O Atlético corre o risco de começar o Campeonato Brasileiro com seis pontos a menos se não pagar até esta terça-feira (28) dívida superior a R$ 13 milhões com a Udinese, da Itália, pela aquisição dos direitos econômicos de Maicosuel, em maio de 2014. Por causa da pendência financeira, o clube foi condenado em última instância pelo Tribunal Arbitral do Esporte (TAS). O Comitê Disciplinar da Fifa é o órgão responsável por aplicar a punição.
Em entrevista ao blog do Perrone, do site UOL Esporte, o presidente do Atlético, Sérgio Sette Câmara, admitiu grande preocupação com o caso, já que o clube, segundo ele, não dispõe de todo o recurso para quitar a dívida - há R$ 9 milhões reservados.
“Estou aqui hoje, um sábado, quase cinco horas da tarde, e eu não tenho perspectiva de fazer o pagamento na segunda-feira (27). Se eu não fizer, o Atlético vai tomar três pontos na cabeça (na verdade, são seis). Não sei te dizer direito quais os desdobramentos, mas tenho a impressão de que eles fixam um novo prazo, uma nova penalidade esportiva, que não sei dizer qual é, se é outra perda de pontos ou já é rebaixamento”.
Sette Câmara lamentou ter herdado dívidas na Fifa de gestões anteriores, especialmente do ex-presidente Alexandre Kalil, que contratou Maicosuel em maio de 2014, por 3,315 milhões de euros, e pagou pouco mais de 1,5 milhão.
“Já fiz tantos pagamentos no passado, e agora mais esse, fruto de irresponsabilidade de gestão anterior que caiu no nosso colo. O que eu posso fazer? Não tem mais lugar para irresponsabilidade de sair comprando jogador e achar que não vai dar em nada. Não é só ficar levantando caneco e deixar a herança maldita para os outros presidentes. A conta chegou. E caiu no meu colo”.
A reportagem do Superesportes perguntou a Breno Tannuri, advogado que representa o Atlético na Fifa, se o clube estaria sujeito a novas sanções na Fifa (além da eventual perda de seis pontos) caso não tenha condições de quitar a dívida. Segundo ele, abre-se um novo processo, com prazo indeterminado de encerramento - o que daria à diretoria tempo para resolver o impasse.
Por causa da paralisação do futebol em meio à pandemia do novo coronavírus (COVID-19), o Campeonato Brasileiro ainda não tem previsão para começar. A primeira partida do Galo será contra o atual campeão, Flamengo, fora de casa. A expectativa do diretor de futebol Alexandre Mattos é montar um grupo que possa brigar na parte de cima da classificação. Para isso, ele busca reforços solicitados pelo técnico Jorge Sampaoli.
Ipatinga
O caso do Atlético se assemelha ao do Ipatinga, que em agosto de 2013 foi penalizado com a perda de seis pontos na Série C do Brasileiro pelo Comitê Disciplinar da Fifa. O motivo informado pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) era uma dívida de R$ 220 mil com o The Strongest, da Bolívia, pela contratação por empréstimo do meia boliviano Pablo Escobar, em 2008.
O Ipatinga ainda respondeu a outro processo, envolvendo o lateral-direito Luizinho, adquirido em 2006 ao Nacional da Ilha da Madeira, de Portugal. O clube mineiro também não efetuou o pagamento dos direitos econômicos do jogador.
A ação se arrastou por vários meses, pois o Ipatinga, que se mudou para Betim e adotou o nome da cidade da Região Metropolitana de BH, acionou a Justiça Comum com o propósito de evitar a perda de pontos. Resguardado por liminares, o Tigre disputou as quartas de final da Série C de 2013, sendo eliminado pelo Santa Cruz.
Em 2014, a CBF chegou a confirmar o Ipatinga - que retornara à cidade do Vale do Aço e consequentemente adotara o nome antigo - na Série C do Brasileiro, mas por decisão do Superior Tribunal de Justiça Desportiva, em 17 de março, o clube foi rebaixado para a Série D.
O rebaixamento do Ipatinga para a quarta divisão não se deu pela perda de seis pontos determinada pela Fifa, e sim pela ação na Justiça Comum antes de serem esgotados todos os recursos na esfera esportiva. O Tigre poderia apelar para o Tribunal Arbitral do Esporte (TAS), última instância do direito desportivo, em vez de procurar o poder judiciário.