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Do alojamento da base para Cochabamba: 20 dias que mudaram a vida de Bremer no Galo

Zagueiro deve ser titular contra o Jorge Wilstermann pela Libertadores

postado em 04/07/2017 17:23 / atualizado em 04/07/2017 17:47

Bruno Cantini/ Atlético

No dia 16 de junho, Bremer era mais um jogador que festejava a conquista da Copa do Brasil Sub-20 com o Atlético. Cheio de planos, como todo jovem, ele só não imaginava que as próximas semanas mudariam de vez sua vida no clube. O zagueiro ganhou espaço no profissional, disputou um clássico com o Cruzeiro e foi o único campeão com o time júnior a entrar na lista de trocas do Galo para as oitavas de final da Copa Libertadores. Mais do que isso. Bremer deve ser titular no duelo de ida contra o Jorge Wilstermann, nesta quarta-feira, em Cochabamba, na Bolívia.
 
Foram 20 dias agitados, com oportunidades batendo à porta. Não houve euforia, não teve empolgação. A palavra que move o defensor neste momento no Atlético é seriedade. “Tem que estar sempre preparado porque a oportunidade nunca avisa quando vai chegar. Então, cabe a nós estarmos preparados”, diz Bremer.


 
O aprendizado começou na Bahia. Ainda menino, ele precisou deixar Itapitanga, cuja população, 10.799 habitantes, é menor do que o público registrado no primeiro clássico contra o Cruzeiro disputado por Bremer. No domingo passado, o Independência recebeu 17.251 torcedores na vitória do Galo por 3 a 1.
 
“Minha cidade é pequena, tem poucas oportunidades. Eu tive de sair de lá aos 15 anos. Para querer alguma coisa, você tem de buscar essas chances longe da família. Eu jogava em uma escolinha, mas um conterrâneo meu, o Zé Silva, me levou para fazer testes no Desportivo Brasil, de São Paulo. Joguei, me destaquei e fui para o time do São Paulo, por empréstimo. Não deu certo, joguei pouco, mas fomos campeões de um torneio. O Atlético me viu e hoje estou aqui”, conta o jogador.


 
Bremer chegou ao Galo neste ano. Titular da equipe campeã da Copa do Brasil Sub-20, ele já vinha sendo observado pelo técnico do profissional, Roger Machado.
 
“O Bremer não é uma surpresa para mim. Uma das vantagens de o clube ter toda a sua estrutura junta, de ter suas categorias inferiores no mesmo espaço, é observar de muito perto os jogadores. A relação com o Ricardo (Resende, técnico do time sub-20) nos faz ficar muito atento com o que acontece. O Bremer, desde o primeiro treino comigo, já tinha mostrado qualidade. Então não tive receio, sabia que me daria essa resposta”, destaca Roger Machado.
 

Espelhos

 
Instagram Bremer
Bremer ainda mora na Cidade do Galo, no alojamento das categorias de base. A proximidade com ídolos como Leonardo Silva, Victor, Robinho e Fred traz referências sólidas para a construção da carreira do jovem zagueiro.
 
“Morando aqui, a gente vê esses grandes jogadores treinando. A galera da base sempre se espelha neles. Com essa chance, eu quero também ser um espelho para eles, para continuarem buscando a chance no profissional, para ficarem atentos e aproveitarem. O professor Roger está sempre olhando para os times da base”, diz.
 
O começo da trajetória no Atlético lembra muito os primeiros passos de outro zagueiro, também baiano, no time profissional do clube. Em 2014, Jemerson foi a solução encontrada por Levir Culpi para suprir as baixas de Réver e Edcarlos, lesionados, na decisão da Recopa Sul-Americana. Hoje, o campeão do torneio internacional, da Copa do Brasil e do Campeonato Mineiro, é titular do Monaco.
 
Bremer vai ocupar as lacunas deixadas após as contusões de Leonardo Silva, Felipe Santana e Erazo. O primeiro grande desafio, o clássico, foi superado. Agora, é a Libertadores. “Infelizmente, eles se machucaram. São baitas zagueiros. A oportunidade apareceu para mim”, diz. “Ansiedade até que não tem muita, já fiz dois jogos e a rapaziada, Robinho, Fred, Gabriel, Leonardo, sempre está falando comigo o que devo fazer. Não tem erro. É chegar lá e mostrar futebol.”

Entrar em campo nesta quarta-feira em Cochabamba será a realização de mais um sonho: “Jogo de Libertadores é diferente. Caso eu jogue, será meu primeiro jogo na competição, é um sonho que está se realizando. Sabemos a dificuldade do torneio, os jogos são truncados e muito disputado, esse não será diferente. Acompanhamos alguns jogos do Wilstermann na fase de grupos, eles arriscam bastante, então o cuidado precisa ser redobrado. Creio que faremos um bom jogo, estamos bem e confiantes, já são três vitórias consecutivas. Espero que quarta continuemos assim.”


 

Os 20 dias de Bremer

 
Dia 16 de junho - campeão da Copa do Brasil Sub-20.
 
Dia 21 de junho - volta olímpica no intervalo do jogo do Atlético contra o Sport, no Independência, pelo Brasileiro.
 
Dia 23 de junho - relacionado para a partida contra a Chapecoense, pelo Brasileiro.
 
Dia 25 de junho - com três minutos de jogo, contra a Chapecoense, o zagueiro Rodrigão sente uma lesão na parte posterior da coxa esquerda. Bremer entra e estreia no profissional.
 
Dia 2 de julho - Leonardo Silva sente fisgada na coxa direita aos três minutos do clássico com o Cruzeiro, surgindo nova oportunidade para o zagueiro.
 
Dia 3 de julho - Bremer é inscrito pelo Atlético na Libertadores.

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