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Sampaoli promete Atlético ofensivo e protagonista 'em qualquer campo, contra qualquer equipe'

'Eu diria apenas uma palavra: ataque', resumiu treinador, apresentado nesta segunda

postado em 09/03/2020 14:47 / atualizado em 09/03/2020 18:11

(Foto: Gladyston Rodrigues/EM/D. A Press)
O técnico Jorge Sampaoli, de 59 anos, foi apresentado pelo Atlético na tarde desta segunda-feira na Cidade do Galo. Em sua primeira entrevista como treinador do alvinegro, o argentino deixou clara qual a sua meta no comando do clube: montar um time extremamente ofensivo, capaz de propor o jogo diante de qualquer adversário, em qualquer situação. O comandante quer resgatar o estilo no clube alvinegro e demonstrou desejo pela estratégia que será utilizada em campo.





Eu diria apenas uma palavra: ataque (resumo de seu trabalho). Para mim, o ataque é o desejo que me gera este time, que me parece um pouco apagado, um pouco temeroso. Jogadores que tiverem temor não vão poder estar aqui. A ideia é que a gente vá a campo e encare qualquer equipe que enfrentarmos”, declarou o treinador.

Sampaoli assinou contrato com o Atlético até o fim de 2021. No último sábado, ele acompanhou, no Mineirão, a vitória do Galo sobre o Cruzeiro, por 2 a 1, em clássico válido pela oitava rodada do Campeonato Mineiro. O treinador fez uma avaliação da equipe no duelo contra o arquirrival e espera que os jogadores tenham mais confiança em campo.

“Era muito necessário ganhar o clássico, porque nos mantém com chance de competir pelo Mineiro. A euforia da torcida vinculada ao exterior tem que ser gerada no futuro pelo que se faz em campo. Ou seja, o time tem que representar o Atlético por um sistema que permita uma identificação através de uma ideia. Se uma ideia não é o principal, o projeto não tem muito sentido. No sábado, vi muito nervosismo, desespero, urgência. Pouco jogo. Se tenho os melhores jogadores, tenho que jogar”.



A ideia é clara: para o treinador, o Atlético tem que ser protagonista em campo. Sampaoli não quer ver o alvinegro temer nenhum adversário do futebol brasileiro na temporada 2020. 

“O Atlético, pela minha característica, será um time extremamente de ataque, que vai tentar ser protagonista a todo tempo em qualquer campo que jogar e contra qualquer equipe, sem nenhum tipo de temor e nenhum tipo de resguardo. Isso é o que me identifica e é o que vim trazer para cá. Não ganhar por ganhar, mas ganhar de um jeito”.

Avaliações

O momento inicial de Sampaoli será para observar jogadores que se encaixem nas características do estilo de jogo que será proposto. O treinador, como ressaltou em toda a entrevista, vai tentar fazer o time se impor diante dos adversários. O argentino espera que a equipe se torne ambiciosa para buscar títulos importantes.

“A partir de agora, é preciso avaliar o que há em casa relacionado ao que disse (estilo de jogo). O elenco está um pouco frustrado desde o início do ano, porque não conseguiu coisas importantes. Agora, é buscar a maneira de avaliar e de fortalecer este grupo para sair dessa pressão e tentar prevalecer com um estilo e uma cultura de jogo. Vê-se uma equipe extremamente ansiosa, temerosa. Eu quero que a, partir de agora, a equipe solte um pouco as características que tem, recorra a algum jogador que venha para potencializar o que falta e construir em pouco tempo que temos um elenco extremamente ambicioso”. 

No entanto, o tempo é inimigo de Sampaoli. O treinador avalia que o time já perdeu dois meses em relação aos concorrentes no futebol brasileiro. O argentino promete ao torcedor alvinegro que, mesmo que o time não consiga as vitórias, lutará de todas as formas pelo resultado positivo.

“No futebol atual, em que há tanta pressão e urgência, não permite vincular o jogo como um aspecto determinante, porque não há tanta liberdade. Aqui, queremos gerar coisas que tenham a ver com uma maneira de sentir o futebol e que se identifica com a torcida. Que a torcida saiba o que a equipe vai buscar e, por mais que não consiga vitórias, saiba claramente o que somos e o que queremos”, concluiu.

A estreia de Sampaoli será no próximo sábado, às 19h, contra o Villa Nova, no estádio Castor Cifuentes, em Nova Lima, pela 9ª rodada do Campeonato Mineiro. O alvinegro ocupa a quarta posição, e restam apenas três partidas para o fim da primeira fase da competição.


Pensamento para o Atlético

Atlético Mineiro foi muito golpeado nos últimos tempos e tem que levantar a cabeça, precisa ter jogadores que respeitem essa camisa e tem que ser um grande do futebol brasileiro. Se não estivermos à altura, não caminhará. Temos que estar à altura, aí sim o processo caminhará.

Onde pode chegar no Brasileiro

Quando recebemos o segundo chamado do Atlético para estar aqui, avaliamos jogadores. A ideia principal é incutir uma cultura do jogo que permita dominar os jogos, ser protagonista, atacar, não importa quem esteja diante e em que cenário joguemos.  Que o Atlético jogue em qualquer lugar, que a torcida se entusiasme ao ver o time jogar.

Carências do time

Nervosismo, desespero, urgência, muita briga, pouco jogo. Sempre a mim, empolgou-me vir ao Brasil, porque quando era jovem, via times que jogavam muito bem. Hoje, não. Quero aproveitar a qualidade dos jogadores brasileiros, historicamente os melhores. Se são os melhores, têm que jogar, não podem não jogar.

