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ENTREVISTA

Análise da queda à Série B, reforços e mudanças no elenco: presidente Marcus Salum revela planos do América para 2019

Coelho começa a planejar 2019, ano em que a meta é a volta à Série A

postado em 13/12/2018 07:00 / atualizado em 13/12/2018 11:30

Leandro Couri/EM/D.A Press
 Em busca de um novo perfil depois da queda para a Série B do Campeonato Brasileiro, o América vai utilizar o Campeonato Mineiro como teste para montar a equipe cuja missão será buscar mais uma vez a elite nacional. “Vamos fazer um laboratório no Mineiro”, afirma o presidente do Coelho, Marcus Salum.

Em entrevista ao Superesportes, ele antecipa que há negociações para tentar recontratar Marcelo Toscano e que mira ainda mais dois atacantes. Haverá reforços também para o meio-campo e as laterais, mas jogadores da base terão chance de provar seu valor na disputa regional. 
O América ainda tenta a renovação com o goleiro João Ricardo e praticamente confirma a permanência do zagueiro Messias para a temporada 2019, apesar do assédio de clubes como o Atlético.

Marcus Salum reconhece que haverá dificuldades no próximo ano, especialmente pela queda de recursos na Segunda Divisão. Mas o mandatário não perde o otimismo. “Espero que o América seja um time de Série A com uma melhor condição num curto espaço de tempo”.

Futuro de João Ricardo, saídas e prioridades no mercado 

O América tem uma base. Nós temos o problema do João Ricardo. Se vai ou não ficar, ainda é uma dúvida. Ele está buscando uma proposta. Se ele sair, o América vai buscar outro goleiro. A nossa base, até o meio, está definida. O América busca fazer mudanças do meio para frente já que a maioria dos jogadores, como Robinho, Marquinhos, Luan, Gérson Magrão, Rafael Moura, são jogadores que não estão mais com a gente. Então, a busca do América é do meio para frente, deixando isso claro para a torcida. 

Negociação para a volta de Marcelo Toscano

O Marcelo Toscano nos interessa. Ele voltou ao Brasil e nos contactou por meio do empresário. Está uma discussão ainda no custo-benefício, valor, proposta. Se for possível, nós queremos. 

Interesse por Dátolo, ex-meia do Atlético

O Dátolo é um jogador de altíssimo nível. Teve para vir para o América na Série A, mas a gente avalia que ele é um jogador que nós tivemos um perfil parecido, que jogavam menos do que a gente precisava. Como temos que otimizar o papel e o investimento, quando você traz um jogador que joga menos que o normal, e ele não é um jogador barato, o custo-benefício fica ruim. Então, o Dátolo não está no nosso plano agora. 

Leandro Couri/EM/D.A Press


Propostas pelos zagueiro Messias

Um jogador para sair, ele tem que receber uma proposta. E a proposta tem que ser de acordo com o que o clube quer. Messias tem contrato, recebe em dia, tem um bom salário, recebeu luvas. Então, ele tem que cumprir o contrato. Ele não tem nada mais para fazer do que isso. Se aparecer uma proposta que atenda ao América e atenda ao jogador, nós faremos. Agora, o que não pode é subvalorizar o jogador do América porque o América caiu ou porque o América não é um dos maiores times do Brasil. O Messias tem o seu valor. Se pagarem o valor dele, ele sai. Ele sabe que ele vai disputar o campeonato, sabe que hoje não tem nenhuma proposta efetiva. Então, pra mim, é jogador que vai se apresentar e jogar normalmente o ano. No meio do ano, pode ser que, na janela, surja alguma coisa e a gente estuda outra vez. Agora, eu vejo pouca chance (de negociar).

