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BEBETO DE FREITAS

Políticos e personalidades do futebol e do vôlei dão último adeus a Bebeto de Freitas em velório na sede do Atlético

Corpo do diretor de administração do Galo foi velado na manhã desta quarta-feira, na sede do alvinegro, no bairro de Lourdes; enterro será no Rio

postado em 14/03/2018 12:16 / atualizado em 14/03/2018 13:51

Edesio Ferreira/EM/D.A Press
A manhã desta quarta-feira na sede administrativa do Atlético, no bairro de Lourdes, foi de muita emoção e homenagens a Bebeto de Freitas, que faleceu nessa terça, aos 68 anos, vítima de parada cardíaca. Várias personalidades do vôlei e do futebol, além de políticos ligados à Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) compareceram ao velório do diretor.
 
A cerimônia fúnebre começou às 8h. O primeiro a chegar foi o presidente do Atlético, Sérgio Sette Câmara, seguido do mandatário da Federação Mineira de Futebol (FMF), Castellar Guimarães Neto. Ambos preferiram não falar com a imprensa, que não foi autorizada a acompanhar o velório no interior da sede. Outros nomes, como o ex-jogador e técnico de vôlei Cebola e o também ex-atleta da modalidade, André Heller, também estiveram presentes e resumiram a morte de Bebeto de Freitas como ‘perda irreparável e imensurável’.
 
O elo de Bebeto com o vôlei também foi lembrada por Alexandre Kalil. O ex-presidente do Atlético e atual prefeito de Belo Horizonte falou rapidamente com a imprensa. Com o chefe do executivo, eleito em 2016, Freitas se tornou secretário de Esportes e Lazer. Em dezembro do ano passado, assumu a direção de administração e controle do Galo. Vários secretários da PBH também compareceram ao velório para prestar a última homenagem ao ex-dirigente, assim como grande parte da cúpula atleticana, como o ex-jogador Marques e o diretor de futebol Alexandre Gallo.
 
Ainda muito consternado com a morte repentina de Bebeto, o goleiro Victor esteve no velório representando o grupo de atletas do Atlético. O elenco se prepara para enfrentar o Figueirense, às 21h45, no Independência, em partida válida pela terceira fase da Copa do Brasil. O técnico do clube catarinense, Milton Cruz, também compareceu à sede do Galo.
 
Às 10h30, o caixão com o corpo de Bebeto de Freitas foi colocado dentro de uma van. Escoltado pela Guarda Municipal, o automóvel seguiu para o Aeroporto da Pampulha. Lá, a urna do diretor partiu de avião para o Rio de Janeiro. Às 15h, o velório de Bebeto terá continuação na sede do Botafogo, em General Severiano. O sepultamento será nesta quinta, em horário a ser confirmado.

Veja o momento em que o carro com o corpo de Bebeto deixou a sede do Atlético



Depoimentos sobre Bebeto de Freitas

Alexandre Kalil (ex-presidente do Atlético e atual prefeito de Belo Horizonte)

“Tudo já foi falado sobre o Bebeto. Eu tive o privilégio de trazê-lo da Itália para me ajudar a comandar o futebol do Atlético. Eu digo que o futebol no Brasil nasceu depois do Pelé. Ele existe antes de 1958 e depois de 58. E o voleibol do Brasil existe antes e depois do Bebeto. Pessoalmente, perco um amigo muito leal, muito fraterno que vai fazer muita falta”.

Paulo Lamac (vice-prefeito de Belo Horizonte)

“O Bebeto é uma pessoa que prestou serviços notáveis ao Brasil, é reconhecido no esporte pelo caráter, pela pessoa, pela competência e habilidade. Em BH, esteve conosco na secretaria de Esportes, desenvolveu um trabalho muito importante. Deixa sementes plantadas que germinarão para os próximos anos na capital. É uma grande perda para o país. Era uma pessoa que trabalhava muito para a população”.

Mário Werneck (secretário de Meio Ambiente de Belo Horizonte)

“É um negócio lamentável, que pegou a gente de surpresa. Pelo pouco tempo de convivência pudemos notar a figura humana, impecável, uma pessoa que trouxe uma alegria grande para Belo Horizonte, um trabalho intenso, se preocupava com as comunidades mais carentes. Era um ídolo de todos nós, uma pessoa que reformou conceitos do voleibol. Conversei muito com ele na semana passada, na sala do prefeito, inclusive sobre o Atlético, que é a paixão que nos une. Eu sei que ele é botafoguense, mas ele tinha uma paixão pelo Atlético”.

Alexandre Gallo (diretor de futebol do Atlético)

“Uma tragédia, lamentável. Um grande amigo de 27 anos, trabalhei com ele como atleta também e agora como companheiro de direção de clube. Por incrível que pareça, ontem (terça-feira) pela manhã, conversei com ele por 1 hora por telefone, sempre nos ajudando, nos dando apoio. Foi triste, foi trágico. A gente guarda só coisas boas, pessoa que marcou muito no mundo do esporte, não só no futebol, como no vôlei também, querido por muitos e por nós todos aqui. A gente sofreu bastante com tudo isso, mas a vida vai seguir. Ele está no caminho do Deus, e a gente torce em especial pela família dele. Que os corações estejam confortados”. 

Marques (coordenador das categorias de base do Atlético)

“Sou do início do Bebeto aqui no Atlético, em 1999. Ele chegou para reforçar nosso time. Quem não se lembra do tobogã no Independência? Ele participou muito daquilo, de aumentar a capacidade do estádio. Muito triste. Ontem estávamos no CT muito consternados com toda essa situação. É hora de abraçar a família e os amigos, porque fará muita falta”. 

