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Adilson Batista vê no projeto de 'salvar' o América a redenção de sua carreira como técnico

Técnico já deve dirigir o time contra o Internacional, na quinta-feira

postado em 24/07/2018 20:38 / atualizado em 24/07/2018 21:47

Juarez Rodrigues/EM/D. A Press
O América reabriu as portas do futebol ao técnico Adilson Batista nesta terça-feira e, como resultado dessa aposta, quer encerrar o ano na Série A do Campeonato Brasileiro. A missão do novo comandante é das mais complicadas. Assume o time na 17ª posição, na zona de rebaixamento, com jogos pesados pela frente e algumas perdas no grupo, como o meia Serginho, negociado com o futebol japonês. Mas, para quem ficou três anos fora do mercado, essa é justamente a chance de dar a volta por cima na carreira e reconquistar o prestígio.

O contrato assinado com o América até dezembro é uma espécie de ajuda mútua. “Eu tomei algumas decisões erradas e isso acaba contribuindo, atrapalhando e prejudicando. Então, quero vivenciar aqui uma retomada num grande clube. Agradeço a oportunidade e vou encarar esse desafio como um jovem, aos 50 anos, com um tesão de voltar a realizar aquilo que mais dá prazer, que é vivenciar o futebol, o dia a dia”, disse Adilson Batista, nesta terça-feira, em sua apresentação no CT Lanna Drumond.
O último trabalho de Adilson Batista foi no Joinville, em 2015. Desde então, ele recebeu algumas propostas que não vingaram. O técnico citou interesses de Sport, Bahia e Ponte Preta. Agora, no América, sem muito tempo para implantar sua filosofia, ele admite que aproveitará a base deixada por Enderson Moreira e mantida por Ricardo Drubscky, que só ficou no cargo nas derrotas para o Cruzeiro (3 a 1) e Paraná Clube (1 a 0).

”O time já tem metodologia, organização, automatização, já tem quase um sistema. Isso, também, a gente quando chega, tem que ter alguns cuidados. Hoje, você vai ouvir mais, conversar mais para intervir na hora certa. Enderson eu conheço, ótimo profissional, o Ricardo, então, é tudo a mesma linha, a gente está no mesmo colégio, estamos estudando juntos (risos). Eu quero dar sequência. Evidente que algumas situações que acho importante, eu vou colocar. Espero que seja o mais rápido possível. Quero que o time seja competitivo, que se entregue, mas que jogue futebol. É possível”, declarou.

Pelo que conhece do elenco, Adilson deu esperança ao torcedor de que o América cumprirá o planejamento feito no começo do ano se manter na Série A . “Temos muito bom elenco, jogadores experientes, com jovens de potencial. Eu disse isso a eles. É um elenco que você olha nos olhos e sabe que a bola não vai queimar, não vão se esconder, isso pra mim já é importante. É atitude, comprometimento, passar para o torcedor e para o adversário que ele precisa te respeitar. São jogadores rodados. Com trabalho no dia a dia, com organização, eu acredito num crescimento”.

O primeiro desafio de Adilson Batista no América será contra o Internacional, na quinta-feira, às 20h, no Independência, pela 15ª rodada do Campeonato Brasileiro. A presença dele no banco depende apenas da regularização no Boletim Informativo Diário (BID) da CBF. “Vamos trabalhando jogo a jogo. Eu vou vivenciar o Internacional, consumir Internacional, consumir América, para que a gente consiga realizar o que tenho em mente e passar para a diretoria, que acreditou no potencial, no trabalho, na experiência”. 

Sua recomendação ao grupo será evitar desespero após essa entrada da zona de rebaixamento, depois da 14ª rodada. “Calma, equilíbrio, tranquilidade, organização, serenidade. A gente está muito próximo (de sair). Tem que ter organização. Sem organização, as coisas pioram. A gente precisa estar bem concentrado e organizado para sair dessa situação”.

Leia, a seguir, a entrevista de Adilson Batista na íntegra: 

O que te fez aceitar o convite do América?

