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Lápis, papel e talento: jovem transforma personalidades do América em caricaturas

Torcedor apaixonado do Coelho, Luiz Ricardo Mendes Peregrino, de apenas 19 anos, presta homenagens a jogadores, ex-jogadores e até mesmo integrantes da diretoria

postado em 25/03/2014 10:00 / atualizado em 01/03/2017 16:52

Arquivo pessoal/Luiz Ricardo

Da mente para as mãos. Das mãos para o lápis. Do lápis para o papel. Contorna ali, apaga lá, retoca acolá. Cores, sombreados e efeitos. Quando menos se espera, surgem detalhadas e divertidas imagens de pessoas. Várias caricaturas. O talento de Luiz Ricardo Mendes Peregrino, também conhecido como Ludeica, impressiona muito. Torcedor apaixonado do América, ele decidiu, há cerca de dois anos, homenagear diversas personalidades do clube por meio de desenhos. A repercussão não poderia ser melhor. “Todos elogiaram bastante e até encomendaram mais caricaturas. Foi bom até mesmo para eu desenvolver”, conta o jovem de apenas 19 anos à reportagem do Superesportes.

Luiz Ricardo desenha desde os oito anos de idade. Essa é a segunda paixão herdada do avô, o Sr. Aventuir Peregrino, artesão e escultor já falecido. A primeira, claro, foi o gosto pela camisa verde e preta do Coelho. “Meu avô fazia móveis e esculturas. Vendo ele trabalhar, aprendi a ter gosto pela arte. Quando pequeno, já fazia alguns desenhos legais nas capas de deveres de casa na época da escola. Os professores ficavam admirados e me elogiavam muito”, relembra o jovem com muita satisfação.

O tempo foi passando e o garoto crescendo. Assim como o talento no manuseio de pincéis e lápis de cores. Paralelamente, as idas ao Estádio Independência para acompanhar os jogos do América se tornaram mais constantes. Daí surgiu a ideia de fazer as caricaturas dos atletas. “Nunca achava desenhos de jogadores do meu time. Resolvi fazer um em 2012 e daí não parei mais. Até que o Eber Vaz, que era assessor do clube, funcionou como espécie de ponte para chegar aos caras. O primeiro que viu foi o China (volante). Daí os outros conheceram também e gostaram muito”, recorda Ludeica.

Arquivo pessoal/Luiz Ricardo
Admirado com o talento do garoto, o jornalista Eber Vaz, ex-assessor de imprensa do América, relembra as reações dos atletas ao se depararem com seus desenhos animados. “Sempre aprovaram a ideia de serem retratados pelo Ludeica. Como torcedor assíduo no estádio, ele sempre me apresentava uma novidade e saía com mais encomendas. No meu tempo, o ajudei a fazer ponte com os jogadores. Foi a época na qual fez mais sucesso lá”, relata.

Entre várias personalidades do Coelho desenhadas estão o ex-jogador Jair Bala, os atacantes Fábio Júnior e Obina, os volantes China e Doriva, os laterais Rodrigo Heffner e Bryan e o goleiro Matheus. Até Olimpio Naves, diretor de patrimônio do clube e integrante do conselho de administração, recebeu uma homenagem. “O Olimpio não é muito fã de caricatura não, mas disse que gostou muito. Fez até um quadro com o desenho”, revela Ludeica, que pretende, em breve, ilustrar o ex-zagueiro Wellington Paulo, seu grande ídolo no clube. “Está faltando a dele. Jogador líder e de muita raça”, complementa.

Talento de berço ou adquirido?

Existe um intenso debate a respeito das habilidades para certos tipos de atividades. Alguns acham que o talento vem de berço, enquanto outros defendem a prática constante para aprimoramento. E Luiz Ricardo fica com a segunda opção quando explica sua facilidade nos desenhos. “É prático. Quanto mais você faz, mais você aprende. Um professor meu, inclusive, brinca: ‘Nós nascemos com 10 mil desenhos feios. Aos poucos, vamos eliminando todos eles’. Já passei um dia inteiro desenhando”, diz.

Prova disso é o próprio relato de Ludeica a respeito do seu tempo de ensinos fundamental e médio nas escolas. “Às vezes eu deixava de copiar as matérias nos quadros para rabiscar as últimas páginas dos cadernos. Alguns professores achavam errado, mas outros batiam palma e incentivavam”, enfatiza.

Na construção de cada caricatura, Luiz Ricardo gasta, em média, cerca de um dia e meio. É um trabalho detalhado, que requer muita atenção. Primeiro, o contorno é feito em papel branco sem pauta. Depois, o artista passa o desenho para o computador por meio de uma mesa digitalizadora (preço deste equipamento varia de R$ 150 a R$ 350), ferramenta constantemente utilizada por web designers e cartunistas. Por fim, a arte chega à conclusão após edições em softwares apropriados (o Photoshop é um exemplo).

Os artistas que Luiz Ricardo toma como referências são Quinho, do Jornal Estado de Minas, Eduardo Baptistão, do Estado de S. Paulo, e Mário Alberto, do Lance!. “Acompanho bastante o trabalho deles. São, na minha visão, os melhores cartunistas do Brasil”.

Evolução na carreira de ilustrador

Arquivo pessoal/Luiz Ricardo
Aos 19 anos, Luiz Ricardo declara que tem muito a evoluir. Morador do bairro Padre Eustáquio, em Belo Horizonte, ele está matriculado no curso de Design da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), mais precisamente no terceiro período noturno. Durante a tarde, o jovem trabalha como estagiário de uma escola especializada em pré-vestibulares, na Região da Pampulha. Ludeica prefere não revelar o valor da bolsa mensal, mas diz que recebe alguns “extras” por trabalhos paralelos.

“Todo o dinheiro que recebo procuro investir na minha formação. Compro equipamentos, apostilas, livros, etc”, afirma o jovem, que vê a sua profissão um pouco desvalorizada na capital mineira.

“Quero progredir no design e, quem sabe, transformá-lo em algo melhor. Aqui em Minas não recebe a atenção que merece. Nem de longe igual ao Rio de Janeiro e a São Paulo. Tomara que, mais à frente, os empresários daqui tenham a noção da importância do trabalho”, observa.

Além das ilustrações, Luiz Ricardo também realiza trabalho de edição de vídeo, que ele próprio considera essencial na sua área de atuação.

Apesar da dificuldade do América em reverter a vantagem conquistada pelo Atlético no jogo de ida (4 a 1) das semifinais do Campeonato Mineiro, Luiz Ricardo faz uma promessa. “Sei que é muito difícil, mas se o time for para a final e conquistar o título, farei caricaturas de todos os jogadores”, garante o rapaz, que tinha apenas seis anos de idade quando o Coelho ganhou o Estadual pela última vez, em 2001.

Talento reconhecido

Um dos homenageados pelas caricaturas, o volante Doriva, recém-recuperado de lesão no ligamento cruzado do joelho direito, reconhece o talento de Luiz Ricardo e promete um presente especial.

“É um talento, hein?! Muito legal mesmo. Pelo carinho, até darei uma camisa autografada minha para ele”, comenta o jogador à reportagem. Por sua vez, o goleiro Matheus tem a caricatura desenhada por Ludeica como imagem de perfil da sua conta oficial no Twitter.

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