Há mil razões para dizer que o América foi grande. Mas o América de agora, que respeita suas origens, não quer ser só a sombra do que foi antes (Foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
Rodrigo Scapolatempore, jornalista e torcedor
rodrigoscapola@gmail.com
O América já nasceu grande. Não é qualquer time que consegue ganhar dez vezes seguidas um campeonato estadual.
O América foi grande quando já incentivava o futebol feminino em época que ele era mal visto e até proibido no país.
O América foi grande quando não admitia discriminar jogadores negros, mesmo sendo um clube formado por aristocratas da elite branca mineira.
O América foi grande quando protestou contra os vícios do futebol profissional e mudou suas cores para vermelho sem medo de perder sua identidade.
O América foi grande quando suportou uma punição injusta da CBF na década de 1990, nunca antes vista, e ainda sim conseguiu retornar à elite.
O América foi grande quando conseguiu sobreviver às escaladas dos rivais e permanecer de pé, incomodando em clássicos, revelando craques e ganhando alguns títulos.
Há mil razões para dizer que o América foi grande. Mas o América de agora, que respeita suas origens, não quer ser só a sombra do que foi antes.
O América que quer ser gigante hoje é este que estamos vendo: um clube que resistiu a rebaixamentos, às interferências de arbitragens e da CBF, às chacotas dos rivais e, muitas vezes, até ao descaso da cobertura esportiva.
Valeu a pena. Temos as finanças organizadas, exploramos um shopping com nossa sede, um estádio só nosso, nossa marca está bem cuidada e a perspectiva de dias melhores já é real.
Mas tão grande ou maior que o América são aqueles 300 (sparta!) torcedores que, mesmo no fundo do poço, estavam lá no Mineirão em um clássico com ingresso a 100 reais e com quase certeza de derrota.
Eles sabiam que um dia haveria de vir alguma justiça que justificasse o sacrifício. E esse dia chegou. A Onda Verde está apenas começando.
Grande ontem, maior hoje, AMÉRICA sempre. A resistência.
Grande ontem, maior hoje, AMÉRICA sempre. A resistência. (Foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)