Rafael Moura e divergências com treinadores de 2018

Eu queria tirar um pouquinho do foco sobre o Rafael Moura. Rafael Moura não deu trabalho. Ele é um atleta correto. Quando eu falo isso, eu falo pelo seguinte: um treinador tem uma forma de jogar, e o jogador que não se adapta vai pro banco. Foi o que aconteceu com Rafael. Ele foi para o banco várias vezes. Eu só estou falando isso para justificar,porque ele ficou na reserva. Quando foi aproveitado, fez a parte dele. É um profissional
correto, eu não tenho nada contra ele. Na verdade, quando ele não cumpriu o que o treinador pediu, ele foi para a reserva. Porque ele tinha potencial para ser titular, mas nem sempre foi acatado o que deveria ser.

Substituto de Ricardo Drubscky no cargo de diretor de futebol

Ainda não. Nós estamos reconstruindo ainda. Eu falo que, quando você tem essa queda, sobra muito pedaço aí no meio do caminho. Então, nós fechamos a nossa equipe, temos muita gente trabalhando. Mas eu penso num futuro, não muito próximo, recolocar alguém nessa função e tem que ter alguém dentro do que eu acho que encaixe no América. Alguém do futebol, na parte técnica, para trabalhar junto com a comissão técnica.

Houve tentativa de permanência do Drubscky?

Não. Ele assumiu um compromisso comigo que iria até dezembro de 2018 e cumpriu. A partir daí, ele estaria livre para buscar o seu caminho.

Givanildo Oliveira quer usar Mineiro como laboratório para Série B

O América vai ter um grupo titular, provavelmente com 12, 15 jogadores e depois vai agregar a esse grupo jogadores promissores do sub-23 e da base. Então, num grupo de 26, 28 jogadores, nós vamos ter aí uns 10 jogadores provenientes da base. E vamos fazer um laboratório no Mineiro, pra ver quem está em condições de disputar a Série B. Mas a base do time é uma base com jogadores experientes e com jogadores que nós vamos contratar.

Preocupação de Givanildo Oliveira com a montagem do elenco, pelo excesso de saídas

Acho que aí há um pouquinho de desinformação. Foi até bom você me falar, porque eu vou ligar para ele. Os jogadores que tinham que renovar contrato, nós já renovamos, exceto João Ricardo, que está nessa discussão. Não vamos renovar mais nenhum contrato. Só o Juninho que foi renovado e os outros contratos são jogadores que nós temos. Messias tem contrato, Paulão tem contrato, Ricardo Silva nós estamos tentando renovar. Os laterais nós não temos. O Zé Ricardo, o Christian, Ademir têm contrato. Nós temos os meninos da base. Wesley Pacheco tem contrato. Isso é o que nós temos sem os nomes que vão chegar. E vão chegar alguns jogadores. Isso aí, inegavelmente, não vai demorar a chegar.

Perfil do elenco para 2019

Nós trabalhamos na Série B em 2017 e 2015 e é parecido. Você tem que ter um elenco competitivo. A gente traz uma boa parte dos jogadores para o Campeonato Mineiro. Valorizamos a base do Mineiro e completar este plantel para o Brasileiro. Eu busco jogadores, alguns experientes. E algumas apostas em jogadores que a gente vem acompanhando há algum tempo. O América tem um departamento que vem analisando o mercado desde o início do ano, e temos vários jogadores mapeados dentro deste valor que a gente pode pagar. Provavelmente teremos que contratar dois ou três atacantes. Mais atacantes de beirada. E mais um ou dois jogadores para o meio-campo, além de laterais, porque nossos laterais acabaram saindo. 

Disparidade das receitas e queda na Série A

Eu diria que eu tinha consciência disso desde o início. Fizemos as contas desde o início. Tivemos alguns problemas no final , um problema com o Fluminense que não nos pagou (valor referente à transferência do atacante Richarlison no Watford, como clube formador), um problema com contrato de direitos internacionais, mas nada disso afetou dentro de campo. O que eu poderia reclamar é ter menos receita do que eu queria para disputar a Série A, mas para esse ano não precisou de mais para ficar. Nós tínhamos tudo para ficar. Não ficamos por algumas coisas que fogem ao meu entendimento. Já passei esse filme várias vezes. Onde eu errei, vou tentar corrigir e vamos ver se a gente tem um pouquinho mais de sorte na próxima vez.

