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Presidente do Atlético cobra bom senso da Fifa em execução de dívida por Maicosuel

Sette Câmara pediu prazo de 6 meses para pagamento de 1,8 milhão de euros

postado em 13/04/2020 12:50 / atualizado em 13/04/2020 15:13

(Foto: Bruno Cantini/Agência Galo/Atlético)
O Atlético pediu à Fifa uma carência de seis meses para pagar a dívida de 1,8 milhão de euros - cerca de R$ 10 milhões - pela contratação do meia Maicosuel à Udinese, da Itália, em maio de 2014. Em entrevista à Rádio Itatiaia, o presidente Sérgio Sette Câmara disse que o clube dispõe do recurso destinado ao compromisso, porém solicita o protelamento em razão da crise econômica provocada pela pandemia do novo coronavírus. Recentemente, a entidade máxima do futebol condenou o Galo em última instância a honrar o débito no fim de abril.

“O torcedor do Atlético pode ter ficado em polvorosa por conta dessa informação, mas posso tranquilizar que o dinheiro para pagar a Fifa na condenação do Maicosuel, como tem sido na nossa gestão, já está separado. Na verdade, nós estamos tentando junto à Fifa um prazo de seis meses para pagamento dessa dívida. Uma dívida que também não foi na minha gestão, é mais uma dívida de gestões anteriores que temos de assumir e pagar. Infelizmente não podemos investir tanto quanto gostaríamos no time por conta disso”, disse Sette Câmara.

“Nosso advogado (Breno Tannuri) está tentando um recurso para que a Fifa não execute a decisão num período de pelo menos seis meses, para que possamos usar esse recurso nesse momento inesperado de crise, onde os clubes não têm receita de televisão, de venda de jogadores, de venda de camisas, de pay-per-view, de bilheterias. Infelizmente não há receita alguma. Infelizmente não tenho fórmula mágica para obter receitas”, complementou o dirigente.

A pandemia de COVID-19, doença causada pelo coronavírus, contaminou milhares de pessoas em todo o mundo e obrigou países a adotarem medidas emergenciais, como isolamento social, em que funcionam apenas os serviços essenciais, e auxílio financeiro à população por meio de programas de distribuição de renda. As competições esportivas, que envolvem aglomerações de espectadores em ginásios e estádios, foram paralisadas e geraram perdas econômicas às agremiações. Por essas razões, Sette Câmara cobrou bom senso da Fifa na execução da decisão.

A solicitação é para bom senso da Fifa num tempo em que contratos de trabalho estão sendo suspensos, tributos, contratos de locação e prestações de bancos estão sendo postergadas. É uma praxe adotada em todos os segmentos, em todos os tipos de negócio, mas a Fifa não. Ela entende que, nesse caso, não tem que fazer nenhum adiamento. Quer dizer, falta bom senso numa hora dessas para ajudar os clubes”.

De acordo com o presidente do Atlético, os R$ 10 milhões reservados à dívida por Maicosuel poderiam, por exemplo, garantir as funcionários que recebem de “dois a três salários mínimos” nos próximos meses. Sérgio Sette Câmara ainda chamou a atenção para a entrevista do ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta ao Fantástico, da TV Globo, sobre “maio e junho serem muito duros para o Brasil” em relação ao avanço da COVID-19.

“O discurso do presidente é no sentido de que só teremos futebol quando todo mundo estiver tranquilo e as organizações de saúde autorizarem. Ontem mesmo ouvimos uma declaração do ministro da saúde, Luiz Henrique Mandetta, que os meses de maio e junho serão de dificuldade para nós aqui. Então estamos vislumbrando voltar a jogar bola em julho, na melhor das hipóteses. Como os clubes vão viver até lá? Estamos buscando encontrar recursos, depósitos judiciais e outras coisas mais para pagar o funcionário do dia a dia. O Atlético tem muitos funcionários que ganham dois ou três salários, e não quero deixar essas pessoas, são quase 500 famílias, na mão. Esse recurso poderia ser utilizado para isso, ajudaria demais. Mas a Fifa entende que vamos deixar o clube e as pessoas sem receber”.

A disputa judicial envolvendo Atlético e Udinese é longa. Em 2016, o clube italiano abriu processo na Fifa cobrando 4,5 milhões de euros por parcelas referentes às vendas de Maicosuel, em 2014, e do lateral-esquerdo Douglas Santos, em 2015. Ambas as contratações ocorreram sob a gestão do ex-presidente Alexandre Kalil, hoje prefeito de Belo Horizonte e opositor político de Sérgio Sette Câmara no Galo.

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