar e tive sequência, ganhei prêmios. Mas faltou oportunidade, uma sequência que foi dada para outros jogadores, e que, depois de 2011, eu nunca mais tive. Eu atribuo principalmente a isso. Claro que não estou passando minha responsabilidade para ninguém. Todo jogador tem que assumir sua parcela, mas infelizmente no futebol a gente não depende só do nosso trabalho, depende da escalação do treinador que aposte e confie, e de uma diretoria que queira a permanência no time.Infelizmente não aconteceu comigo, faltou sequência, que a torcida esperava. O ano de 2011 foi turbulento e eu consegui jogar bem, me destacar no meu primeiro ano como profissional, mas não tive chances em 2012 e nem nos outros anos. Acabei sendo emprestado para alguns clubes, me destaquei e, quando eu voltava, sequer tinha uma chance de lutar por vaga no time. Acho que faltou isso. Mas é vida que segue. O contrato acaba e eu quero guardar apenas as boas lembranças. O que não foi bom, eu vou pegar como lição para levar para o resto da minha vida.Injustiça?
De certa forma, me sinto injustiçado. Vários jogadores tiveram muito mais chances do que eu. Não me lembro de ter jogado abaixo da média quando joguei, nenhum jogo em que me destaquei negativamente, com erros. Acho que não deveria ter poucas chances depois do ano de 2011 que fiz.Apoio do torcedor
Falar de injustiça é muito difícil. Fico feliz por ter agradado o torcedor quando entrei em campo. Fica a cargo do torcedor julgar se houve injustiça ou não. Costumo dizer que, da minha parte, não faltou profissionalismo, entrega, respeito ao clube. Sempre busquei fazer o meu melhor, até pelo que significa o Atlético, pela magnitude e grandeza desse time. Nunca faltou caráter, sempre quis dar o meu melhor. Sinto essa injustiça, mas tento não colocar isso em evidência quando vou falar da minha história no Atlético, isso é mais para o torcedor julgar, falar. Como atleta, eu tento lembrar das coisas boas e aprender com as ruins.
Grandes momentos no Galo
Foram momentos mágicos no Atlético. Sou um cara muito abençoado, muito realizado. Realizei sonhos que milhões de crianças queriam, como jogar com o Ronaldinho, disputar grandes campeonatos. Mas acho que o gol contra o Cruzeiro me marcou muito. Foi no meu primeiro ano como profissional, primeiro gol no time principal e foi contra o nosso maior rival. É um jogo diferente, extraordinário. Foi um gol muito bonito, minha família estava no estádio vendo aquele gol. Nem nos meus melhores sonhos eu esperava fazer o meu primeiro gol nessa atmosfera, da forma como foi, um gol lindo como aquele. Foi um gol marcante. Além disso, consegui troféus ao fim do ano como revelação, melhor volante do ano. Não conseguia vislumbrar algo tão grande como foi naquele ano antes de começar como profissional.Sequência de empréstimos
