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Serginho curte fase artilheira na Turquia, ressalta desejo de voltar ao Brasil, mostra gratidão ao Atlético, mas diz que ainda não recebeu medalha da Libertadores

Ex-jogador atleticano, de 31 anos, está no Akhisarspor, da Turquia

postado em 07/03/2018 06:30 / atualizado em 07/03/2018 08:19

Reprodução/Twitter Akhisarspor @Akhisarspor
Serginho, ex-jogador do Atlético, está em alta no futebol turco. O volante, de 31 anos, defende o Akhisarspor e vive fase artilheira no clube, algo que não está acostumado. Ele chegou à Turquia em agosto de 2017 e soma quatro gols em 22 partidas na sua temporada de estreia. O último foi na vitória sobre o Fenerbahçe, fora de casa, nesse domingo. O jogador, campeão da Copa Libertadores em 2013 pelo Alvinegro, conversou com o Superesportes sobre seu momento no time turco e seus tempos com a camisa do Galo.

Serginho fez 169 partidas pelo Atlético, clube que defendeu de 2007 a 2013 (no início de 2007, foi cedido ao CRB, onde ficou poucos meses), e seis gols marcados. O Akhisarspor, time de médio porte do futebol turco, está na 10ª colocação na liga nacional. Na Copa, é semifinalista. A alta média de gols do volante na equipe surpreende o jogador, que falou também sobre seu novo momento na Turquia e a boa fase no 'Akhisar'.

“Graças a Deus, desde a minha chegada aqui, eu vivo um bom momento. É um time mediano da Turquia e estamos fazendo uma temporada muito boa. No Campeonato Turco estamos em décimo lugar, fazendo uma campanha muito boa. Estou muito feliz por estar fazendo alguns gols. Até me adequei aqui em uma posição diferente da que jogava no Brasil, porque no Brasil eu era um primeiro ou segundo volante, e aqui eu sou quase um atacante, um meia-atacante, então é uma posição nova para mim. É uma coisa nova, que nunca tinha vivido e, graças a Deus, estamos conseguindo fazer bons jogos e gols, alguns importantes como esse contra o Fenerbahçe no último fim de semana. Estamos também na Copa da Turquia, na semifinal contra o Galatasaray. Os dois finalistas da Copa garantem vaga na Liga Europa, antiga Copa Uefa. Então isso, para nossa realidade, pode se tornar um ‘título inédito’ para o clube. Estamos em busca disso”, disse.

Serginho tem identificação com o Atlético. Após altos e baixos na equipe, foi vice-campeão do Brasileiro de 2012 e conquistou a Libertadores de 2013. Ele se mostra grato ao clube e se vê como um torcedor alvinegro.

“Quanto ao Atlético, sinto muitas saudades. Deixei grandes amigos, sinto saudade dos jogadores, funcionários do clube. Digo do porteiro a até, com todo respeito, pessoas que tomam conta do campo. Tenho amizade com todos, brincava com eles, respeito com todos. Então se eu chegar hoje na Cidade do Galo pode se dizer que, se tiver ainda aqueles funcionários da minha época, sei o nome de, se não todos, quase todos. Isso é marcante, sou grato ao Atlético, foi onde surgi para o futebol brasileiro e mundial, vamos dizer assim, pelo que conquistei. Alguns títulos, passei bastante tempo no clube, tive momentos ruins, que aí prefiro não ficar citando, lesões, que ficaram no passado na minha vida. Hoje eu torço para o Atlético, pode-se dizer que hoje tenho um carinho muito grande pelo Atlético”, enfatizou.

Gladyston Rodrigues/EM/D.A. Press
Dos cinco títulos de Serginho com o Atlético, o mais grandioso é o da Copa Libertadores (ele ganhou também quatro edições do Campeonato Mineiro). O jogador disputou duas partidas do torneio e se transferiu para o Criciúma ao término da fase de grupos, em maio. O Galo se sagrou campeão daquela edição da competição continental. No entanto, o ex-atleticano ainda não possui sua medalha de campeão.

