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Sérgio Vieira chega ao América falando em alcançar objetivos mais altos pelo clube

Treinador português foi apresentado e não poupou elogios à estrutura do Coelho

postado em 07/06/2016 12:44 / atualizado em 07/06/2016 19:45

Euler Júnior/EM/D.A Press
O novo treinador do América foi apresentado na manhã desta terça-feira, no Centro de Treinamentos Lanna Drumond. Sérgio Vieira, de 33 anos, esteve acompanhado do auxiliar técnico Rui Pedro Sousa e do preparador físico Edy Carlos Soares. Contratado no último sábado, o português já se apresentou ao elenco americano e comandou seu primeiro treino no clube, ainda na segunda-feira.

Em uma longa entrevista, Vieira fez questão de explicar os motivos que o fizeram escolher o América, as primeiras impressões que teve dos atletas e a estrutura do clube. Ele ainda falou sobre sua a carreira, seus métodos de trabalho e as metas à frente do Coelho.

“Nosso primeiro objetivo é fazer com que o América permaneça na Série A. Temos objetivos maiores e assim, diariamente, vamos nos superar e trabalhar forte para atingir as demais metas. Não passa pela nossa cabeça rebaixamento. Nosso foco é no processo do trabalho, evoluir coletivamente em organização. As vitórias são consequência disso. Em conjunto com a diretoria, devemos ampliar e reforçar a cultura de vitórias. Acredito que podemos buscar outros patamares, como a conquista de um Brasileiro, uma Copa do Brasil, ou vaga na Libertadores" projetou Sérgio Vieira.

O treinador elogiou o trabalho realizado até aqui, valorizou o elenco, a 'estrutura' e o 'conjunto humano' do clube e disse esperar igualar o passado de vitórias e conquistas do Coelho. “É um prazer enorme fazer parte da história do América e contribuir para que seja engrandecida com conquistas e objetivos grandiosos”, avaliou o novo técnico alviverde, que comanda seu segundo treinamento na tarde desta terça-feira.

Na introdução do comandante americano para a sequência do ano, o presidente do Coelho, Alencar da Silveira Júnior, além de ironizar mais uma vez o rival Cruzeiro, voltou a agradecer ao ex-técnico do time, Givanildo Oliveira, demitido na última sexta-feira, e frisar que o clube tem uma filosofia diferente.

“Ainda estamos dentro do planejamento. Mas temos uma nova dinâmica. Seguimos em frente com um novo dinamismo, com a modernização que o clube e o futebol mineiro precisava”, comentou Alencar da Silveira Júnior, que finalizou: “Meu técnico sabe falar 'uai', 'ocê' e sabe os costumes do futebol brasileiro.”

Confira trechos da coletiva do novo comandante do América:

Chegada ao Coelho

 

Eu queria aproveitar para agradecer ao convite que me foi feito pela diretoria, pelo América, pelo presidente e aproveitar para dizer que é um prazer enorme estar aqui. Fazer parte e contribuir para que a história do América seja engrandecida com conquistas e objetivos grandiosos. Esse é o nosso principal foco. Naturalmente, tentaremos igualar o que foi feito num passado recente, que não podemos deixar de valorizar. Como os jogadores o fazem. Agora temos que tocar a vida para frente, olharmos e nos servirmos do passado e da força que o América teve no passado, do acesso (à Série A), da conquista do Estadual e transformar isso numa força nacional e até internacional. Olhando a dimensão que o clube tem, em termos estruturais, de condições de trabalho e, principalmente, em nível de recursos humanos, todas as estruturas de apoio, temos um conjunto de valores humanos que fazem do América uma grande força. Para levar o clube a conquistas nacionais e a novos patamares.