Arrependimentos em 2018

Eu já fiz essa volta (mental) várias vezes. Eu diria que um momento crucial foi a saída do Enderson, que nos atrapalhou muito. Depois a perda do Serginho. Lá na frente, pouca coisa poderia ser feita, a não ser uma troca de treinador do Adilson um pouquinho antes pelo Givanildo. Também, no futebol, o certo é o que dá certo. Poderia ter trocado e não ter dado certo. Depois que acontece, todo mundo tem a fórmula. Se o Luan bate o pênalti, ninguém ia reclamar do Rafael Moura se a bola entra. O futebol é assim. E eu estou nele há muito tempo e fico com os reflexos. Poderia bater o Marquinhos e fazer o gol e o América estaria fora. A diferença entre o céu e o inferno no futebol é um gol.

Perda de Enderson Moreira no decorrer da Série A

Isso já é uma coisa normal. Se você avaliar o futebol brasileiro hoje, muitos treinadores recebem proposta de outros times – e os clubes não têm muita ética, põem dinheiro na mão e o treinador quebra o contrato, paga multa. Isso, infelizmente, é o futebol brasileiro.

Leandro Couri/EM/D.A Press


Orçamento para a Série B

É só pegar os balanços do América. O América tem 25 a 30 milhões na Série B e 55 a 60 milhões na Série A. Não é um privilégio do América, é de todos os clubes do mesmo porte. O América tem uma perda por não ter receita de jogos e os outros clubes têm maior que a gente. Nós já trabalhamos com esse orçamento outras vezes. Vamos trabalhar da mesma forma, otimizar os recursos, gastar menos. 

Fonte de recursos para 2019

Não vou esconder que estou buscando investidores e alguns fundos que queiram investir no clube em percentual de atletas, em parcerias. O América é um time muito correto, muito certo, com poucas dívidas, cumpre seus compromissos e revela muitos bons jogadores. Estou tentando achar uma parceria que invista um pouco mais na gente.

Especulação sobre fim dos Estaduais a partir de 2020

Eu fico mais preocupado com o Campeonato Mineiro por causa dos clubes do interior. Se acabar o Campeonato Mineiro, o América não vai ter problema nenhum. Nós temos a possibilidade de usar a Primeira Liga para fazer uma Sul-Minas. Nós podemos estender o calendário do Campeonato Brasileiro. Eu não vejo problema nenhum. Isso não vai ser uma perda de receita que vai nos impactar. Mas eu acho que o campeonato regional tem a tendência de continuar, porque a política da CBF é de apoio às federações. Então, com essa política, provavelmente, a TV que detém os direitos, a Globo vai continuar passando os campeonatos regionais.

Tentativas de se mudar o calendário do futebol brasileiro

Eu tentei, mas é muito difícil. O futebol brasileiro tem um desenho muito mal feito. A gente luta, luta, luta, depois acaba preocupando só com seu time, porque você vê que não vai conseguir mudar tudo. Então, hoje a minha preocupação é dar um novo desenho para o América, mais agressivo, mais profissional, com mais investimento, para que a gente possa fazer uma mudança mais significativa.

Recado ao torcedor

Eu tenho uma expectativa de que o América é um grande na Série B. O América cresceu muito este ano, deu vários passos importantes. Foi a melhor Série A do América na história. Enfrentou os grandes clubes do Brasil da melhor forma, jogando de igual para igual com todo mundo. O América hoje é o 19º time do ranking nos últimos cinco anos. Tudo isso tem muita representatividade. O que não apaga a queda. A queda realmente a gente tem que chorar o sofrimento dela. Então, tenham fé no trabalho, que eu espero que o América seja um time de Série A com uma melhor condição num curto espaço de tempo.

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