”Boa noite a todos, é um prazer revê-los, é uma satisfação voltar a Belo Horizonte, onde eu tenho um carinho muito grande pelas pessoas, pelo povo. Esse convite foi feito ontem à noite, pelo presidente e pelo Ricardo. O que fez foi a vontade de voltar a trabalhar, a mostrar o trabalho, a mostrar o potencial, acreditar naquilo que eu sei do clube, daquilo que o clube vem fazendo, daquilo que eu vi dos atletas, pelo nível de jogadores que tem, experientes, mesclado a jovens que têm potencial, e por acreditar sempre no trabalho. Então, é uma nova oportunidade, eu agradeço esse convite, eu já tinha recebido outra vez, não foi possível, e agora é encarar esse desafio com todo o entusiasmo, com toda vontade, de procurar ajudar, que todos nós possamos sair e conseguir o nosso objetivo, que foi planejado, traçado, é com esse intuito que eu venho para o América, com o maior respeito à instituição, tendo a vontade de acertar, de procurar fazer o meu melhor, me dedicar, para que a gente retome o caminho do excelente trabalho feito aqui com Enderson, Luís Fernando (Flores), o próprio Drubscky na organização, o trabalho da direção, a gente já acompanhou ao longo dos anos anteriores, e o início promissor, aí teve algumas dificuldades que às vezes faz parte, o presidente explicou bem, com propriedade, que as perdas foram prejudiciais à questão de pontuação, então, é com esse intuito que venho, venho satisfeito, contente, com entusiasmo, com vontade de trabalhar e fazer o melhor pelo América hoje.

Você conhece o time do América? E como será o trabalho para consertar o avião em pleno voo?

Vamos ter dois jogos seguidos, depois teremos três semanas cheias. Então, nesse primeiro momento, Drubscky e Felipe Conceição (auxiliar) ajudando, evidente que você acompanhando pela televisão é uma coisa, o dia a dia é outra situação, mas conheço grande parte do elenco, alguns trabalharam comigo, é grupo experiente, sabedor daquilo que precisa, então, já começamos na próxima quinta-feira, compromisso importante, para vencer o Internacional.

Você ficou um tempo sem trabalhar. O que vinha fazendo desde 2015?

Desde o trabalho com o Joinville (encerrado em julho de 2015), eu recebi algumas propostas, não foram concretizadas, de alguns clubes, também quase saí (para o exterior), não foi possível. Estava estudando, acompanhando, terminando os cursos, fazendo estágio, viajando, acompanhando trabalho no exterior, trocando informações com pessoas que eu acho que acrescentam na nossa função, curtindo a família, aproveitando os amigos, as filhas, a esposa, jogando tênis. Tem tanta coisa que também é importante a gente fazer, porque isso aqui consome demais a gente. Quando recebi o telefonema ontem à noite, a gente não dorme, a gente começa a pensar, vivenciar, a se preocupar, a planejar para que a gente consiga executar o que a gente tem em mente. Ao longo desses anos a gente aprende que às vezes a simplicidade acaba facilitando a nossa vida e é o que penso em fazer aqui também.

Como vê o projeto do América de se manter na Série A?

Projeto sólido. A gente vê a ambição do clube, os objetivos, a ideia, o centro de treinamento moderno, desde o trabalho da recuperação já tinha caído, manteve o Enderson, fez uma ótima campanha, foi campeão da Série B, vinha bem, então, a gente vê que tem planejamento, tem uma organização e é super importante, temos que valorizar isso.

Você volta a trabalhar após três anos. O que o Adilson de hoje tem de diferente daquele Adilson de três anos atrás ou do Adilson vice-campeão da Libertadores com o Cruzeiro, em 2009?

Todos nós vamos crescendo, aprendendo, profissionalmente me enriqueceram esses cursos, abriram a mente, a troca, as informações. Agora, você depende de outros fatores. São vários fatores que fazem o crescimento do profissional. Nós acabamos às vezes fazendo algumas escolhas erradas, tomando algumas decisões erradas, se equivocando, nós também erramos, e confesso que também errei em carga de trabalho, em alguns detalhes. Isso você precisa rever dentro da sua carreira. Nesses três anos, eu quase concretizei cinco situações em outros clubes, foi por detalhes, mas teve ligação do dirigente do clube, eu não estava descartado. Eu estava no mercado e estava estudando, aprendendo, para que, no momento oportuno, surgindo uma grande oportunidade...com um clube que conheço, tenho respeito, porque trabalhei aqui, morei em BH quase nove anos, trabalhando dos dois lados, então aceitei esse desafio com o maior carinho e respeito.

