Reforço do centenário do Galo é destaque do Sport Boys: "Fiz golaço no Maracanã"

José Alfredo Castillo Parada, ou simplesmente “Castillo com dois éles”, como dizia o famoso locutor Willy Gonser, vai voltar a pisar em território mineiro. Nove anos depois de defender o Atlético, no ano do centenário do clube, o atacante boliviano retorna a Belo Horizonte, agora como adversário do Galo. Ele é o principal nome do ataque do Sport Boys, time de Warnes, cidade próxima a Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, rival do Alvinegro nesta quinta-feira, às 19h30, no estádio Independência, pela Copa Libertadores.
 
Em entrevista ao Superesportes, Castillo, hoje com 34 anos, lembrou da rápida passagem pelo Atlético em 2008, quando o clube completou 100 anos. Teve a honra de ser apresentado justamente no dia do aniversário do Galo, momentos antes do duelo festivo contra o Peñarol, no Mineirão.
 
“Me lembro muito bem daquele dia. Fui apresentado no aniversário do clube, ao lado do Petkovic. Foi um momento muito feliz. É como um sonho novamente jogar no Brasil, voltar a Belo Horizonte, um sentimento muito bonito enfrentar o Atlético”, disse El Pícaro, como é conhecido o atacante.
 
Passada a festa do centenário, Castillo viveu dias complicados com o clube. O que seria uma temporada de comemoração se transformou em dias de tensão, com resultados ruins em campo e crise política no Atlético. Ziza Valadares renunciou ao cargo de presidente em setembro daquele ano.
 
“Fiquei um pouco triste pela campanha, houve troca de presidente, futebolisticamente a equipe não foi como a torcida queria, foi um ano ruim para o clube”, relembra o boliviano, que lamenta ainda ter a sequência no time interrompida com o fim do contrato de empréstimo. “Quando eu estava me encaixando na equipe, jogando como titular, fazendo gols, terminou o campeonato. Havia a possibilidade de ficar mais um ano, porém o clube que detinha meus direitos, o Estudiantes Tecos (MEX), não liberou”.
 
Foram 23 jogos com a camisa alvinegra e três gols, um deles, o primeiro, especial. No dia 11 de outubro de 2008, no Maracanã, Castillo pegou de primeira, da entrada da área, no ângulo superior direito da meta defendida pelo goleiro Bruno. “Para mim, foi o gol mais bonito da minha carreira, sempre vou levar em minha mente. Fiz um golaço no Maracanã.”
 

Vida nova para o Atlético e Castillo

 
Depois de 2008, novos ares foram respirados por Atlético e Castillo. O Galo, sob o comando de Alexandre Kalil, se reestruturou. Conquistou a Copa Libertadores, a Copa do Brasil, emplacou série de participações no principal torneio de clubes da América. De longe, Castillo acompanhou a transformação atleticana.
 
“Acredito que, depois de 2008, o Atlético teve um presidente que confirmou o clube entre os grandes da América Latina, foi campeão da Libertadores, está sempre entre os melhores do continente. A gente tem acompanhado o time, com muitos jogadores experientes, como o Robinho, vem brigando por campeonatos, como o Brasileirão.”
 
Não foi só o Galo que fez história. Castillo também. O atacante escreveu de vez seu nome no futebol boliviano. Em fevereiro, contra o Nacional Potosi, ele se tornou o quarto jogador na história a fazer 200 gols na Liga Boliviana. Antes dele, Víctor Hugo Antelo (350 gols), Juan Carlos Sánchez (263 gols) e Fernando Salinas (203 gols) superaram a marca. “Alcancei esse posto, agora já tenho 204 gols. É um motivo de agradecer a todos.”
 
E o Sport Boys, pode surpreender o Atlético no Independência? “Historicamente é difícil, mas futebolisticamente os tempos mudaram. O favorito tem de mostrar em 90 minutos. O futebol está nivelado na maioria da América do Sul. Será uma linda partida, e difícil. Vamos trabalhar por uma boa apresentação. Depois, veremos o que vai acontecer. O sonho de todos no clube é avançar na Libertadores, mas sabemos das dificuldades. Vamos partida por partida”, diz.
 
A equipe de Warnes chegou à Libertadores como campeã do torneio Apertura de 2015, conquista que surpreendeu a muitos, já que o clube só atingiu a elite do futebol boliviano em 2013. “É um time com poucos anos no futebol profissional, apenas quatro anos. Tem o sonho de converter-se em uma equipe grande da Bolívia. Estamos em bom caminho, já conseguiu em tempo extraordinário um campeonato”, diz Castillo.