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Palavrões, conselhos, admiração: as relações de Maradona com Felipão, do Cruzeiro, e Sampaoli, do Atlético

Um dos maiores ídolos do futebol mundial, Diego Armando Maradona morreu nessa quarta-feira em decorrência de uma parada cardiorrespiratória

postado em 26/11/2020 10:44 / atualizado em 27/11/2020 09:25

(Foto: Reprodução)
Maradona foi um personagem colérico e instável na relação com outras figuras públicas. Não foi diferente com os técnicos de Atlético, Jorge Sampaoli, e Cruzeiro, Luiz Felipe Scolari.

Sampaoli sempre foi um admirador de Maradona. Ambos nasceram no mesmo ano, 1960. Portanto, Sampaoli acompanhou toda carreira do astro, morto nessa quarta-feira em decorrência de uma parada cardiorrespiratória.

Os dois se conheceram quando Sampaoli virou um treinador de sucesso. Maradona chegou a entrevistá-lo na década passada, quando comandava um programa na TeleSur, canal de TV da Venezuela. Havia admiração recíproca.

As coisas pioraram quando Sampaoli assumiu a Seleção Argentina, em 2017. As críticas mais pesadas vieram durante a Copa do Mundo da Rússia, em 2018. Após o empate em 1 a 1 com a Islândia, Maradona foi polêmico ao dizer que Sampaoli não poderia voltar para a Argentina, seu país natal.



"Jogando assim, Sampaoli não pode voltar para a Argentina. É uma vergonha não ter uma jogada preparada. Sabendo que os islandeses medem 1,90, batemos todos os escanteios para cabecear. Não fizemos uma jogada curta", disse Maradona.

"Eu não culpo os jogadores, eu posso colocar a culpa no trabalho. Creio que não há, isso ficou claro. Pode ter 25 treinadores com você, mas tem que trabalhar porque vimos que a Islândia tinha mais trabalho do que a Argentina, e isso me dá muita pena", completou.

Na fase de grupos do Mundial de 2018, a Argentina foi goleada pela Croácia (3 a 0) e venceu a Nigéria (2 a 1), além do empate com a Islândia. A imprensa noticiava que Sampaoli tinha perdido o comando do grupo. Em um vídeo que circulou naquele período, o treinador aparece pedindo conselhos a Messi se deveria escalar Aguero como titular ou não.

Maradona não perdoou. “Não acredito que seja possível. Se isso está acontecendo, é melhor ficar sem técnico. Deixe que qualquer dirigente convoque os jogadores e os selecione. Me parece uma barbaridade. Não ter um líder para marcar certas coisas não seria bom. Embora você tenha que confiar em atletas mais experientes. Mas até eles precisam que o técnico lhes diga algo, mostrar um caminho”.


Naquele Mundial, a Argentina foi eliminada nas oitavas de final -derrota para a França por 4 a 3. Pouco tempo depois, Sampaoli foi demitido.

Maradona e Felipão


Talvez a última palavra de Maradona direcionada a Luiz Felipe Scolari tenha sido um palavrão. O brasileiro, contudo, não escutou. Isso porque o astro argentino estava no México, quando treinava o Dorados de Sinaloa, em 2018, enquanto Felipão localizava-se em Buenos Aires, comandando o Palmeiras na derrota para o Boca Juniors (2 a 0), na semifinal da Copa Libertadores.

"Gol! Vamos, hijo de puta!", disse Maradona. "Scolari, botón! Scolari, botón!", acrescentou Maradona, que comemorava de forma efusiva a vitória do seu time de coração. Botón é um xingamento argentino, algo como X9 no Brasil. Benedetto marcou os dois gols da vitória do Boca por 2 a 0. Maradona acompanhou tudo pela TV. 

A cena descrita acima pode ser vista na série da Netflix "Maradona no México", que estreou em novembro de 2019. Os sete capítulos são Maradona em estado puro para quem tem curiosidade de conhecer um pouco mais sobre a personalidade do argentino.


Antes disso, em 2008, quando treinou a Seleção Argentina, Maradona chegou a ir à Inglaterra conversar com Felipão e pedir conselhos ao então técnico do Chelsea. O argentino saiu animado do encontro.

"Felipão me disse que todos os jogadores de seleção jogam bem e o que tenho que fazer é colocar a cabeça deles em ordem. É o melhor conselho que trago da viagem", destacou.

Na Copa de 2014, Maradona criticou em seu programa de TV as escolhas de Felipão. "Falar agora é fácil, mas eu teria chamado Kaká ou Ronaldinho Gaúcho. O Brasil sentiu falta de um homem de criação, que aliasse qualidade e criatividade", disse. 

"Tudo ficou nas costas de Neymar, mas se tivesse um jogador como eu falei, Kaká ou Ronaldinho, isso não teria acontecido. Foi um erro não levar um jogador com essas características ou um Ganso ou um Philippe Coutinho. Um que tenha nos pés muita qualidade. Esse foi o motivo que fez com que Neymar e Hulk ficassem perdidos em campo", destacou.

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