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Superintendente do América traça 'perfil de dívidas' do clube e prevê perda de até 30% do orçamento

Previsão inicial de orçamento estipulava arrecadação em R$ 37 milhões

postado em 11/06/2020 07:00 / atualizado em 11/06/2020 13:58

(Foto: Divulgação/América)

América tem sentido os efeitos da paralisação do futebol em suas finanças. Ainda sem perspectiva de retorno das competições por causa da pandemia do novo coronavírus, o clube alviverde prevê uma perda de 15% a 30% do orçamento inicial traçado ainda no início do ano.
 
Em entrevista ao Superesportes, o superintendente-geral Paulo Assis explicou esse impacto no orçamento financeiro do Coelho. O documento divulgado pelo clube no mês de fevereiro previa uma receita de R$ 37 milhões.     
 
“A gente está sendo afetado em relação ao fluxo de caixa. Houve uma redução de repasse, mas acredito que a gente não vai ter uma redução no valor final. Dos R$ 37 milhões que a gente estipulou, R$ 12 milhões eram, em média, de negociação de atletas, seja empréstimo, mecanismo de solidariedade ou direitos econômicos. Claro que para que isso aconteça, a gente precisaria estar jogando e nós não estamos. É muito difícil negociar um atleta que não está em atividade. Tem alguns ativos que estão muito valorizados e podem gerar alguns negócios, mas é uma meta difícil cumprir por conta desse enfrentamento do calendário de 2020. A gente está estimando uma perda entre 15% a 30% do valor estimado inicialmente. Nós devemos fechar o ano em torno dos R$ 30 milhões, assim seria uma perda de R$ 7 milhões a R$ 10 milhões. Um impacto bem considerável”, disse.
 
 

As principais receitas do clube provêm da negociação de atletas. No início do ano, o Coelho vislumbrava uma arrecadação de R$ 12.200.000,00, referente a eventuais vendas de direitos econômicos (R$9.220.000,00) e de percentuais de jovens formados no Lanna Drumond, conforme previsto no mecanismo de solidariedade da FIFA (R$3 milhões).  

O mecanismo de solidariedade é uma fonte extremamente importante para o fluxo de caixa do América. Segundo Paulo Assis, o clube recebe um valor que varia entre R$ 2 milhões a R$ 4 milhões proveniente desses percentuais de formação.

“No orçamento que a gente apresentou em Assembleia Geral, a gente tinha previsão de arrecadar R$ 12 milhões em negociações de atletas. O que está dentro dessas receitas? Valores que a gente recebe de mecanismos de solidariedade da Fifa, eventuais empréstimos de atletas e negociações de direitos econômicos. O América recebe um valor entre R$ 2 milhões e 4 milhões todo ano em função do mecanismo de solidariedade. São atletas que foram formados aqui e eventualmente são negociados. Um exemplo é o próprio Richarlison. No início do ano teve uma especulação de compra do jogador pelo Barcelona, os valores especulados à época dariam ao América quase R$ 20 milhões de mecanismo. Então, esse valor está sempre entrando nas nossas receitas”, completou Assis.

Contas equilibradas

Um estudo divulgado pela empresa de auditoria Ernst & Youngapontou um endividamento líquido do América na ordem de R$ 80 milhões. As altas cifras, porém, estão sob controle. Segundo Paulo Assis, 80% equivalem a débitos de longo prazo.  

“Todos os nossos dados financeiros estão no balanço que saiu no dia 30 de abril. O que acontece é que esse questionamento vem a partir de um estudo que a EY fez, o América foi indicado ali com uma dívida de R$ 80 milhões. Tem duas coisas principais. Uma é o perfil da dívida, de curto ou a longo prazo, e qual a origem desse débito. Então, dos R$ 80 milhões que o América tem de endividamento, o clube tem em torno de R$ 40 milhões a 45 milhões de valores tributários, R$ 30 milhões de Profut e R$ 10 milhões a 15 milhões de impostos. Desse percentual, 80% são dívidas de longo prazo, que vão ser pagas até 20 anos e já estão parcelados, já a outra parte são as dívidas de curto prazo”, explicou.

O perfil de dívidas de longo prazo trouxe alívio aos cofres do clube alviverde. No ano passado, o América aprovou uma operação de capital de giro do Banco Semear - patrocinador máster do clube. Tal operação ofereceu como garantia os recebíveis dos aluguéis de duas lojas do Boulevard Shopping, atualmente ocupadas pelo Carrefour. 

Com essa ação, o Coelho pôde pagar algumas despesas de curto prazo e alongou o perfil das dívidas do clube, como detalha o balanço divulgado no fim do mês de abril. 

“A gente tem a expectativa de aprovação de uma medida provisória que vai permitir a inclusão de débitos com o Profut, então, a gente deve parcelar esse valor e não vai ter desembolso de curto prazo. O restante do endividamento são de empréstimos e 90% desses empréstimos são de longo prazo. Um empréstimo que a gente fez em uma operação com o Boulevard Shopping em 120 meses e a outra foi uma operação com o nosso patrocinador máster, uma parte a longo prazo também e que não gera desembolso de juros para o América no curto prazo”, disse. 
 
 

O América agora busca a resolução das dívidas de curto prazo. De acordo com Paulo Assis, o Coelho busca fontes de receitas para honrar os compromissos, que variam entre R$ 15 milhões a R$ 20 milhões.

“A gente tem um desafio a curto prazo que está em torno de R$ 15 a 20 milhões e, obviamente, a gente tem essa tarefa diária de buscar, além de fontes de receita para honrar compromissos, mecanismos de parcelamento dessa dívida para que a gente tenha um fluxo de caixa positivo e para que a gente possa honrar com os compromissos mais prioritários do clube. A dívida do clube está bem equacionada, a gente já teve um perfil muito mais de curto prazo da nossa dívida, mas a gente conseguiu alongar esse perfil da dívida, reduzir o custo também com taxas bem interessantes de empréstimos, então ela está bem equacionada”, concluiu. 

O América segue seu planejamento financeiro em meio à pandemia do novo coronavírus. O clube mantém o pagamento integral do salário de atletas e colaboradores. No entanto, os direitos de imagem dos atletas da equipe profissional masculina (que correspondem a uma parte dos vencimentos) estão suspensos desde março. 

O time feminino, as equipes de base e funcionários do setor administrativo tiveram suspensão dos contratos com base na MP 936. Durante o período, o clube vai complementar a renda oferecida pelo governo para chegar ao valor líquido que esses funcionários recebem mensalmente.

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