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'O que tinha que falar, já falei', diz Cuca sobre caso de violência sexual

Apresentado pelo Atlético, treinador disse que só se pronunciou publicamente sobre o episódio em 2021 porque 'em 2020, ninguém tinha me perguntado nada'

postado em 16/03/2021 18:02 / atualizado em 16/03/2021 20:52

(Foto: Pedro Souza/Atlético)
Antes de ser anunciado como treinador do Atlético, Cuca se viu pressionado a quebrar o silêncio sobre um episódio de violência sexual ocorrido há 34 anos, que voltou à tona em 2020. Mas por que se pronunciar só em 2021 - em meio às negociações com o clube alvinegro e a rejeição de parte da torcida - e não meses antes, quando o assunto retornou ao debate público?


Cuca foi questionado. Na resposta, disse não ter sido perguntado sobre o caso no ano passado e, por isso, só se pronunciou em 2021. Porém, reportagens veiculadas em 2020 afirmam que procuraram o treinador, que, por meio da assessoria, optou por não falar a respeito do episódio conhecido como ‘escândalo de Berna’.

“Em 2020, ninguém tinha me perguntado nada. Só por isso. Em 2021, houve esse questionamento. O mundo hoje é diferente. Eu trabalhei aqui (em Minas Gerais) em 2010, 2011, 2012 e 2013, e nunca foi questionado nada sobre isso há oito, nove anos. Hoje, é questionado”, disse.

“E a gente tem que entender que são tempos diferentes. Expus a minha família de ordem indireta à frente das câmeras para falar disso. Não devo nada e, para mim, já é um assunto superado”, completou o treinador.


O vídeo ao qual Cuca fez referência é um depoimento que gravou ao lado da esposa Rejane e das filhas Mayara e Natasha, no início de março. Nas imagens, o treinador se diz inocente, embora tenha sido condenado a 15 meses de prisão por violência sexual contra pessoa vulnerável (com menos de 16 anos).

“Venho neste momento falar de uma coisa que me incomoda muito, porque há 34 anos houve um episódio comigo. Essas coisas aconteceram há 34 anos e hoje elas estão vindo como se tivessem acontecido hoje e eu fosse condenado e culpado. Para resumir: eu não tenho culpa nenhuma de nada, nunca levantei um dedo indevidamente ou inadequadamente para alguma mulher", disse, ao Blog da Marília Ruiz, do Uol.

Em outro momento da coletiva desta terça-feira, Cuca afirmou que ‘já falou’ o que ‘tinha que falar desse tema’. “Acho que esse assunto tem que ser debatido sempre, em todos os sentidos, não só no futebol. Eu postei a minha família na frente da câmera e dei meu depoimento. Falei o que eu tinha que falar”, disse.

“Sou uma pessoa do bem, não preciso ficar falando isso aqui. Já treinei em Minas quase quatro anos, primeiro Cruzeiro e depois Atlético. Aqui, fiz muitas amizades e acho que nenhuma inimizade. O que eu tinha que falar desse tema eu já falei, junto com toda a minha família. É uma coisa que ocorreu há 34 anos e é um episódio que já está superado. Vida que segue”, completou.


O caso


O treinador se envolveu num episódio policial ocorrido em 1987, em Berna, na Suíça, quando era jogador do Grêmio. À época, uma garota de 13 anos acusou de estupro coletivo Alexi Stival (Cuca) e outros três jogadores: Eduardo Hamester, Fernando Castoldi e Henrique Etges.
 
Em 1989, os quatro foram condenados não por estupro, mas por violência sexual contra pessoal vulnerável (com menos de 16 anos). Embora não tenha sido reconhecido pela garota, Cuca pegou 15 meses de prisão, mas não cumpriu a pena, já que o Brasil não extradita seus cidadãos. Em 2004, a possibilidade de execução expirou.

Por conta desse caso, vários torcedores do Atlético (entre eles, grupos formados por mulheres) se manifestaram contra a contratação de Cuca. A tag #CucaNão esteve entre os assuntos mais comentados do Brasil no Twitter.

Após o primeiro posicionamento do treinador (vídeo ao Uol), grupos de torcedores que haviam impulsionado a tag contra o retorno de Cuca voltaram às redes sociais. Parte deles manteve as críticas às declarações do treinador. Foi o caso, por exemplo, da Grupa, um coletivo de atleticanas, que publicou uma nota sobre o tema.

"A postura do treinador em não assumir, não se desculpar, apagar a mancha que não se apaga apenas reitera o seu descaso, o da diretoria atleticana e de todos que o apoiam em relação à manutenção de uma situação de violência constante de desrespeito à mulher e a continuidade de um comportamento de eximir a responsabilidade dos atletas", lê-se em um trecho da nota.

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