Importância desses seis meses de contrato para a reconstrução da sua carreira

Vamos trabalhando jogo a jogo. Eu vou vivenciar o Internacional, na próxima quinta-feira, consumir Internacional, consumir América, para que a gente consiga realizar o que tenho em mente e passar para a diretoria, que acreditou no potencial, no trabalho, na experiência, então é esse que é o meu objetivo. Vivenciar jogo a jogo, porque não é fácil ficar três anos desempregado. Eu agradeço à família, à estrutura que tenho, aos pais, aos amigos, às coisas que a gente faz, que gosta, que pratica, os esportes, ciclismo, tênis, natação, às coisas que a gente tem, que construiu, as empresas, enfim, que te dá suporte também para ter discernimento e tomar as decisões corretas. Volto a repetir: eu tomei algumas decisões erradas e isso acaba contribuindo, atrapalhando e prejudicando. Então, quero vivenciar aqui uma retomada num grande clube. Então, agradeço a oportunidade e vou encarar esse desafio como um jovem, aos 50 anos, com um tesão de voltar a realizar aquilo que mais te dá prazer, que é vivenciar o futebol, o dia a dia. Eu estava no treino, o Ricardo (comandando), estou mais no processo de observação, mas é gostoso a gente vivenciar isso daqui.

Já conversou sobre reforços com a diretoria?

Muito bom elenco, jogadores experientes, com jovens de potencial. Eu disse isso a eles. É um elenco que você olha nos olhos e sabe que a bola não vai queimar, não vão se esconder, isso já pra mim é importante. É atitude, comprometimento, passar para o torcedor e para o adversário que ele precisa te respeitar. São jogadores rodados, com trabalho no dia a dia, com organização, eu acredito num crescimento.

Nota: o América confirmou duas contratações nesta terça-feira

Depois desse trabalho de seis meses, qual é o seu projeto? Fazer algo de longo prazo, firmar-se nesse projeto no ano que vem?

Quero deixar bem claro, o presidente até colocou (proposta) para 2019. Dezembro de 2019. Eu falei, vamos...a gente está namorando. Foram duas vezes. Quero que vivenciem o dia a dia, o meu comportamento, a minha entrega, o meu jeito de lidar, os jogos, isso eu sei como é o futebol. A princípio, fazemos até dezembro, e vou me dedicar jogo a jogo, vivenciar jogo a jogo, sei que Campeonato Brasileiro é difícil. São jogos acirrados, competitivos, o presidente colocou muito bem, a desigualdade financeira é enorme, e você tem que ter o algo a mais. Para conseguir o seu objetivo dentro da competição. O nosso objetivo está bem claro, que é a permanência.

Qual será a cara do time do Adilson Batista?

Ele já tem metodologia, já tem organização, já tem automatização, já tem quase um sistema. Isso, também, a gente quando chega, tem que ter alguns cuidados. Não é depois de amanhã, depois, contra o Santos, que você já vai...não. A gente tem que ter alguns cuidados. Hoje, você vai ouvir mais, conversar mais para intervir na hora certa. Ele (time) tem identidade, metodologia, filosofia, que a gente quer seguir. Enderson eu conheço, ótimo profissional, com o Luis Fernando, fomos atletas ali no Cruzeiro, o Ricardo, então, é tudo a mesma linha, a gente está no mesmo colégio, estamos estudando juntos, eu quero dar sequência. Evidente que algumas situações que acho importante, eu vou colocar. Espero que seja o mais rápido possível. Quero que seja competitivo, que se entregue, mas que jogue futebol. É possível.

Qual o fator determinante para que o time que entra na zona de rebaixamento não se sinta tão pressionado?

Calma, equilíbrio, tranquilidade, organização, serenidade, a gente está muito próximo. Tem que ter organização. Sem organização, as coisas pioram. A gente precisa estar bem concentrado e organizado para sair dessa situação.

Você disse em outros momentos que gostaria de voltar ao futebol num clube em início de pré-temporada. O que te fez aceitar o América agora?

É sempre importante você iniciar e terminar, às vezes até que o dirigente te dê essa condição. Infelizmente não foi possível. Ia iniciar no Sport, não deu certo. Ia começar na Ponte Preta, foi o Eduardo Baptista. Ia para o Bahia, foi o Carpegiani. São situações que acontecem. E eu recebi a ligação do presidente e do Ricardo, de noite, e na conversa hoje, eu tenho que aceitar. Por conhecer pessoas que a gente confia, pelo clube, pela vontade de voltar a trabalhar, e com todo carinho e respeito para que a gente consiga melhorar essa nossa condição hoje.


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