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Ex-diretor relata reclamações de Sampaoli com perguntas da imprensa

Depois da saída de Domênico Bhering da diretoria de comunicação, perguntas feitas ao treinador foram alteradas pela assessoria

postado em 28/03/2021 17:50 / atualizado em 28/03/2021 18:25

(Foto: Pedro Souza/Atlético)

Ex-diretor de comunicação do Atlético, Domênico Bhering falou pela primeira vez sobre casos de censura sofridos pela imprensa mineira durante a passagem do técnico Jorge Sampaoli pelo clube. O treinador argentino ficou incomodado com questionamentos feitos pelos jornalistas após o empate com o Grêmio, por 1 a 1, pela 31ª rodada do Campeonato Brasileiro de 2020. Em jogos seguintes, algumas perguntas foram alteradas e tiveram o ‘tom’ amenizado pela assessoria de comunicação do alvinegro. 

Um caso que ficou marcado foi após o empate por 0 a 0 com o Fluminense, no Maracanã, pela 35ª rodada do Brasileiro. Por conta dos protocolos de segurança durante a pandemia de COVID-19, as perguntas para entrevistas pós-jogo são enviadas pelos repórteres à assessoria de imprensa do Atlético, que as lê para o treinador.

A reportagem do Superesportes enviou a seguinte pergunta para ser lida pela assessoria alvinegra: "Sampaoli, muito se fala sobre sua possível saída para o Olympique de Marseille, da França. O que você tem a falar sobre esse assunto, já que, ao mesmo tempo, trabalha na montagem do planejamento do Atlético para a próxima temporada?".
 
Porém, a pergunta foi modificada por um profissional da TV Galo (canal oficial do clube alvinegro), que não citou nominalmente o Olympique de Marseille. "Você é um treinador mundialmente conhecido e, naturalmente, o seu nome é sempre especulado no mercado internacional. O que você pode falar sobre esses interesses que surgem?”, questionou.
 
Na época do jogo (10 de fevereiro), Domênico já não era diretor de comunicação do Atlético (ele foi demitido em 22 de janeiro, após mais de 20 anos de serviços prestados ao clube). Antes de sair, ele insistiu para que as perguntas da imprensa não fossem alteradas, mesmo após as reclamações de Sampaoli com o presidente Sérgio Coelho e o diretor Rodrigo Caetano.

“No jogo com o Grêmio lá, do 1 a 1, eu recebi as perguntas do Cássio Arreguy (assessor de imprensa do clube). A imprensa manda as perguntas para o Cássio, ele não edita as perguntas, ele arruma porque às vezes existem perguntas parecidas que ele coloca as duas em uma só, e me manda. Eu pego as perguntas lá no Whatsapp, o Sampaoli senta e eu faço as perguntas. Eu não sei de quem são as perguntas. E fiz as perguntas para o Sampaoli após o empate com o Grêmio. Ele não gostou, porque as perguntas foram duras. Mas é um direito da imprensa. Se a imprensa estivesse presente lá, faria as mesmas perguntas”, disse, em entrevista à Web Rádio Galo.

E complementou: “Ele reclamou das perguntas feitas pela assessoria com o Sérgio Coelho, reclamou com o Rodrigo Caetano. E fui saber disso depois. Tive oportunidade de falar isso com algumas pessoas, não censurem, não cortem perguntas. A gente não está aqui para fazer isso, estamos aqui para ler as perguntas. Se o treinador se sentiu ofendido com a pergunta e não quer falar, ele só diz que não responde, ponto. É direito dele também”.


Críticas a Andreata


Na mesma entrevista, o ex-diretor de comunicação disparou contra Gabriel Andreata, gerente de futebol da equipe alvinegra durante a ‘era Sampaoli’.
 
De acordo com Bhering, no entanto, Andreata jamais cumpriu o papel como gerente. “Nunca trabalhei com uma mala maior do que o cara chamado Andreata. É um cara que foi extremamente nocivo ao Sampaoli. Se o Sampaoli soubesse o que o cara é. Porque é aquele cara que blinda o Sampaoli”, disse Domênico.

“Só não carrega a mala - se é que não carregava a mala do Sampaoli. Ele era um secretário do Sampaoli. Ele não era gerente de futebol. Ele era secretário do Sampaoli. Ele era um cara que veio para blindar o Sampaoli o dia inteiro de tudo. E muitas vezes o Sampaoli não sabia o que estava acontecendo”, relatou.

Andeatta chegou ao Atlético junto com Sampaoli, em março de 2020. O profissional também havia trabalhado com o técnico no Santos, em 2019, e era o responsável por fazer a ligação entre o argentino e demais setores da direção alvinegra. 
 
Em novembro do ano passado, o então gerente de futebol protagonizou um episódio que fez o Sampaoli balançar no cargo. Em meio à pandemia de coronavírus, Andreatta promoveu um jantar com profissionais do clube. Dias depois, o Atlético viveu um surto de COVID-19 no elenco. Na época, o dirigente se defendeu de suposta “condenação sem provas”.
 
Sampaoli e Andreata deixaram o Atlético após a última rodada do Campeonato Brasileiro. Cuca assumiu o comando técnico, enquanto o ex-goleiro Victor, que se aposentou dos gramados, virou gerente de futebol do Galo. 

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