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Após tomar decisão, Wagner recua sobre afastamento de Itair Machado do Cruzeiro; saiba bastidores do racha da diretoria

Queda de braço da cúpula celeste começou na manhã da última quarta-feira

postado em 03/06/2019 15:46 / atualizado em 03/06/2019 20:41

<i>(Foto: Ramon Lisboa/EM/D.A. Press)</i>
Wagner Pires de Sá voltou atrás sobre a decisão de afastar seu vice-presidente de futebol Itair Machado. Ele havia decidido pela medida no sábado, na véspera do empate do Cruzeiro por 1 a 1 com o São Paulo, após encontro com presidente do Conselho Deliberativo, Zezé Perrella, e quatro desembargadores que também fazem parte do conselho do clube. 

O presidente havia prometido anunciar o afastamento do vice de futebol nesta segunda-feira, mas mudou de planos, conforme apurou o Superesportes. Ele chegou a se reunir com Itair pela manhã, mas disse ao vice de futebol que o afastamento era um pedido de Perrella. O presidente do Conselho Deliberativo, no entanto, afirmou que não tinha prerrogativa para afastar, embora concordasse com a medida. Os encontros terminaram sem a prometida saída de Itair.

Em vez de afastar Itair, Wagner anunciou nesta tarde que mudará as nomenclaturas dos vice-presidentes não estatutários, casos dos vices financeiro e jurídico. Ou seja, Itair seguirá como vice de futebol no organograma do Cruzeiro. Ainda de acordo com o ofício divulgado por Pires de Sá, os salários serão ajustados para ficarem condizentes com as respectivas funções. 

Itair passou a última semana pressionado pelas graves denúncias de irregularidades apresentadas pelo Fantástico, da TV Globo, em 26 de maio. Na ocasião, a emissora apontou que a diretoria do Cruzeiro é investigada pela Polícia Civil por suspeitas de lavagem de dinheiro, falsificação de documentos e falsidade ideológica. O inquérito apura denúncias que indicam quebra de regras da Fifa, da Confederação Brasileira de Futebol e do Governo Federal.

Racha da diretoria começou na quarta

As conversas para o afastamento de Itair Machado começaram na quarta-feira, um dia após o presidente Wagner Pires de Sá tomar ciência, pessoalmente, das investigações da Polícia Civil. O primeiro encontro na Sede Administrativa reuniu, além do mandatário e de Itair, outros diretores da gestão. 

Na ocasião, eles argumentaram que a saída de Itair Machado seria o único meio de dar tranquilidade ao Cruzeiro a curto prazo, dentro e fora de campo. Com o vice de futebol no cargo, o grupo entendia que a pressão da torcida seria cada vez maior e as denúncias poderiam aumentar. Os diretores chegaram a dar um ultimato ao presidente Wagner e afirmaram que deixariam os cargos caso Itair fosse mantido.

No mesmo dia, Itair se reuniu a portas fechadas com Wagner Pires de Sá, bateu pé e avisou que permaneceria no cargo, com a mesma autonomia. A essa altura, o presidente se via pressionado de lado a lado e não tinha convicção do que fazer.

Resistência de Wagner, ‘golpe’ e desmobilização

Em novo encontro na quinta-feira, os diretores insistiram na saída de Itair Machado. Por sua vez, Wagner Pires de Sá se mantinha resistente em abrir mão do seu braço direito, homem mais influente até que o presidente na estrutura administrativa do Cruzeiro.

O grande ‘golpe’ em Wagner, que o deixou ainda mais pressionado, aconteceu na manhã da última sexta-feira. Reportagem do UOL mostrou que o advogado Leonardo Poli, autor do texto de instrução normativa que vetou a entrega de documentos da diretoria ao Conselho Fiscal do Cruzeiro, é amigo da esposa de Wagner, Fernanda São José. Poli teria recebido R$269 mil pela confecção do documento.

Os diretores que queriam a queda de Itair Machado voltaram a se reunir na manhã de sexta-feira e se mantiveram firmes no sentido de exigir a saída do vice de futebol. Já Wagner Pires de Sá avisou que aguardaria os desdobramentos do time dentro de campo e possíveis novos episódios para tomar uma decisão final.

A posição de Wagner, de afastar Itair Machado, só foi tomada após a reunião de sábado com Perrella, desembargadores e diretores. Ainda assim, o presidente recuou nesta segunda-feira após encontro com Itair e optou por seguir aguardando novas etapas da crise administrativa do Cruzeiro. 

Parte do Conselho quer saída em massa

Um grupo de 117 pessoas, entre conselheiros e associados do clube, enviou carta a Zezé Perrella, na sexta-feira, pedindo mudanças radicais na atual gestão. Além da saída de Itair Machado, eles pleiteam os afastamentos de Wagner Pires de Sá e de Sérgio Nonato, diretor-geral.

Na lista dos signatários, constam nomes de figuras tradicionais da política do Cruzeiro, como o ex-presidente Gilvan de Pinho Tavares, o ex-vice-presidente Biagio Peluso e o ex-presidente do Conselho Deliberativo, José Ramos. Além deles, novas lideranças também assinaram o manifesto, como o candidato derrotado nas últimas eleições do clube, Sérgio Santos Rodrigues. Integrantes do Conselho Fiscal que pediram renúncia neste mês, como Celso Luiz Chimbida e Geraldo Luiz Brinati, também fizeram parte do grupo que exige transparência.

Além do inquérito que corre na Polícia Civil, os diretores do Cruzeiro serão investigados por uma comissão de sindicância aberta pelo presidente do Conselho Deliberativo, Zezé Perrella. O grupo formado pelos conselheiros Marcio Antonio Camillozzi Marra, Jarbas Matias dos Reis e Walter Cardinali Junior terá 30 dias para finalizar os trabalhos.

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Reportagem atualizada às 17h12

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