“Eu lembro que o Cuca... uma vez fomos jogar contra o Atlético depois do título, ele (Cuca) falou: ‘Olha, sua medalha e sua faixa estão lá no clube’. Mas eu não tenho, não a recebi até hoje, mas creio que deve estar no clube. Me sinto campeão, pois o grupo era bastante unido. Participei de jogos importantes como o da Bolívia, contra The Strongest, em que participei do segundo gol na nossa vitória por 2 a 1, participei diretamente do segundo gol. Até o Cuca brincava com isso e falava: ‘Se não fosse seu gol lá na Bolívia, a gente não tinha chegado até o título’, mas eu tenho esse reconhecimento de, por mim, que participei desse título”, disse Serginho.

O jogador ressaltou que deseja voltar ao Brasil por causa de sua família e que ainda espera retornar para o Atlético. Entretanto, ele reconhece a dificuldade de se transferir no momento e não descarta atuar por outras equipes brasileiras. O contrato de Serginho com o Akhisarspor vai até o fim de maio de 2019.

“Quanto a eu voltar ao Brasil tenho vontade sim, tenho esse desejo. Até porque a minha família vive no Brasil, minha esposa, filhos, pais, irmãos, tenho esse desejo de voltar. Voltar a jogar no Atlético seria um desejo sim, mas a gente sabe da dificuldade que é, hoje, retornar ao Atlético. Falar em aposentadoria para mim é muito cedo ainda. Costumo dizer que jogo futebol enquanto meu corpo estiver aguentando. Eu acho que meu corpo está muito bem e acho que aposentadoria vai demorar um bom tempo. Desejo de voltar ao Atlético eu tenho sim, mas desejo voltar ao brasil primeiramente, jogar no meu país também. A vida que levo na Turquia é muito boa, em termos de futebol, estou bastante realizado aqui. Mas o que pesa mais é a família distante. Se minha família estivesse comigo, do meu lado, eu ficaria na Turquia por mais duas, três, quatro temporadas, sou um jogador caseiro, curto a família, tranquilo. Quanto a adaptação, eu me adapto em qualquer lugar, mas desejo voltar ao Brasil. Pode ser no meio da temporada daí, em maio deste ano, como pode ser para o próximo ano, isso deixamos nas mãos de Deus e só conversando com a família para ver o que será bom para a gente”, finalizou.

Leia, na íntegra, a entrevista de Serginho ao Superesportes:

P: Como vai a vida na Turquia? Você vive uma ‘fase artilheira’? Time meio de tabela, semi da Copa…
 
R: A vida aqui na Turquia é muito boa, fui muito bem recebido. Os turcos recebem muito bem, ainda mais quando sabem que você é brasileiro. Eles têm uma grande admiração pelo futebol do Brasil. Eles são bastante fanáticos aqui, mas levo uma vida bem tranquila aqui, bem no estilo que vivia em Belo Horizonte, de onde eu sou.

Graças a Deus, desde a minha chegada aqui, eu vivo um bom momento. É um time mediano da Turquia e estamos fazendo uma temporada muito boa. No Campeonato Turco estamos em décimo lugar, fazendo uma campanha muito boa. Estou muito feliz por estar fazendo alguns gols. Até me adequei aqui em uma posição diferente da que jogava no Brasil, porque no Brasil eu era um primeiro ou segundo volante, e aqui eu sou quase um atacante, um meia-atacante, então é uma posição nova para mim. É uma coisa nova, que nunca tinha vivido e, graças a Deus, estamos conseguindo fazer bons jogos e gols, alguns importantes como esse contra o Fenerbahçe no último fim de semana. Estamos também na Copa da Turquia, na semifinal contra o Galatasaray. Os dois finalistas da Copa garantem vaga na Liga Europa, antiga Copa Uefa. Então isso, para nossa realidade, pode se tornar um ‘título inédito’ para o clube. Estamos em busca disso.

P: Adaptou à cultura? Até quando vai seu trabalho? Quer continuar na Turquia?

R: A adaptação aqui foi boa. Passei meia temporada em Dubai, nos Emirados Árabes, quando joguei no Al Wasl, durante sete meses. Então quando cheguei na Turquia não foi aquele susto porque se vive parecido. Têm culturas parecidas. Aqui também encontrei brasileiros, um que já jogou no Atlético comigo, o Paulo Henrique, ele estava aqui no clube e me recebeu muito bem. Já tínhamos amizade. Então a adaptação foi mais rápida do que a esperada.

