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Em rede nacional, Oswaldo de Oliveira mantém posição de que foi xingado: 'Vai pra...'; repórter nega e cobra prova em áudio

Conflito no Acre segue repercutindo nacionalmente nesta quinta-feira

postado em 08/02/2018 18:35 / atualizado em 08/02/2018 19:33

Reprodução
O canal esportivo ESPN conseguiu reunir nesta quinta-feira à tarde, ao vivo e por telefone, durante edição do programa Bate-Bola, o técnico Oswaldo de Oliveira, do Atlético, e o repórter Léo Gomide, da Rádio Inconfidência, de Belo Horizonte, para darem suas versões sobre a polêmica discussão de quarta-feira, em Rio Branco, no Acre, após o jogo entre o time mineiro e o Atlético-AC, pela primeira fase Copa do Brasil. 

Enquanto o treinador confirmou sua posição de que foi xingado primeiro pelo jornalista durante a entrevista coletiva e que, por esse motivo, reagiu com truculência, com palavrões e quase indo às vias de fato, Léo Gomide negou que tenha proferido qualquer termo de baixo calão dirigido ao comandante atleticano (veja depoimentos na íntegra no fim do artigo).

O caso

Na coletiva de quarta-feira, o treinador impediu que o repórter concluísse suas indagações sobre o mau desempenho do Atlético em campo alegando que ele não poderia fazer análise naquele espaço e sim perguntas sobre o duelo. Depois de algumas tentativas, Gomide preferiu abandonou a entrevista. Instantes depois, bastante nervoso, Oswaldo de Oliveira se dirigiu a ele com truculência, alegando ter sido xingado. O técnico citou expressões como “caralho, babaca e vai se fuder”.



Nenhuma câmera de TV ou transmissão de rádio registrou o suposto palavrão dirigido por Léo Gomide ao técnico. Mas, nesta quinta-feira, baseado em depoimentos de dois profissionais que estavam no local e que teriam confirmado o palavrão, um da Rádio Super, de Contagem, e outro da TV Globo do Acre, o Atlético decidiu proibir o repórter da Inconfidência de acessar a Cidade do Galo para realizar a cobertura do clube.

Ao longo do dia, em redes sociais e em programas nacionais de TV, o Atlético recebeu muitas críticas pela decisão de impedir o profissional de trabalhar na Cidade do Galo. A Rádio Inconfidência, a Associação Mineira de Cronistas Esportivos (AMCE) e o Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais prestaram solidariedade a Léo Gomide e protestaram contra a posição do clube.



A seguir, a íntegra dos depoimentos de Oswaldo de Oliveira e Léo Gomide à ESPN Brasil:

Oswaldo de Oliveira: “Em primeiro lugar, eu não tenho uma versão. Eu tenho os fatos que aconteceram. Se você quiser, eu relato os fatos. Versão, eu não vou falar em versão, porque só existe o fato. É o que eu vou relatar para você. Se vocês estiverem dispostos a ouvir, eu vou dizer para vocês o que aconteceu. Mas não considerem versão, por favor.

Bruno Vicari, apresentador da ESPN Brasil: “Pois não, então, Oswaldo. O que aconteceu?”