Identidade de jogo

Primeiro, temos que ver como estão, para ver se estão capacitados de estar aqui. No ano passado, ninguém imaginou que o Santos podia chegar aonde chegou. Aqui temos que ser inteligentes, analíticos, ver quais são os nomes que podem abraçar a ideia e os que não estão à altura, e substituir o que não estão (à altura). Temos que ter exigência, para dizer falta isso, falta aquilo, todo o tempo, com o presidente, para ter um time que dê esperança à torcida. Temos que emocionar de dentro pra fora.

Investimento alto e briga com Flamengo

“Nós viemos com ideia disso, de mirar aqueles times como Flamengo. Time que alcançou um investimento, que tem plantel rico, numeroso, com jogadores de capacidade, com um técnico capaz, que reinou não só no Brasil, mas na América. É um exemplo que temos que imitar um pouco para alcançar outro nível. com jogadores de hierarquia, e estilo identificado com a ideia do treinador. Hoje, não somente Flamengo, mas Inter, Grêmio, Santos, há um monte de times com ideia similar e temos que começar do zero. E não começaremos do zero em janeiro, começamos em março. Temos que ser assertivos para enfrentar equipes muitos preparadas em um torneio muito exigente como o Brasileiro.


O que houve de diferença entre janeiro e março para aceitar a proposta

“Terminado o Brasileirão com o Santos, tive oportunidade de trabalhar em três times brasileiros e de outros lugares do mundo. A exigência do ano foi muito dura, e naquele momento não considerei muito a situação com projetos muito rápidos. Foi desgastante, não era momento ideal. Passou o tempo, a vida, o futebol, o Atlético Mineiro voltou a interessar, e nesse tempo (momento) me encontrava preparado para enfrentar um desafio numa instituição tão grande, que está golpeada, não encontra a resposta desportiva que busca. Não passou pelo Atlético não acertar em janeiro, passou por mim de não vir naquele momento. Naquele momento não me sentia capacitado. Agora, sim.

Ricardo Oliveira

Não foi pedido (meu) ele jogar o clássico, não falei com treinador para exigir um nome. Naquele momento (2019), pedi a contratação do Ricardo pelo que gerava ao Santos. Consultamos para ver se podia chegar e ajudar. Será avaliado como todos para ver se está à altura, ao tipo de torneio que vamos jogar. Faremos um diagnóstico para ver se pode representar essa ideia. A avaliação será agora (não será levada em conta análise de 2019, quando dirigia o Santos).

Aspecto físico do time

“Temos que avaliar no dia a dia. Às vezes tem a ver com aspecto físico, anímico. Temos que diagnosticar em campo. Mas, para nossa ideia de jogo, o jogador tem que estar bem preparado, precisamos contar com jogadores valentes, rápidos, muito preparados para serem protagonistas. Tem que estar preparado em todos os aspectos.

Éder Aleixo e James Freitas ficam na comissão?

As pessoas que estão trabalhando, temos que ver se cada pessoa que esta aqui pode acrescentar algo. Cada treinador tem sua maneira, seu estilo, seu ritmo de treinamento. Trouxemos nosso grupo pessoal, mas podemos recorrer a alguma pessoa do lugar que nos chame a atenção.

Time de transição continua?

Nós temos a ideia de trazer também uma pessoa que desenvolva um grupo seletivo, de sparring, com os melhores de cada categoria. Jogadores que podem jogar em curto e médio prazo no primeiro time. Teremos um contato direto com os jovens mais preparados para ver se algum está preparado para jogar.

Capacidade do elenco do Atlético

“Sempre há o fato de que chega um treinador com experiência, com ideia definida, mas mais importante que isso são os jogadores que representam o clube. Podemos dar obrigações aos jogadores para serem protagonistas, mas essa avaliação será feita e temos que ter jogadores que estejam à altura de Flamengo, Palmeiras, Grêmio, são sempre os que brigam pelo torneio. Sem hierarquia, muito difícil de chegar e dar algo que esteja à altura. Real Madrid, Barcelona, Juventus, United, City, Tottenham, todos se diferenciam pelo poder aquisitivo e que jogadores podem trazer. O primeiro é diagnosticar, trazer quem pode potencializar a equipe e depois fazer um time que possa dar uma resposta positiva. Pode levar um tempo médio, curto, mas da noite para o dia, não. A ideia é devolver a esperança à torcida.

Estrutura

É uma das melhores da América. A estrutura, a torcida incrível, mas falta algo de nós, nós é que temos que estar à altura disso.

Goleiros que iniciam as jogadas

“O tema de goleiro é fundamental, é o que inicia o jogo, é um jogador a mais, tem que ter goleitos que joguem, encontrem jogadores livres, que não tenham medo de começar a jogada de trás. Teremos que avaliar os que estão aqui. Essa maneira de jogar não é o que eles estavam acostumados, por isso temos que ter um goleiro que faça isso. É fundamental.  Temos bons goleiros no gol, mas temos que ver se podem desenvolver esse tipo de jogo.

Saída de Maidana e reposições

Não fui eu que tirei alguém ou pus alguém. Vamos avaliar, ver o que falta e pedir à diretoria que substitua com os nomes que pensamos. Não tive nada a ver com o jogo de sábado (clássico), de jogar esse ou aquele, seria falta de respeito com os profissionais que estavam aqui. A partir de agora, as decisões serão minhas, e junto com o presidente vamos buscar a melhor equipe possível.

Características do seu trabalho

“Diria, ataque. Ataque é a esperança que me gera esse time que está um pouco apagado, temeroso. Jogadores que têm medo não poderão estar aqui."

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