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DNA formador, gratidão e orgulho: Euller destaca importância do América e relembra carreira no clube

Ex-atacante é um dos maiores ídolos da história do clube alviverde

postado em 29/04/2020 07:00 / atualizado em 29/04/2020 09:42

(Foto: Jorge Gontijo/Estado de Minas )
Os torcedores do América sentem falta das exibições de Euller dentro de campo. As arrancadas e as jogadas de velocidade deram a ele o apelido de ‘Filho do Vento’. O ex-atacante pendurou as chuteiras em 2011 após uma vitoriosa carreira, mas foi no clube alviverde onde tudo começou. 
 
Euller foi revelado nas categorias de base do Coelho e logo chamou a atenção do elenco profissional. Em 1993, ele foi eleito a revelação do Campeonato Mineiro aos 19 anos e, ainda, comemorou o título estadual americano após a quebra de um jejum de 22 anos. Esse e outros momentos ficaram marcados na história do ex-atacante. 
 
Ao Superesportes, Euller relembrou a sua carreira no América, que foi dividida em duas passagens: 1990 a 1994 e 2008 a 2011. Em 236 partidas, o atacante marcou 79 gols e conquistou três títulos: Mineiro de 1993, Módulo II de 2008 e Série C de 2009. Leia a entrevista completa: 
 
Como você vê a importância do América no desenvolvimento da sua carreira e também no seu reconhecimento e prestígio a nível nacional? 
 
Foi no América que eu tive minha primeira oportunidade de ser jogador profissional. Eu não esqueço do Venda Nova, é claro, mas quando eu cheguei no América, nas categorias de base eu aprendi quanto ao desenvolvimento e evolução da minha carreira. Ali eu tive bons treinadores, tive um momento de transição do juvenil para o profissional com o Jair Bala e isso me ajudou muito no meu desenvolvimento. Ajudou também na parte tática, parte técnica, enfim, o América não é à toa que é um dos maiores celeiros de formação de atleta. Então, cheguei no profissional e a projeção começou. Eu devo muito ao América por tudo aquilo que aconteceu na minha carreira em termos de desenvolvimento para o futebol mundial. 
 
Em 1993, você foi eleito a revelação do Mineiro e, ainda, comemorou o título estadual americano após 22 anos de jejum. Quais são as suas lembranças dessa campanha histórica?
 
O ano de 1993 foi um ano perfeito. Um ano em que depois de 22 anos nós voltamos a ser campeões mineiros, o América comemorou esse título como ninguém, fizemos um Mineiro perfeito, onde a equipe estava muito bem. No ano anterior nós já tínhamos tido a oportunidade de ser campeões, porque já tínhamos  uma equipe e fizemos um belo campeonato, porém esse de 1993 conseguimos grandes feitos em cima de Atlético e Cruzeiro e a consequência foi o título. Eu consegui me destacar como jogador revelação, como melhor ponta direita e ajudar no título, ajudar o América a subir para a Série A novamente. Foi um ano muito bom na minha vida dentro do América. 
 
Quais são suas melhores lembranças com a camisa do Coelho? O que mais te marcou nas suas duas passagens?
 
Eu tenho grandes lembranças desde o momento em que eu cheguei no América, a forma como eu cheguei lá, a minha primeira partida como jogador profissional ainda aos 17 anos, o meu primeiro contrato e o apelido ‘Filho do Vento’, que veio através de um jogo do América com Milton Naves, da Rádio Itatiaia, os troféus individuais e, principalmente, o título de 1993. São muitas as lembranças maravilhosas que eu tive no clube.
 
Em 2007, você retornou ao América em um momento difícil do clube quando time tinha caído para a segunda divisão do Estadual. Como foi esse retorno ao Coelho?  
 
Eu volto para o América para poder ajudar. Eu tive um encontro o diretor, na época, o Alexandre Mattos e botamos na mesa tudo aquilo que era planejamento. Então, eu fiz um plano de carreira para mim tanto para ajudar o clube dentro e fora de campo. No momento, o que eu queria era ajudar o América a ser grande e a voltar à primeira divisão do Brasileiro. Nós tivemos esse contratempo de jogar a segunda divisão do Mineiro, mas eu não medi esforços. Todo o tempo para poder estar ajudando, diante de tanta experiência que eu tive no cenário nacional e internacional. Então, esse foi o momento que eu poderia ajudar o América e junto aí com o Alexandre, nós fizemos o máximo possível e impossível para poder ver o América novamente na elite e foi o que aconteceu. Não foi fácil, tivemos momentos tristes e desagradáveis, mas ao final de quatro anos nós tivemos grandes resultados e podemos deixar o América na primeira divisão. Foi um momento fascinante.
 
Em 2012, você fez seu último jogo no centenário do América e na inauguração do novo Independência. Qual foi a sensação de encerrar uma bela carreira no clube que te impulsionou como jogador?
 
