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CAMPEONATO BRASILEIRO

Mesmo sem torcida, visitantes não aproveitam o Brasileirão de 'portões fechados'

Neste ano, em 103 partidas, os mandantes venceram 45% dos encontros, os visitantes ganharam 26% e em 29% houve empate

postado em 21/09/2020 16:23 / atualizado em 21/09/2020 16:32

(Foto: Pedro Souza/Atlético)
Principal novidade para o Campeonato Brasileiro deste ano, a realização de jogos com os portões fechados por medida de segurança contra a pandemia do novo coronavírus não interferiu até agora no aproveitamento dos times. A atual competição completou no último final de semana 100 jogos disputados e em comparação aos números do ano passado a porcentagem de vitórias dos visitantes continua idêntica e houve alteração de apenas três pontos porcentuais nos empates e vitórias de mandantes. Ou seja, até agora a ausência de torcida quase nada impactou.

A reportagem analisou os dados dos jogos disputados até o último final de semana e observou também as informações das 10 últimas edições do Brasileirão, todas realizadas com a presença de torcida nos estádios. Neste ano, em 103 partidas, os mandantes venceram 45% dos encontros, os visitantes ganharam 26% e em 29% houve empate. Ao longo de 2019, os números nas 38 rodadas foram muito parecidos: quem jogou em casa levou a melhor 48% das vezes, perdeu em 26% das ocasiões e em outras 26% houve empate.

Na comparação entre os números dos jogos disputados até agora em comparação à última década, a diferença também é pequena. De 2010 a 2019, os mandantes ganharam 49% dos jogos disputados pelo Brasileirão, foram derrotados em 24% e ficaram no empate em 27% das ocasiões. Portanto, se antes da competição havia a expectativa de que jogar com portões fechados poderia representar um ganho para quem não atuava em casa, até agora isso não se concretizou.

"O Campeonato Brasileiro está muito equilibrado. Por mais que não tenha torcida para apoiar os times, quem joga em casa continua com a vantagem de conhecer o estádio, de não ter precisado viajar e de estar na sua cidade", explicou o diretor de futebol do Sport, Chico Guerra, ao analisar os números. "Eu ainda acho que jogar sem torcida pode ter uma interferência, sim", comentou.

O técnico do Palmeiras, Vanderlei Luxemburgo, também concorda que a ausência de torcida altera bastante o ambiente e o comportamento do time em campo. Ele prevê que o impacto dos portões fechados ainda poderá ser sentido mais adiante na temporada. "Acho que a falta do torcedor de fazer o time ir para cima, de jogar com o time, faz falta para todos os times. Os resultados mostram que a vantagem de jogar em casa não tem sido tão grande e é por isso que o Campeonato Brasileiro está bem 'embolado'. É um ambiente bem diferente do que estamos acostumados", explicou.

A ausência de torcida virou uma preocupação tão grande para os clubes que vários deram um jeito de buscar compensar a falta de público com DJs e operadores de áudio. A gravação do som de torcida e a tentativa de criar uma atmosfera de público foram manteira de deixar os estádios com aspecto mais próximo ao normal e fazer os jogadores sentirem em campo o clima de um jogo oficial, e não de treino.

Um aspecto curioso é que em outros países a ausência da torcida como medida de distanciamento social teve impacto bem significativo. O Centro Internacional de Estudos Esportivos (CIES), na Suíça, fez um estudo mês passado para mensurar se houve diferença no aproveitamento dos mandantes. Os pesquisadores estudaram os resultados de 63 ligas entre janeiro de 2015 e março de 2020 e compararam os números com os resultados depois da retomada.

No Campeonato Alemão, os times da casa passaram a ganhar 14,1% menos dos jogos. Na Espanha a queda foi de 6,1%. A maior diferença foi registrada na Grécia: 15,1%. Dos 63 campeonatos pesquisados, em 41 os mandantes perderam a força quando atuaram para estádios vazios.

Por enquanto no Brasil não há uma estimativa de quando a torcida poderá comparecer novamente nos estádios. Uma das principais preocupações da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) é que justamente o retorno do público possa ser feito ao mesmo tempo em todos os Estados, justamente para se ter igualdade de condições para os 20 participantes.

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