Contato com o elenco


Era um objetivo que tinha, com relação à minha chegada. Dialogar, conversar com aqueles que serão atores diretos no dia a dia. E no momento mais importante que é o jogo, são eles que vão para o gramado. Eu senti um grupo fechado, com muitos valores, princípios humanos e só isso já é fantástico. Um grande ponto de partida para realizar um grande trabalho. Os jogadores estão extremamente motivados para essa nova etapa, valorizam muito o que foi feito no passado, as pessoas. Estão muito motivados para o futuro, para essa nova etapa de trabalho. Pelo que podemos fazer por eles. Nosso grande objetivo é ajudá-los tanto individualmente quanto coletivamente e, consequentemente, eles nos ajudarão com vitórias e conquistas.


Motivação


O meu objetivo aqui é fazer o que não está registrado na história. Um técnico estrangeiro, um gringo como vocês falam, e, principalmente, um português conquistar um título. Desde sempre falei isso. É o que me faz lutar todos os dias e me tornar competente para conquistar títulos. Trabalhar diariamente buscando a perfeição. Marcar a história do futebol brasileiro e penso que o América tem tudo para isso. Mas temos que ir passo a passo e o primeiro é trabalhar de forma rigorosa e detalhada para que a consequência disso sejam as vitórias. A longo praz, os títulos.


Por onde começar


Naturalmente temos que ir por prioridades. Isso faz parte de uma liderança inteligente. Não querer mudar tudo. Existem coisas que foram feitas de forma positiva. Os jogadores sabem disso e eu valorizei isso diante deles. Se não, não estaríamos falando do campeão mineiro, de uma equipe que ganhou do Figueirense sendo que eles tinham acabado de ganhar do São Paulo. Existe uma lógica por trás disso. E a lógica é a qualidade, a competência que o grupo tem. Eu estou aqui para potencializar ainda mais essa qualidade para que a gente consiga chegar aos resultados.


Como prioridade, temos que organizar a equipe de uma forma muito rigorosa. Ter um padrão defensivo rigoroso, competitivo, evitar que soframos gols em qualquer jogo, independentemente do adversário. Na defesa, temos que ser competitivos, organizados, compactos, temos que saber a força do coletivo é a força que nos traz o resultado final. Não a força de um jogador individual. Temos também que propor o jogo, ter qualidade quando temos a posse de bola. Contra o Figueirense aconteceu isso, a equipe teve uma melhoria muito boa. Saber o que fazer com a posse de bola, dominar os jogos, para que não passemos o tempo todo defendendo. Quando perdemos a bola, reagir rapidamente. Quando recuperarmos, poder sair rapidamente em contra ataque. Poder criar situações de gols e concretizarmos essas jogadas.


Temos que ir por etapas e não tentar de um momento para o outro colocar tudo na mente dos jogadores. Todo o nosso modelo de jogo, nossa dinâmica. A gente tem que ir progressivamente para que eles assimilem isso. O primeiro passo é que eles queiram e isso a gente já sentiu. Eles querem ser melhores, querem evoluir, e isso é um grande passo. Gradualmente vamos melhorar em todos os momentos do jogo, vamos ganhar os jogos que temos pela frente.


Abordagens de outros clubes


Houveram abordagens de clubes da Série A, B e de clubes de Portugal. Mas temos que acreditar naquilo que fazemos. O América tem um conjunto de fatores, entre eles a ambição e os projetos bem estruturados quanto ao presente e ao futuro e àquilo que se quer conquistar. Isso muitas vezes pesa na decisão de um treinador. Minha decisão foi no momento certo, com muito diálogo com o presidente. Fiquei convencido do que o clube queria. O objetivo número um é vitória. Isso é assim em qualquer clube do mundo. O futebol é esse e vamos trabalhar diariamente. Queremos todos que o clube evolua. Temos certeza que eles (a diretoria) também ficou convencida do que posso dar ao clube. A curto prazo e a longo prazo. Sidiclei, por termos trabalhado juntos, tinha um conjunto de informações sobre a minha dinâmica de trabalho, minha personalidade, caráter e minhas capacidades de liderança, comunicação, de sacrifício, controle emocional, conhecimento tático e técnico. Um dos aspectos que eu gosto no América é que tudo é debatido, dialogado entre todos e chega-se a uma conclusão.


