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Sette Câmara lamenta herança de dívidas no Atlético: 'Pagar jogador na Fifa não dá ibope'

Dirigente diz que já pagou quase R$ 50 milhões em dívidas de contratações

postado em 14/04/2020 07:00 / atualizado em 14/04/2020 08:43

(Foto: Bruno Cantini/Atlético)

Sérgio Sette Câmara assumiu a presidência do Atlético no fim de 2017 com um discurso de austeridade. O dirigente disse que o primeiro objetivo de sua administração era sanar as dívidas de gestões anteriores. Na última semana, o clube foi condenado a pagar mais uma: a compra de Maicosuel, realizada em 2014, junto à Udinese, da Itália. Se não quitar 1,8 milhão de euros (cerca de R$ 10 milhões) até o dia 28 de abril, o Galo poderá começar o Campeonato Brasileiro deste ano com -3 pontos.

O presidente cobrou bom senso da Fifa. Afinal de contas, com a paralisação do futebol mundial em função da pandemia do novo coronavírus, as receitas estão escassas. O clube opta por pagar os seus funcionários. Desta forma, o Atlético tenta um recurso para que a decisão não seja executada nos próximos seis meses.

Além da dívida de Maicosuel, Sette Câmara assumiu o Atlético com outras questões financeiras pendentes. Alguns casos foram cobrados na Fifa: contratações de Cáceres, junto ao Boca Juniors, da Argentina, em 2010; Diego Tardelli, do Al-Gharafa, do Qatar, em 2013; Douglas Santos, da Udinese, em 2014; e Otero, do Huachipato, do Chile, em 2017.

De acordo com Sette Câmara, só o pagamento de dívidas antigas custou cerca de R$ 50 milhões aos cofres do clube. “Desde que assumi o Atlético, fizemos quase R$ 50 milhões em pagamentos na Fifa. Temos demonstrado responsabilidade de gestão. O Atlético não é clube que dá calote, o Atlético cumpre seus compromissos”, disse o presidente, em entrevista à Rádio Itatiaia.

O presidente lamentou a desvalorização do seu trabalho no clube. De acordo com Sette Câmara, o torcedor só valoriza quem 'contrata jogador sem pagar e conquista títulos'.

“Já estamos há algum tempo fazendo um trabalho no Atlético de reestruturação, vocês sabem disso. Quem acompanha mais de perto o Atlético sabe o quanto eu tenho trabalhado para diminuir nossa dívida. Recebi herança grande de dívida do passado e estou tentando reajustar. Não é fácil. É como o governante que faz esgoto: ninguém sabe porque está debaixo do asfalto. Sair pagando jogador na Fifa não dá ibope. O que dá ibope é sair contratando jogador, não pagar e ganhar título. Tem muita gente que faz isso, mas não vai ser o meu caso”, completou.

Apesar de não ser unanimidade entre os torcedores do Atlético, Sette Câmara promete manter a linha de trabalho no clube. Ele acredita que o clube vai ter uma situação mais equilibrada no fim de 2020.

“Tenho uma gestão séria, correta, estamos tentando ajustar as contas do Atlético a duras penas devido às dificuldades que estamos encontrando. Tentamos manter um time razoável nesse período. Agora que estávamos começando a dar uma respirada, veio essa questão do coronavírus. Mas quando for embora, tenho certeza que nossa torcida nos ajudará bastante. Vamos voltar a respirar no fim do ano, em uma situação bem equilibrada”, concluiu.

Nos dois primeiros anos da gestão no Atlético, Sette Câmara efetuou a maior contratação (em termos de valores) da história do clube: o colombiano Yimmi Chará, que custou cerca de R$ 27 milhões - o jogador foi vendido por valores próximos no início de 2020. A maioria das outras negociações não teve impacto e o resultado não foi satisfatório.

Para esta temporada, o presidente investiu em reforços, mas o início de ano foi desastroso, com eliminações precoces na Copa do Brasil e na Copa Sul-Americana. Após os vexames, Sette Câmara deu a cartada final, mudando diretoria de futebol e comissão técnica em busca de resultado significativo no Campeonato Brasileiro.

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