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Atlético quer evitar milagre onde papa saudou multidão e ouviu Luiz Gonzaga

Castelão, que recebeu cerca de 122 mil pessoas durante visita de João Paulo II ao Ceará, será palco da semifinal da Copa do Brasil; Fortaleza precisa golear

postado em 26/10/2021 18:57 / atualizado em 26/10/2021 23:22

(Foto: Reprodução/TV Grande Rio)
Do lado de fora, 1,2 milhão de pessoas o aguardavam ansiosamente. Antes de atendê-los, João Paulo II era saudado por Luiz Gonzaga, o 'Rei do Baião', em um palco montado no gramado do Castelão. Cerca de 122 mil pessoas se amontoavam nas antigas arquibancadas para tentar vê-los de perto. Afinal, era a primeira - e até agora única - vez de um papa no Ceará. Era o ápice do catolicismo local em um palco que, nesta quarta-feira, receberá milhares à espera de um "milagre" do Fortaleza contra o Atlético.



Não serão tantos, é claro, quanto naquele histórico 9 de julho de 1980. Até o meio da tarde dessa terça,  pouco mais de 7 mil haviam garantido ingresso  para o jogo de volta da semifinal da Copa do Brasil. A partir das 21h30, os donos da casa, empurrados pelos fiéis torcedores, tentam uma reviravolta que beira o inimaginável.  Goleado por 4 a 0 na partida de ida no Mineirão , o Fortaleza precisa de uma vitória por cinco gols de vantagem para avançar à decisão - ou quatro para levar a disputa para os pênaltis.

"A gente sabe que é muito difícil. A gente já sabia que seria difícil antes mesmo do primeiro jogo, pelo poderio do Atlético. Após o primeiro jogo, a situação se complicou mais, uma diferença muito grande a ser tirada, mas vamos lutar até o final. A história mostra viradas improváveis que ficam na memória do torcedor, do futebol como um todo. É isso que a gente vai buscar", declarou o presidente do Fortaleza, Marcelo Paz, em entrevista ao Superesportes .

(Foto: João Vítor Marques/EM/D.A Press)

Visita do papa


Há 41 anos, o polonês Karol Wojtyla desembarcou no antigo Aeroporto Pinto Martins no início da manhã e cumpriu a deferência que lhe era característica: beijou o solo da capital cearense. O papa foi recebido por diversas autoridades, entre elas o então governador Virgílio Távora. Em seguida, rumou em comboio até o Castelão, inaugurado menos de uma década antes, em 11 de novembro de 1973.

João Paulo II foi recebido com alvoroço pelos cerca de 122 mil fiéis, recorde de público do estádio. E um deles era ninguém menos que Luiz Gonzaga, ícone da música nordestina e brasileira. O pernambucano de Exu tem história muito vinculada a Fortaleza, cidade onde ingressou no Exército em 1930 - tempos antes de se mudar para o Rio de Janeiro e começar a efetivamente ganhar a vida com a voz e a sanfona.

Gonzagão já era um símbolo musical brasileiro quando saudou o papa com a canção Obrigado, João Paulo (ouça abaixo), composta especialmente para a visita do pontífice ao Brasil. Antes de passar pelo Ceará, o polonês esteve em Belo Horizonte e outras capitais ao redor do país. Em seguida, o 'Rei do Baião' emendou, sem muito planejamento, a icônica Asa Branca , um dos "hinos" nacionais.


Ainda pela manhã, o papa deixou o estádio lotado, que registrou várias cenas de confusão, com arrombamento de portões e morte de três mulheres pisoteadas. Depois do almoço, voltou ao local para celebrar a missa diante de mais de 1 milhão de pessoas na área externa do Castelão. Era a abertura do X Congresso Eucarístico Nacional, manchete dos principais veículos de comunicação da época.

No dia seguinte, teve breves encontros com bispos e outros representantes da igreja antes de ir ao aeroporto, de onde voou até Manaus. Era o fim da visita do papa, que protagonizou um dia de fé no local mais sagrado do futebol cearense - terreno em que o Atlético tentará, a todo custo, evitar o milagre tricolor.

(Foto: Reprodução/O Povo)

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