O que a Europa agrega ao trabalho


Pode trazer muita coisa, mas depende de quem o faz. Estou no Brasil há mais de um ano e sei da cultura. Trabalhei com jogadores brasileiros em Portugal. O Brasil é um país irmão de Portugal. Os dois países têm uma história muito longa. Depende da pessoa. O importante é falar sobre competência. Treinadores e pessoas competentes existem aqui e lá. Assim como incompetentes, não é tudo perfeito. Eu sei o que posso agregar em todos os níveis. O conhecimento tático, técnico, físico, mental. Todos os fatores integrados. Em nível de liderança e de profissionalismo. Poderei agregar, assim como pegar o que é feito de bom aqui, potencializar ainda mais, e evoluir enquanto líder e treinador.


Força em casa


Penso que qualquer equipe, de qualquer país, tem que ser forte em casa e fora. Jogando com chuva, com sol, cansada, tem que ser sempre forte. Para isso tem que se trabalhar diariamente. O fator casa é muito importante por causa da torcida que nos apoia. É o dia que o torcedor sai de casa, quer tem emoções positivas. É motivação extra para nós. Vamos reforçar isso para os jogadores e ter isso sempre em mente. Nos jogos em casa, tem um conjunto de pessoas que amam o América e que querem sair dali felizes. Agora, nós temos que ser muito fortes jogando em qualquer estádio, sob qualquer condição. Isso é uma mentalidade que comigo, sempre vai ser essa lógica. É uma lógica que já existe no futebol. Você vê as melhores equipes do mundo, ganham em casa e fora, às vezes com dificuldades, mas ganham.


Conhece Paulo Bento?


Não tenho relação com Paulo Bento. Naturalmente, pela história dele como jogador e treinador, é uma pessoa mais velha que eu, com uma história maior. Mas isso não é muito importante. Não conheço sua metodologia diária, nunca trabalhei com ele. Não tenho qualquer tipo de opinião sobre ele. Para nós, não influencia em nada no nosso trabalho (o fato de sermos dois portugueses comandando dois times mineiros). Não é o foco.


O que tem que ser feito para manter o América entre os grandes


O nosso primeiro objetivo é esse. Fazer com que o América permaneça na Série A. Mas para isso temos que ter objetivos maiores ainda. Um objetivo máximo em cada competição que estamos envolvidos. Assim, diariamente vamos nos superar, fazer sacrifícios, trabalhar forte para chegar a outros objetivos. Não passa pela minha cabeça a questão do rebaixamento. Nós não trabalhamos diariamente pensando que temos que ganhar para sair. Nosso foco é no processo do trabalho. É no treino, em evoluir coletivamente, na nossa organização. O resultado vai ser consequência disso. Temos que implementar a cultura de vitórias e de equipe que luta por outros objetivos. Não só o da permanência. Um clube com as condições que o América tem, de infraestrutura e recursos humanos, tem que lutar por outros objetivos. O Mineiro e o acesso foram uma mostra disso.


Penso que faremos um grande trabalho, que vamos mostrar que a história do América tem que ser na Série A, tem que ser Sulamericana, Libertadores, título brasileiro, da Copa do Brasil, tem que ser outros objetivos. Porque não faz sentido na forma de pensar da nossa diretoria, da comissão técnica, e já senti nos jogadores que também não faz parte da forma deles de pensar. A gente só tem que falar isso olhos nos olhos, sem medo e receio nenhum. Com caráter e personalidade. Falar que nossos objetivos não são esses (se livrar do rebaixamento), são lá para cima, para o meio da tabela, classificação para a Libertadores e por aí acima. Agora, diariamente temos que dar um passo de cada vez e sermos racionais para entender o ponto em que estamos. Que temos um jogo difícil no próximo sábado e depois também. O primeiro foco é ganhar do Inter, depois do Botafogo. O foco é sempre no próximo jogo.

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