Meu contrato vai até maio de 2019, estou feliz aqui, vivendo bom momento dentro e fora de campo. Trabalho está saindo bem aqui, os torcedores reconhecem bastante o que a gente faz em campo, a nossa evolução, a entrega que temos pelo time. Então a torcida reconhece muito bem isso. Estou muito feliz aqui, tanto dentro de campo quanto fora.

Quero continuar aqui na Turquia, gostaria sim. Como falei, tenho contrato até maio de 2019, quando acaba a temporada aqui. Mas penso em voltar para o Brasil. Hoje vivo uma realidade que fui muito bem aceito, venho jogando bem, mas minha família não veio comigo. Ou seja, minha esposa e meus dois filhos, tenho uma menina e um menino, estão no Brasil por conta da escola, o calendário escolar daqui é diferente do Brasil. Minha filha hoje se encontra cursando a quarta série, pra ela vir seria uma dificuldade imensa, não só para ela quanto pra minha esposa e meu filho. Então o sacrifício hoje está sendo esse, por isso penso em voltar para o Brasil. Para a próxima temporada, é um caso a se pensar.

Quando um torcedor ou alguém vem falar na rua... aqui não se usa muito o inglês, então a língua deles, o turco, é predominante. O inglês não se usa, raro você conhecer alguém que  fala inglês. Então às vezes alguém vem falar com você na rua, eu não entendo nada e a gente vai concordando com aquilo, mas sem saber o que a pessoa está falando com você. Até que quanto a isso, eu tenho tradutor que me acompanha aqui e fala turco, inglês, português e outras línguas. Ele me ajuda bastante aqui. Até por isso, por esse meu conhecido, minha adaptação foi tranquila por aqui.

P: Saudades dos tempos de Atlético (sete anos no clube)? Você participou do início daquele time campeão da Liberta, Copa do BR e Recopa… tem 169 jogos e 6 gols no clube.

R: Quanto ao Atlético, sinto muitas saudades. Deixei grandes amigos, sinto saudade dos jogadores, funcionários do clube. Digo do porteiro a até, com todo respeito, pessoas que tomam conta do campo. Tenho amizade com todos, brincava com eles, respeito com todos. Então se eu chegar hoje na Cidade do Galo pode se dizer que, se tiver ainda aqueles funcionários da minha época, sei o nome de, se não todos, quase todos. Isso é marcante, sou grato ao Atlético, foi onde surgi para o futebol brasileiro e mundial, vamos dizer assim, pelo que conquistei. Alguns títulos, passei bastante tempo no clube, tive momentos ruins, que aí prefiro não ficar citando, lesões, que ficaram no passado na minha vida. Hoje eu torço para o Atlético, pode-se dizer que hoje tenho um carinho muito grande pelo Atlético.

Quanto à torcida, eu sou de BH e sempre que estou aí eu sou muito respeitado, não só pela torcida do Atlético como pela do Cruzeiro também. Foi onde me identifiquei mais, por ter jogado bastante tempo no Atlético, sempre que encontro um torcedor aí eles me perguntam se eu estou voltando, então fico muito feliz. Nunca fui muito criticado, alguns não gostam do seu futebol, mas faz parte, e torcedor a gente tem que respeitar. Mas a maioria sempre me respeitou, apoiou nos momentos bons e ruins. Tenho um carinho enorme pela torcida do Atlético.

São 169 jogos, alguns gols marcados, poucos né, porque eu tinha função mais de marcação, era um jogador mais para a parte tática do time, principalmente com o Cuca. São números bons, considero que meus números no Atlético foram bons, onde conquistei títulos, respeito. Acho que o jogador, para conquistar respeito, tem que respeitar o torcedor e o clube em si e, por isso, creio que sou respeitado pela torcida, diretoria, pelos jogadores que se encontram e lembram de mim. Isso para mim é a satisfação do futebol, deixar essas coisas, sou muito feliz, ainda mais por ser de BH. Tenho gratificação muito grande, o reconhecimento do clube por muito tempo, bastantes jogos realizados e pela torcida, que tenho carinho enorme.

P: Tem alguma história daquele tempo? Jogar com Ronaldinho, recém aposentado...