A sensação é de orgulho, de satisfação, de gratidão por tudo aquilo que aconteceu desde o início da minha carreira até o final dela no América. Isso para qualquer jogador é maravilhoso. Eu agradeço a Deus por ter tido a oportunidade de começar minha carreira no América e terminar por lá também. Tudo foi de acordo com a vontade de Deus, para que eu pudesse fazer meu último jogo também de forma diferente. Eu comecei no América em um estádio e terminei no América em outro, uma coisa mais moderna, do jeito que a torcida merece. Então, eu sou muito grato a todos dentro do clube, sem exceção. Desde o funcionário até o torcedor. 
 
O América está invicto nesta temporada e é o único mineiro já classificado para a próxima fase do Estadual. Você tem acompanhado os jogos do clube? Como você vê o desempenho do América?
 
No momento eu estou morando na Espanha. Nós temos poucas informações sobre o Campeonato Mineiro, mas a gente ainda busca notícias por estar torcendo pelo América. De fato, o clube está fazendo um belíssimo campeonato, digno de estar à frente, digno de ser campeão. Tem tido desempenhos favoráveis, alguns jogos eu acompanhei e vi que o América está superior aos adversários e a tendência é que o clube possa conquistar o título, se ele voltar devido à pandemia. Entretanto, tem tudo para conquistar mais um Estadual. 
 
O América, além de ser referência em formar jogadores, tem muitos atletas da base que subiram recentemente para o profissional. Qual recado você deixa pra esses garotos na visão de um atleta experiente e vitorioso? 
 
O América sempre foi um celeiro de formação de jogadores, não só para a sua equipe profissional, mas também para equipes nacionais, internacionais e para a Seleção Brasileira. A vida inteira o América revelou jogadores, sempre apostou na possibilidade de estar revelando alguns jogadores e na formação da sua equipe profissional também sempre teve vagas para os atletas da base. Isso é muito importante ser colocado como parte da evolução dos garotos das categorias de base. Todos os jogadores da base do América devem saber que existe um percentual de favorecimento a eles no profissional e que o América vai sempre apostar. Então, eles têm que estar sempre preparados, aproveitar cada momento de treinamentos, jogos e da sua evolução física, técnica, tática e psicológica porque a qualquer momento vai ter uma oportunidade no profissional, porque esse é o América. Um clube que sempre valorizou a sua categoria de base. 
 
Você treina o Safor Club e segue estudando para se aprimorar na carreira como treinador. Você pensa em retornar ao Brasil para seguir os trabalhos como técnico? Já pensou em trabalhar no América?
 
Eu estou fazendo cursos de treinador da Uefa, já concluí a Uefa B e a Uefa A. Agora, eu estou aguardando a inscrição para a Uefa Pro, que é o último nível de licença para um treinador de futebol e que o credencia  a ser técnico em qualquer lugar do mundo e em qualquer competição. Eu venho me preparando para isso, eu recebi um convite do senhor Luís, presidente do Safor Club, da cidade de Gandia, ao lado de Valencia, para ser treinador da sua equipe profissional e aceitei o convite. Tem sido um trabalho maravilhoso, estamos muito bem na competição, com grandes chances de subir. Então, a gente tem feito um bom trabalho, tem aprendido muito na teoria e na prática e no momento eu não penso em voltar ao Brasil. O meu foco está em terminar o meu curso aqui e enquanto isso eu estou no Safor com grandes objetivos de acesso também, não só dessa temporada, mas também para a próxima. É claro que se eu tiver uma oportunidade no América, haja visto que o clube aqui também tem as cores verde e branca, então tem tudo a ver com nosso América, mas no momento minha cabeça está aqui na Espanha. Se eu tiver uma oportunidade de trabalho no América, pode ter certeza que será bem-vindo e pensarei com muito carinho. O América, quem sabe também, pode ser um grande formador não só de jogadores, mas de técnicos. 
 
Por fim, que recado você deixa para a torcida do América e para o clube que completa 108 anos no dia 30 de abril?
 
Meu recado é que o torcedor do América continue prestigiando e ajudando. Não tem nada melhor para um jogador estar dentro de campo e ver um estádio com muitos torcedores e todos eles incentivando o time dentro de campo. Lógico que existem momentos difíceis, mas é nesse momento que a torcida se mostra grande e para qualquer clube que queira visualizar a primeira divisão é necessário o torcedor. É muito importante que o torcedor se faça presente no estádio e que ajude os atletas lá dentro. O torcedor é o termômetro para o atleta dentro de campo, ele é aquele que vai fazer o jogador fazer algo mais, dar um carrinho a mais, é uma bola que não sai, é um esforço a mais, é tudo a mais. O torcedor que faz isso acontecer. O clube precisa do torcedor, mas mais que o clube, o atleta precisa do torcedor. Se o torcedor estiver ao seu lado a parte psicológica do atleta sobe, a confiança sobe, a sua vontade sobe e a tendência é que isso una todos eles. Um grande abraço a todos, um ano de comemoração dos 108 anos do América, que Deus abençoe, e eu sou muito grato ao América por tudo que aconteceu comigo. Agora eu fico na torcida para que as coisas boas aconteçam novamente.      

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