CRUZEIRO 100 ANOS
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CRUZEIRO 100 ANOS

Cruzeiro 100 anos: Palhinha, o artilheiro da América descoberto no terrão

Craque cruzeirense foi descoberto em pelada no Barreiro e se tornou um dos ícones do clube centenário

postado em 26/12/2020 06:55 / atualizado em 26/12/2020 09:46

(Foto: Arquivo Estado de Minas)
Criado no Barreiro, em Belo Horizonte, Palhinha começou a mostrar seu talento nos campos de terra. Foi numa pelada que o craque acabou descoberto pelo técnico de futebol de salão do Cruzeiro, Lincoln Alves. Começava ali, em 1965, a trajetória de um dos maiores jogadores dos cem anos do clube.

“No meu tempo de menino, a gente jogava futebol em campinhos de terra, nos bairros. Eu fui criado no Barreiro. Lá, a gente tinha um campinho. Foi aí que aconteceu a minha descoberta. O Lincoln Alves chegou pra mim e perguntou se eu queria ir jogar futebol de salão, no Cruzeiro. Não pensei duas vezes. Aceitei e lá fui eu para o Barro Preto, onde hoje é o Parque Esportivo”, lembra Palhinha. 

Palhinha tinha 15 anos e logo se destacou sob orientação de Lincoln. Na quadra, atuava como ala. “Um dia ele chegou e disse que eu iria fazer um teste no time de futebol de campo. Era no infanto-juvenil, comandado pelo Crispim. Não esqueço daquele treinador, que me ajudou muito nessa transição”.

O jovem talento passava a treinar perto de um time que marcou época no Cruzeiro ao conquistar a Taça Brasil de 1966 sobre o poderoso Santos, de Pelé. O torcedor cruzeirense nascido no Barreiro agora trabalhava no gramado ao lado dos ídolos Tostão, Dirceu Lopes, Procópio, Evaldo, Natal, dentre outros.

Pouco tempo depois de chegar ao juvenil, Palhinha foi promovido à equipe aspirante, primeiro passo para se tornar profissional. Àquela altura, o assédio do rival Atlético ameaçava sua trajetória no Cruzeiro. “Naquela época, existia o chamado contrato de gaveta, que era quando o pai assinava um compromisso com o clube. Mas o meu pai não aceitava fazer isso e queria o contrato profissional. Havia um treinador de base do Atlético, Wilson de Oliveira, que me chamou para jogar lá no time principal. Eu estava disposto a ir. Mas aí, o pessoal do Cruzeiro ficou sabendo e tudo mudou. Fiz meu primeiro contrato profissional.”

Palhinha estreou no poderoso time do Cruzeiro aos 18 anos, mas ainda teria que esperar a chance de virar titular. “Eu iria disputar posição com Tostão e Dirceu Lopes. Pensava, não ia dar”. O espaço para deslanchar veio pra valer em 1972, com a ida do campeão mundial Tostão para o Vasco da Gama. 

Palhinha se tornou titular, fez jogos fantásticos e decidiu o título mineiro, em 1972, ao marcar os dois gols na vitória por 2 a 1 sobre o Atlético em jogo de desempate.

(Foto: Arquivo Estado de Minas)


Quatro anos depois, Palhinha era uma das estrelas do Cruzeiro na Copa Libertadores de 1976. O time chegava ao torneio experimentado por dois vices do Brasileiro (1974 e 1975) e pela participação na edição continental de 1975.

Na estreia, o Cruzeiro venceu o Internacional no Mineirão por 5 a 4, no jogo que é apontado como o maior emocionante do estádio. “Esse jogo foi fantástico. Ganhávamos por 3 a 1 e eles empataram. Eu estava apanhando muito da zaga do Inter. Eu me desentendi com o Figueroa. Não tinha maldade e acabei dando uma cotovelada nele, e fui expulso. Fora de campo, sofrimento puro. Mas fizemos 4 a 3, e eles empataram novamente. Mas tínhamos o Joãozinho, que naquele domingo estava endiabrado. Ele fez o 5 a 4. Um jogo inesquecível”, lembra.



Palhinha foi artilheiro da Copa Libertadores, com 13 gols, e foi decisivo também na final contra o River Plate.  No primeiro jogo, vencido por 4 a 1, no Mineirão, marcou dois gols. No segundo, na derrota por 2 a 1, no Monumental de Núñez, marcou o de honra. Já na finalíssima, em Santiago, no Chile, ele passou em branco, mas sofreu a falta que resultou na conquista celeste.


“Eu sofri a falta que resultou no terceiro gol. Sofri a falta, depois me levantei e fui para a área. De repente, percebo que o Joãozinho tinha cobrado a falta. Quem batia falta era o Nelinho. Vi a bola dentro do gol. Foi uma festa só, alegria total. O Cruzeiro era campeão da Libertadores. Nós ganhamos a Libertadores.”


No fim do ano, Palhinha ainda disputou a decisão do Mundial contra o Bayern.

(Foto: Arquivo EM/DAPress)


Valorizado, o atacante cruzeirense foi vendido ao Corinthians em 1977 por US$ 1 milhão. Na época, aquela foi a venda mais cara da história do futebol brasileiro.

(Foto: Arquivo EM)


Palhinha retornou ao Cruzeiro em 1983 e conquistou o Campeonato Mineiro de 1984. O atacante fechou sua trajetória no clube com 156 gols em 457 partidas. Ele é o sétimo maior artilheiro da história do clube.

(Foto: Arquivo EM)


(Foto: Arquivo EM)


Além da Libertadores, Palhinha foi campeão estadual em 1968, 1969, 1972, 1973, 1974, 1975 e 1984.

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