Atlético
None

CAMPEONATO MINEIRO

No Mineiro, Atlético se beneficia de inversão de mando, algo que combateu na Série A

Em fevereiro, no Conselho Técnico da CBF, Atlético liderou movimento para proibir inversões e vendas de mando, prática que se tornou comum na elite

postado em 10/04/2017 22:32 / atualizado em 10/04/2017 23:08

Reprodução

Líder do movimento que proibiu no Conselho Técnico da CBF, em fevereiro, a venda e inversão de mandos de campo nas Séries A e B do Campeonato Brasileiro, o Atlético acabou sendo beneficiado, no Campeonato Mineiro, pela decisão da URT de Patos de Minas de mandar o primeiro jogo da semifinal no Mineirão, em Belo Horizonte.

Como mostrou o Superesportes nesta segunda-feira, a URT não poderia realizar o primeiro jogo da semifinal em seu estádio, o Zama Maciel, em Patos, que tem capacidade inferior a 10 mil espectadores, número mínimo exigido pela Federação Mineira para esta fase.

Amparada pelo regulamento do Estadual, que legitima a “inversão de mando”, a equipe azul de Patos então abriu mão de eventual vantagem técnica de jogar em outra praça no interior do estado, como Uberlândia, para sediar a partida em uma das casas do rival Atlético. A intenção da diretoria é faturar alto com a renda ou o fechamento de uma parceria como uma empresa que assumirá a operação do jogo a troco de cota fixa.

No Campeonato Paulista, o Linense também abriu mão de jogar no interior para atuar como mandante no Morumbi diante do São Paulo. O estádio de Lins não tinha a capacidade mínima exigida. O clube acabou fazendo uma acordo com o Tricolor para dividir a renda das duas partidas das quartas de final. No caso da URT, não houve acordo com o Atlético.

Nas semifinais do Mineiro de 2008 e 2009, o Cruzeiro também se beneficiou da inversão de mandos ao jogar duas vezes com o Ituiutaba, pelas semifinais, no Mineirão. O Galo teve a mesma vantagem nas semis em 2007, contra o Democrata-GV.

Antes de tomar a decisão de jogar em Belo Horizonte, praça oficial do Atlético, a direção da URT até cogitou jogar em Patos no estádio Bernardo Rubinger de Queiroz, do rival Mamoré. No entanto, os laudos de prevenção e combate a incêndio e de condições sanitárias e de higiene venceram em 7 de abril - exatos três dias antes da decisão da Federação Mineira de Futebol (FMF) sobre os locais das partidas do mata-mata.

Além disso, o Bernardo Rubinger de Queiroz não teve gramado aprovado por vistoria. Dessa forma, o estádio não poderia - segundo os padrões da FMF - receber o jogo.

Com a realização do primeiro jogo no Mineirão, o Atlético se beneficia de expediente que combateu com veemência no Brasileirão. Em fevereiro, na reunião do Conselho Técnico da CBF, o Atlético sugeriu a proibição da venda e inversão de mandos nas Séries A e B do Brasileiro. A sugestão acabou aprovada a partir da edição deste ano.

O Atlético, que chegou a brigar pelo título do Brasileiro de 2016, reprovou, por exemplo, a decisão da diretoria do América de mandar a partida com o Palmeiras, em 9 de outubro do ano passado, em Londrina. O clube mineiro recebeu R$ 700 mil de cota. A cidade paranaense tem, em sua maioria, torcedores de clubes do estado de São Paulo, embora fique a 536 km da capital paulista.

Logo depois da decisão do Conselho Técnico da CBF de proibir inversões e venda de mandos na elite nacional, o presidente do Atlético, Daniel Nepomuceno, alegou que o grande problema é que alguns clubes passaram a se beneficiar tecnicamente com a venda de mandos em fases decisivas do Brasileiro.

“A ideia de levar o time para jogar em outras praças é linda, mas o que aconteceu na prática foi que clubes que não tinham mais o que disputar venderam o mando por questão financeira e inverteram o mando. Isso é contra qualquer fair play. Empresários apareceram para comprar os mandos. Santa Cruz e América venderam o mando não com a intenção de levar público. Acaba gerando inversão de mando. Isso que somos contra”, argumentou Daniel Nepomuceno ao lembrar não só a inversão no jogo entre América e Palmeiras, em Londrina-PR, mas também na partida entre Santa Cruz e Corinthians, em Cuiabá-MT, em 12 de outubro, já na reta final do Campeonato Brasileiro do ano passado. Nas duas ocasiões, os visitantes tiveram mais torcedores.

Tags: inversão e venda de mandos americamg cruzeiroec interiormg mineiro serieb seriea galo atleticomg urt