Milton Cruz (técnico do Figueirense)

“A gente tem que agradecer ao Bebeto por tudo que ele fez pelo esporte. Fui medalha de prata em Los Angeles no futebol e ele também, no vôlei. E, nos momentos de descontração, a gente estava junto, jogava bola com o pessoal do vôlei. Depois, no Botafogo, quando fomos campeões depois de 21 anos, ele foi uma das primeiras pessoas a entrar no vestiário e chorava muito. Ele tinha uma liderança serena, tranquila. O esporte perde um grande líder, comandante. E a gente fica muito triste”. 

Nélio Brant (ex-presidente do Atlético)

“Uma perda muito grande para a gente e para o futebol brasileiro. Foi o primeiro campeão de vôlei no Brasil. Trouxe ele em 1999 para fazer um trabalho de parceria no futebol. Naquela época o futebol era muito fraco. Tinha um faturamento de R$ 6 milhões. O Bebeto conseguiu fazer um grande time, apesar das dificuldades. É uma grande perda para o Galo e para o futebol brasileiro”. 

Humberto Ramos (ex-jogador do Atlético)

“É difícil dizer o quanto (o esporte perde). É uma perda imensurável, não só pela morte do grande esportista, mas do grande homem. Hoje, no mundo em que vivemos, com tantas coisas erradas acontecendo, e pessoas sérias como o Bebeto deveriam estar juntas com a gente dando o exemplo”.

Sérgio Zech Coelho (ex-presidente do Minas Tênis Clube)

“Estamos de luto, porque o Bebeto foi uma pessoa que marcou uma época. Era de uma personalidade muito forte. Tinha suas posições, falava abertamente. Mas era de uma lealdade muito grande. Um caráter muito bom. Sempre visou o melhor para o esporte. Sentimos muito. Ele sempre foi um exemplo para todos nós”.

Alberto Castanheira - Cebola (ex-jogador e técnico de vôlei)

“Foi uma fatalidade. Bebeto deixa um legado no esporte, sobretudo no vôlei, muito grande. A Prefeitura teve um projeto muito bacana iniciado por ele ainda, quando era secretário, e tudo isso vai deixar um legado muito grande. É orar para que a família fique confortável e que o ensinamento dele seja copiado por muitos”. 

Tiago Lacerda (ex-secretário da Copa do Mundo em Belo Horizonte)

“Uma perda muito triste. Bebeto era uma pessoa especial, diferenciada. Tive alguns encontros com ele. Estava abrilhantando o Atlético, teve uma passagem importante na Prefeitura. É uma perda para o esporte mundial. Ficamos consternados. Algo muito repentino. Semana passada estive com ele, almoçamos. Bola para frente e conforto aos familiares”. 

Pelé do Vôlei (ex-jogador de vôlei)

“Tive a oportunidade de trabalhar com o Bebeto de Freitas na Seleção Brasileira de Vôlei, na década de 80, e ele foi o responsável pelo crescimento desse esporte. É uma perda muito grande não só para o vôlei, mas para todo o esporte mundial”. 

Perfil

Jogador de vôlei, treinador, dirigente, presidente e diretor de clube. A relação do carioca Bebeto de Freitas com o esporte é antiga, a começar pelo parentesco com duas personalidades do futebol: ele era sobrinho do jornalista João Saldanha, que dirigiu a Seleção Brasileira nas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 1970, e primo de primeiro grau de Heleno de Freitas, que atuou pelo Botafogo nos anos 1940 e 1950.

Mas sua carreira se tornou emblemática no vôlei, esporte pelo qual ganhou respeito e se tornou consagrado em todo o mundo. Ele foi ponteiro do próprio Botafogo, tendo conquistado 11 estaduais nas décadas de 1960 e 1970. Depois, se tornou técnico da geração de prata, que conquistou o vice-campeonato na Olimpíada de 1984, em Los Angeles. Também participou dos Jogos Olímpicos de 1988, em Seul, perdendo a medalha de bronze para Argentina.

Bebeto também treinou o Maxicono Parma, da Itália, de 1990 a 1995, e se tornou técnico da Seleção Italiana em 1997 e 1998, conquistando o título da Liga Mundial em 1997.

A amizade com o prefeito de Belo Horizonte e ex-presidente do Atlético, Alexandre Kalil, o aproximou do clube mineiro. Inicialmente, foram duas passagens para trabalhar como manager do clube, em 1999 e 2001, na gestão do então presidente, Nélio Brant. Os resultados do Galo no período foram expressivos a nível nacional, já que o alvinegro foi vice-campeão brasileiro de 1999 e quarto lugar em 2001.

Em 2002, ele voltou ao Botafogo, o clube do coração. Por breve período naquele ano, se tornou diretor, mas se afastou do cargo rapidamente ao demonstrar interesse em se candidatar à presidência no fim da temporada. O período como mandatário do clube carioca foi muito positivo, já que conseguiu reestruturar as contas financeiras e trazer investimentos para o futebol. Além de devolver o time carioca à elite do futebol brasileiro, em 2003, conquistou o Campeonato Carioca de 2006 e da Taça Rio em 2007 e 2008. Outra importante conquista de Bebeto foi a concessão do Engenhão para o alvinegro.

Bebeto voltou ao Atlético em 2009 para trabalhar novamente com Alexandre Kalil, que acabara de assumir a presidência. Como diretor-executivo, ajudou a elevar o orçamento do clube e formalizar novas parcerias.

Com a eleição de Kalil para a prefeitura de Belo Horizonte, Bebeto se tornou secretário de Esportes e Lazer. Deixou o cargo em dezembro para assumir a diretoria de administração e controle do Galo, na gestão de Sérgio Sette Câmara.

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