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Enderson Moreira, do América, diz que fim de semana não tinha clima para futebol

'Eu não consigo entender como a gente tem que continuar servindo, às vezes, de diversão para um país que está chorando e lamentando'

postado em 27/05/2018 22:49 / atualizado em 27/05/2018 22:58

Ramon Lisboa/EM/D.A Press
Em fim de semana marcado por problemas de transporte e abastecimento de combustível e alimentos em todo o Brasil, consequência da greve nacional dos caminhoneiros, a bola rolou normalmente no Campeonato Brasileiro. O técnico Enderson Moreira, do América, lamentou que a CBF tenha confirmado os jogos da sétima rodada em meio à crise.

O comandante do Coelho não chegou a fazer um desabafo como o colega Eduardo Baptista, técnico do Coritiba, que chegou a definir políticos como “assassinos” por desviar verbas públicas e disseminar a corrupção. Mas, para ele, não havia clima para se jogar futebol.

”Estamos num dia muito diferente daquilo que a gente espera. O país passa por um processo terrível. Estamos falando de futebol com tantas outras dificuldades. O Eduardo Baptista deu um desabafo e, vocês vão me desculpar, mas eu não consigo entender como a gente tem que continuar servindo, às vezes, de diversão para um país que está chorando e lamentando, infelizmente, coisas muito mais graves. Isso, para mim principalmente, mas acho que para todos que participaram, é a força do dever. Tem que vir, porque não é o sentimento que a gente tem. Vendo tantas pessoas com dificuldades, tantas pessoas com tantas preocupações e a gente tendo que desempenhar o nosso papel. Somos profissionais e precisamos fazer, mas o clima deste fim de semana é muito ruim para quem é brasileiro e não vê nenhum tipo de respeito dos nossos governantes com quem realmente merece que é esse povo sofrido. É difícil ser profissional vendo tanta gente passando dificuldade”, disse.

Para Enderson, o clima no Independência não foi ruim só pela derrota do América por 3 a 1 para o São Paulo. “Vieram quatro mil pessoas que saíram de casa. Temos limitação de combustível. Não é só de isso, mas é alimentação que não chega, hospitais que têm dificuldades. Imagina uma pessoa que mora na periferia. Eu nasci e cresci na periferia. Às vezes você não tem como chegar nos lugares. É uma série de coisas que nos fazem ficar muito triste, porque o futebol é a coisa mais importante dentre as menos importantes. Temos que entender que não é a coisa mais importante do país. Temos outras muito mais graves que estamos passando por isso, e nem vou falar se a paralisação é política ou se não é, não me interessa, o que me interessa é que somos um povo que, infelizmente, sofre constantemente aos desmandos. Pagamos a conta daquilo que não temos culpa. Da corrupção absurda, da falta de responsabilidade dos governantes que matam muitas pessoas, milhares, quando começam a desviar esse dinheiro das pessoas que precisam”.

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