R: Histórias no Atlético têm muitas. Os maiores amigos que tenho no futebol conquistei no Atlético, não vou citar nomes pois talvez esqueça algum aqui e vai que eles leem a matéria e me cobrem por isso (risos), mas os maiores amigos do futebol que tenho são do Atlético. Meus amigos desse meio do futebol são poucos. Nesse meio você convive com muita gente, mas amizade verdadeira mesmo são poucas, assim como na nossa vida mesmo. Em qualquer profissão estamos sujeitos a isso. Um caso muito bom no Atlético foi a chegada do Ronaldinho, ele era um jogador de alto nível, pela história, sou fã, era fã, continuo sendo, mesmo depois que parou. Só acrescentou na minha carreira. No convívio, uma pessoa super humilde, qualquer um que você conversar vai dizer da pessoa dele, da humildade dele, sempre tratou todos com respeito. Então por isso todos tratam ele com muito respeito.

Euler Junior/EM/D.A. Press
P: Você saiu antes do fim daquela Libertadores. Chegou a receber a medalha de campeão da Libertadores?

R: Eu lembro que o Cuca, uma vez fomos jogar contra o Atlético depois do título, ele falou: ‘Olha, sua medalha e sua faixa estão lá no clube’. Mas eu não tenho, não a recebi até hoje, mas creio que deve estar no clube. Me sinto campeão, pois o grupo era bastante unido. Participei de jogos importantes como o da Bolívia, contra The Strongest, em que participei do segundo gol na nossa vitória por 2 a 1, participei diretamente do segundo gol. Até o Cuca brincava com isso e falava: ‘Se não fosse seu gol lá na Bolívia, a gente não tinha chegado até o título’, mas eu tenho esse reconhecimento de, por mim, que participei desse título.

P: E o tempo nas outras equipes (Villa Nova, CRB, Criciúma, Vasco, Sport e Al Wasl)? Como classifica?

R: Joguei no América, na base. Depois Villa Nova, Atlético, saí para o CRB poucos meses e voltei pro Atlético. Fui para Criciúma e Vasco. Do Vasco ao Sport e do Sport para os Emirados, pro Al Wasl. Hoje estou na Turquia. Todos os clubes que passei eu tenho um respeito muito grande, porque eu fui ajudado e ajudei. Então o carinho que tenho por eles é enorme, se tratando até de América, Villa nova… no próprio Villa tenho amigos ainda, tenho carinho muito grande, às vezes sou um pouco ausente, de visitar funcionários e amigos em Nova Lima, mas eles entendem que a vida é corrida, por se tratar de viagens a trabalho. Nos momentos de lazer procuro a família. Então por essas coisas a gente chega a ser um pouco ausente com amigos e clubes, mas meu carinho é enorme por todos eles.

P: Possibilidade de voltar ao Brasil? Se sim, seria pro Galo? Encerrar a carreira por aqui…

R: Quanto a eu voltar ao Brasil tenho vontade sim, tenho esse desejo. Até porque a minha família vive no Brasil, minha esposa, filhos, pais, irmãos, tenho esse desejo de voltar. Voltar a jogar no Atlético seria um desejo sim, mas a gente sabe da dificuldade que é, hoje, retornar ao Atlético. Falar em aposentadoria para mim é muito cedo ainda. Costumo dizer que jogo futebol enquanto meu corpo estiver aguentando. Eu acho que meu corpo está muito bem e acho que aposentadoria vai demorar um bom tempo. Desejo de voltar ao Atlético eu tenho sim, mas desejo voltar ao brasil primeiramente, jogar no meu país também. A vida que levo na Turquia é muito boa, em termos de futebol, estou bastante realizado aqui. Mas o que pesa mais é a família distante. Se minha família estivesse comigo, do meu lado, eu ficaria na Turquia por mais duas, três, quatro temporadas, sou um jogador caseiro, curto a família, tranquilo. Quanto a adaptação, eu me adapto em qualquer lugar, mas desejo voltar ao Brasil. Pode ser no meio da temporada daí, em maio deste ano, como pode ser para o próximo ano, isso deixamos nas mãos de Deus e só conversando com a família para ver o que será bom para a gente.

P: Recado aos amigos do Brasil?

R: Sinto saudades de falar com o pessoal do Brasil, com essas reportagens. Porque aqui a gente tem cultura totalmente diferente, não tem muito essa de sempre estar dando entrevista, não tem muito esse contato direto com jornalista, imprensa e torcedor. Então a gente sente falta disso. Eu, particularmente, sinto falta pois gosto de expressar os sentimentos, como estou no momento.

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