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Presidente do Cruzeiro explica renúncia de membros do Conselho Fiscal e diz que gestão impede divulgação de aumentos e salários

De acordo com Wagner Pires de Sá, nem os membros efetivos do Conselho Fiscal podem ter conhecimento de salários de funcionários do clube

postado em 13/05/2019 16:25 / atualizado em 13/05/2019 16:25

<i>(Foto: Jair Amaral/EM/D.A. Press
)</i>

O presidente do Cruzeiro, Wagner Pires de Sá, falou pela primeira vez sobre a renúncia dos três membros efetivos do Conselho Fiscal do clube, Celso Luiz Chimbida, Geraldo Luiz Brinat e Ubirajara Pires Glória, ocorrida na semana passada.

De acordo com o mandatário celeste, os representantes do Conselho se sentiram “impedidos ou diminuídos” diante de informações negadas pela diretoria sobre aumento salarial e folha de pagamento de colaboradores do clube, entre dirigentes e jogadores.

Wagner disse que o sistema de compliance adotado pelo Cruzeiro impede que algumas informações sejam divulgadas até mesmo para o Conselho Fiscal do clube. O presidente alegou que se trata, na verdade, da proteção da individualidade.

“Esse foi um problema interno que desde que nós assumimos, nós não só temos a auditoria externa, como criamos uma auditoria interna, no sistema de compliance. E o nosso compliance, que mede os riscos da instituição, achou por bem que algumas informações não deveriam ser repassadas ou passadas totalmente, porque nós temos que preservar principalmente a individualidade de nossos jogadores, colaboradores. E havia sido pedido coisas como: quem teve aumento? Quanto a pessoa ganha? Isso até na Laja-Jato você tem que ter um mandado para saber de coisas pessoais. O compliance achou por bem fazer medidas protetoras e de controle sobre isso. Me parece que o Conselho Fiscal se sentiu impedido ou diminuído. Não é isso. É uma questão de proteção aos valores, como a individualidade de nossos colaboradores”, disse Wagner Pires de Sá, em entrevista ao canal ESPN.

Segundo o site especializado Siteware, compliance tem por objetivo, contudo, deixar a empresa mais transparente, indo na contramão do que disse o presidente do Cruzeiro. A empresa “em compliance” é aquela que cumpre a legislação à qual está submetida, com princípios éticos e clareza em sua gestão, criando um ambiente mais saudável e confiável. Com essa proposta, as organizações diminuem os riscos e aumentam o rendimento operacional, além de vender uma imagem positiva para o mercado.

A atual diretoria do Cruzeiro parece distante disso e, inclusive, tem enfrentado questionamentos das contas entre os próprios Conselheiros.  Liderados pelo ex-presidente Gilvan de Pinho Tavares e pelo conselheiro Gustavo Gatti, um grupo apresentou pedido de esclarecimento sobre pelo menos 15 pontos do Balanço Financeiro do exercício 2018. Ex-candidato à presidência do clube, Sérgio Santos Rodrigues também é um dos signatários do documento.

Venda de Arrascaeta

Um dos pontos polêmicos do balanço é a inclusão de dados da venda de Arrascaeta - realizada em 2019 - no exercício 2018. O Cruzeiro concretizou a venda do meia ao Flamengo em janeiro deste ano por de 13 milhões de euros (R$ 55,2 milhões na cotação da época).

Em tese, a receita deveria entrar no balanço patrimonial apenas no exercício de 2019, porém o clube “puxou” o dinheiro para os demonstrativos contábeis de 2018 em função de o Profut exigir que entidades desportivas tenham prejuízo de no máximo 10% em relação à arrecadação total em um ano (o gasto de R$ 400,5 milhões foi 7,3% maior que o faturamento de R$ 373,5 milhões).

Além disso, os conselheiros da oposição também questionaram o fato de o demonstrativo de fluxo de caixa indicar que os salários e ordenados aumentaram em R$ 9,6 milhões quando comparam-se os salários a pagar em dezembro de 2017 e dezembro de 2018. O documento apresentado pelos opositores ao Conselho Deliberativo questiona, inclusive, o salário do vice-presidente de futebol Itair Machado.

Explicações da Diretoria

Em 23 de abril deste ano, por meio de uma nota oficial, o presidente Wagner Pires de Sá rebateu questionamentos de integrantes do grupo de oposição, alegando, entre outras coisas, que “as questões levantadas são até compreensíveis para algum conselheiro que não participou da gestão anterior, mas inaceitável para alguém que esteve dentro e ajudou a colocar o Cruzeiro em grave crise financeira”

A diretoria apresentou notas explicativas ao balanço, informando que a dívida circulante de R$ 7.340.004,00 e não circulante de R$ 30.123.443,00 com clubes nacionais.

Sobre a remuneração de dirigentes, Wagner Pires de Sá revelou que Itair Machado recebe R$ 180 mil por mês e que houve “acréscimo considerável” devido às premiações pagas pelas conquistas do Campeonato Mineiro e da Copa do Brasil.

Acerca da dívida geral do Cruzeiro, superior a R$ 500 milhões, o presidente ressaltou o parcelamento de R$ 170 milhões em 18 anos e que o restante está sendo equilibrado aos poucos.

Salário de Itair Machado

Outro item que mereceu pedido de esclarecimento foi relativo ao salário de Itair Machado, vice-presidente executivo de futebol. Tudo por conta da publicação feita pelo jornalista Jorge Nicola, em seu blog no portal Yahoo. Na postagem, ele alega ter documentos internos do Cruzeiro que comprovam o pagamento de R$ 4.249.963,83 ao longo de 2018 a Itair por meio de sua empresa, a IMM Assessoria e Consultoria Esportiva Ltda.

De acordo com o blog de Jorge Nicola, o valor dos pagamentos, que dividido em 12 meses equivaleria aR$ 354 mil mensais, inclui “salários e prêmios, entre eles os títulos da Copa do Brasil e do Campeonato Mineiro, foram feitos à IMM Assessoria e Consultoria Esportiva Ltda, empresa de Itair aberta em 23 de janeiro do ano passado”.

O presidente Wagner Pires de Sá falou sobre o salário de Itair. “No ano passado, um grande clube do futebol brasileiro fez contato comigo solicitando a liberação do Itair e, neste ano, outro grande clube também veio atrás dele. Ele hoje está entre os principais gestores do futebol nacional e a remuneração dele é de R$ 180 mil, compatível com o cargo. No ano passado, ele teve um acréscimo considerável, pois o Cruzeiro venceu a Copa do Brasil e o Campeonato Mineiro, o que rendeu a ele participação na premiação, algo absolutamente normal. Até agora, disputamos cinco competições e vencemos três. Isso é prova da competência dele à frente do futebol”, declarou Wagner.

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