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Membro de Conselho Fiscal eleito diz ter certeza de inocência da diretoria do Cruzeiro: 'Não respondem a processos'

Paulo César Pedrosa criticou oposição por 'denegrir a imagem do clube'

postado em 02/07/2019 06:00 / atualizado em 02/07/2019 01:16

<i>(Foto: Vinnicius Silva/Cruzeiro)</i>
Um dos integrantes da chapa Força Azul, eleita para o Conselho Fiscal do Cruzeiro, Paulo César Pedrosa afirmou ter certeza da inocência da diretoria do clube, cujos membros são alvos de investigação por parte da Polícia Civil e do Ministério Público. Segundo ele, ninguém até o momento foi condenado ou responde a processos por ilicitudes praticadas no clube. Por isso, não haveria a necessidade de solicitar os afastamentos de dirigentes como o presidente Wagner Pires de Sá, do vice-presidente de futebol Itair Machado e do diretor-geral Sérgio Nonato.

“Acreditar na inocência não, eu tenho certeza que até o momento eles (membros da diretoria) são inocentes. Não foram condenados, não respondem a processos, é só pela imprensa. Tem Polícia Civil apurando, Polícia Federal apurando, Ministério Público apurando, então tenho certeza da inocência deles, até que me provem o contrário. Sou totalmente contra o afastamento, mas se quiserem pedir licença, problema é deles. Agora, tem que haver um amplo direito de defesa”.

Vale lembrar que o vice de futebol Itair Machado já respondeu processos trabalhistas, previdenciários e criminais. Sócios e conselheiros do clube usaram esse argumento para solicitar seu afastamento do comando do futebol em ação na 22ª Vara Cível da Comarca de Belo Horizonte.

No dia 10 de junho, um comunicado foi enviado a um grupo de WhatsApp com 160 conselheiros que estariam alinhados ao presidente Wagner Pires de Sá. Era um convite para uma “noite especial de caldos e resenha entre os amigos” na sede social do Barro Preto, em 11 de junho. A imagem com a logo da chapa Força Azul contava, inclusive, com a assinatura de Wagner.

Paulo César Pedrosa confirmou ter participado do evento e afirmou que as práticas de distribuição de camisas e ingressos para conselheiros já eram corriqueiras sob as gestões dos irmãos Zezé Perrella e Alvimar de Oliveira Costa. Com relação a “churrasco”, ele tratou como “fake news”

“As maiores festas do Cruzeiro aconteceram com Zezé Perrella e com Alvimar. Churrasco… churrasco de quê? Deram um caldo aí que não me fez nem bem, porque não estou acostumado com caldo, não vejo absolutamente nada. Tudo eu venho aqui, como, pago os bares aqui, nunca tive cortesia de nada. E quanto a camisas, todo conselheiro recebe uma no seu aniversário. Ingresso, desde a época de Zezé e Alvimar nós ganhamos ingressos. Absolutamente normal. A torcida pode ficar tranquila, que não tem nada disso e tudo era ‘fake news’”.

Denúncias


Os escândalos no Cruzeiro apurados pela Polícia Civil e pelo MPMG envolvem suspeitas de lavagem de dinheiro, falsificação de documentos e falsidade ideológica, além de possíveis quebras de regra da Fifa, da Confederação Brasileira de Futebol e do Governo Federal.

As denúncias foram exibidas no programa Fantástico, da TV Globo, em 26 de maio. À época, vieram à tona irregularidades em transações e valores superfaturados pagos a empresas prestadoras de serviço. A PCMG já havia ouvido 15 pessoas que mantinham alguma relação com o clube, entre elas funcionários, ex-empregados, dirigentes e agentes esportivos.

O fato mais grave era sobre um empréstimo de R$ 2 milhões contraído pelo Cruzeiro com o empresário Cristiano Richard dos Santos Machado, sócio de firmas que atuam na locação de veículos e de equipamentos de proteção.

<i>(Foto: Vinnicius Silva/Cruzeiro)</i>

Para abater o débito, o clube, segundo inquérito da Polícia Civil, incluiu parte dos direitos de jogadores do profissional, como David (20%), Raniel (5%), Murilo (7%), Cacá (20%), e de outros que passaram pela base e foram negociados, casos de Gabriel Brazão (20%) e Vitinho (20%).

O Cruzeiro ainda inseriu participação em uma possível venda do promissor Estevão William, de apenas 12 anos, que, pelas leis trabalhistas, só poderá assinar vínculo laboral a partir dos 16.

Outras operações apuradas pela Polícia Civil são os aumentos substanciais nos salários de dirigentes, a contratação de conselheiros para prestação de serviços e o pagamento a torcidas organizadas.

A respeito desse tema, Paulo Pedrosa preferiu não se manifestar profundamente. “Nós não podemos emitir nenhuma opinião até porque não tivemos acesso a nenhum documento. Tínhamos receio até de entrar na sala do Conselho. Quem teve (acesso ao documento) foi a outra chapa, denominada Transparência. O que a gente sabe é o que vocês (imprensa) divulgaram”.

Críticas à oposição


O integrante do Conselho Fiscal aproveitou para criticar a administração do ex-presidente Gilvan de Pinho Tavares. “Deixou o Cruzeiro com mais de R$ 400 milhões em dívidas. A administração do Gilvan, no balanço dele de 2017, foi aprovada a conta dele com ressalvas. R$ 23 milhões que aparecem que até hoje não se explicou. Então, as finanças do clube é igual à da maioria dos clubes brasileiros, com dívida superior a R$ 500 milhões. Acho que o Cruzeiro tem todas as condições de colocar as finanças em dia”.

Pedrosa declarou também que a comissão de sindicância nomeada por Zezé Perrella, presidente do Conselho Deliberativo, perdeu força depois da eleição do novo Conselho Fiscal. “Acho que essa comissão de sindicância perdeu efeito. Ela perdeu efeito, e eu não vou tomar conhecimento. Porque uma comissão de dois da oposição, isso para mim não tem efeito, como membro do Conselho Fiscal eu não vou aceitar isso, porque a partir de agora o Cruzeiro tem legitimamente um Conselho Fiscal eleito pelos conselheiros do clube”.

Por fim, o conselheiro se mostrou aberto a ouvir opiniões divergentes, apesar de acusar a oposição de prejudicar a reputação do Cruzeiro. “É apaziguar e chamar a outra chapa para participar também, sem problema algum. É abrir diálogo, coisa que eles não fariam de jeito nenhum para nós caso vencessem as eleições. Eles eram ‘quanto pior, melhor’, e nós não. Vamos conversar, até porque somos todos conselheiros. O que precisamos agora é de uma comissão de ética para punir esses falsos conselheiros que denegriram a imagem de um clube centenário”.

Eleita para o Conselho Fiscal, a chapa Força Azul terá a missão de analisar as contas da atual administração do Cruzeiro, que aumentou a dívida geral do clube de R$ 384 milhões, em 2017, para R$ 520 milhões, no exercício de 2018. Esse trabalho será realizado sob pressão, pois o clube convive com grave crise institucional.

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