Oswaldo de Oliveira: “Bom, em primeiro lugar, é uma coisa que se arrasta desde o ano passado comigo, mas que já tem uma trajetória mais antiga com outros treinadores, ex-presidentes e jogadores. Desde que eu cheguei, todo mundo me previne contra um determinado repórter que, aqui no clube, era considerado persona non grata, porque tem informantes dentro do clube e sempre faz esse tipo de reportagem que ninguém gosta. Fica distorcendo fatos, enfim, essas coisas que acabam denegrindo muito o próprio futebol. Eu procurei não saber quem é. Entrava para as entrevistas sem saber quem era. Respondi até a quinta rodada várias perguntas dele sem saber quem era. Só que, na quinta rodada, acho que por volta da quinta, não tenho bem a precisão agora. No nosso jogo contra o Atlético-GO, nós ganhamos de 4 a 3 (na verdade, foi por 3 a 2). Ele, antes de fazer a pergunta, fez um comentário, como ele fez ontem. Falou assim: ‘Os gols do Atlético foram um de pênalti, outro de falha do goleiro (não me lembro bem pela ordem), outro o Fred foi cruzar, a bola bateu no zagueiro e entrou. Quer dizer, foram gols que o Atlético não merecia. O que você acha disso?’. Eu disse: ‘Então nós perdemos o jogo. Vamos ligar para a CBF e dar os pontos para o Atlético-GO’. Eu não fiz isso com maldade, mas quis mostrar a ele que nossos gols eram válidos. Só que houve uma risada geral no ambiente da coletiva e acho que ele ficou muito chateado comigo depois disso. E aí passou a ser mais ácido. Como não tinha muito motivo para muita crítica, porque o Atlético fazia uma campanha razoável, nós perdemos só dois jogos e logo em seguida nos recuperamos, não havia um ponto crítico como está havendo neste início de temporada. Acho que ele, ontem, tentou restabelecer aquilo que tinha acontecido antes. Quando ele começou novamente a desmerecer o Atlético e o meu trabalho, eu disse a ele que não queria que ele fizesse análise, que ele fizesse pergunta. Aí ele falou: ‘Então vou fazer a pergunta’. Fez a pergunta. Vocês estão vendo aí no vídeo que eu estou vendo. Ele fez a pergunta e eu respondi. Ele falou: ‘Obrigado, obrigado’. Eu falei: ‘De nada’. E me virei para o outro repórter que está ali, o mais alto (Cláudio Rezende, da rádio Itatiaia), e ele me perguntou sobre o Erik, que tinha entrado e feito o gol. Quando eu estava iniciando a resposta, eu ouvi ele me dirigindo um palavrão. Eu, aí, perdi as estribeiras, perdi a calma. Mas já pedi desculpas reiteradamente. Estou pedindo de novo agora. Na minha nota que vocês leram… Não é uma conduta habitual para mim. Vocês da ESPN me conhecem muito bem. Trabalhei nos quatro clubes de São Paulo, nos quatro do Rio de Janeiro. Vocês acompanharam sempre as minhas entrevistas. Sempre fui um cara comedido, calmo. Procuro ser. Faço esforço para ser. Só que ontem eu não consegui me conter, dadas todas as circunstâncias, tudo o que tem acontecido. E aí eu fui cobrar dele, revidar aquilo que ele falou. ‘Vai para…’, que você sabe que estão alinhando aí como ‘baralho’. Ele mandou essa para mim. Eu não gostei, fiquei irritado na hora e, aí, revidei. Xinguei também. Me arrependo, peço desculpas. Peço desculpas a toda a imprensa, a vocês aí da ESPN, que merecem o maior respeito, entendeu? Eu não admito a dúvida, porque, neste caso, o próprio repórter da Globo do Acre confirma que ouviu que ele falou. No momento em que ele se afasta, ele diz que não falou nada, que estava surpreso. Mas acho que ali ele estava representando, entendeu? Porque ele falou. Se não, eu não ia tomar aquela atitude. Por que eu ia tomar aquela atitude? Pensem bem nisso. Foi isso o que aconteceu. E eu gostaria de explicar a vocês, que merecem o maior respeito, ao público, aos telespectadores, à torcida do Galo. Enfim, todas as pessoas que tiveram acesso a isso. Na minha opinião, não é um fato para ser tão relevante, porque acho que a gente tem outras coisas muito mais importantes para ocupação de tempo nos veículos. Não sei se da minha parte eu estou sendo egoísta, porque se trata de uma reação negativa minha, então eu preferiria que isso fosse esquecido. Não deve ser uma coisa unilateral, que eu estou me dando o direto neste instante, porque prefiro que isto seja esquecido. Quanto à proibição, é a proibição dele entrar no clube. Não é o veículo dele. Continua vindo a hora que quiser. Ele, até pelo DNA, pela trajetória que tem. Já tem feito desrespeito com outros treinadores, ex-presidentes e jogadores daqui. Era aquilo que, no início, tentei evitar e acabou com essa situação de ontem.”

Em seguida, Léo Gomide também entra ao vivo e se posiciona sobre o fato, negando ter xingado o treinador durante a entrevista coletiva.

Léo Gomide: “Estou ainda em Brasília, porque o voo na saída de Rio Branco atrasou e, desde as 2h35 da manhã, estou aqui esperando o retorno para Belo Horizonte. Bom, eu deixei Belo Horizonte na segunda-feira, assim como parte do elenco do Atlético, e segui para Rio Branco para fazer a cobertura pela Rádio Inconfidência e estive no jogo in loco. Um jogo que foi extremamente difícil, uma classificação pelo regulamento e pelo apresentado em campo eu considerei e ainda considero pertinente o questionamento que seria feito. Porém, em vários momentos fui interrompido com a justificativa de que um repórter não deve fazer a análise, só perguntar. Porém, eu tenho de embasar a minha pergunta. Mas, em todos os momentos, eu fui interrompido. Nesse momento, a jornada esportiva da Rádio Inconfidência havia sido encerrada à meia-noite e eu estava fazendo a transmissão apenas em perfil pessoal no Twitter através do Periscope. Quando chegou a minha vez de fazer o questionamento que eu gostaria a respeito especificamente do jogo, do que havia acontecido nos 90 minutos de partida, e ainda ponderei situações de logística, situações climáticas, em nenhum momento eu pude terminar o raciocínio com a alegação de que eu não poderia fazer uma análise, poderia apenas perguntar. Mas, repito, para perguntar, eu tenho que embasar. Se é muito longo, se é muito curto, talvez, eu acho que isso é algo que cabe às pessoas que coordenam o meu trabalho, de trazerem um feedback, até porque, quem viu o jogo, vocês da ESPN tenho certeza que assistiram à partida, se estivessem lá, com o nível de (palavra inaudível) que a emissora tem, muitos também teriam feito uma questão ou tentariam fazer uma questão similar à que eu gostaria de ter feito. Enfim, não pude fazer, fui interrompido em vários momentos, e quando percebi que seria um caminho sem volta, não adiantava mudar o teor da síntese da pergunta, da síntese do jogo, desliguei a minha transmissão pelo Periscope e disse que estava fazendo o meu trabalho. Repeti mais de três vezes que estava fazendo o meu trabalho e fui interpelado dizendo que eu que não deveria fazer análise, deveria fazer pergunta. Falei mais de três vezes ‘este é o meu trabalho e disse muito obrigado’. Virei minhas costas e fui desmontar o tripé, onde estava meu celular, quando abruptamente fui interpelado pelo treinador, que alega ter sido xingado, né? Não sei por que, não sei como. Mas alega. As três pessoas que, não sei se uma delas é a testemunha (do Oswaldo/Atlético), mas as três estavam com fone de ouvido, assim como eu também estava. Tem um funcionário do clube que, ao parece, não ouviu. Então, no Direiro, existe algo chamado prova negativa, quando você tem de provar algo que provam contra você, mas, na verdade, não existe uma prova (não há áudio do suposto xingamento). Então, esse é o meu esclarecimento. Tentei fazer o meu questionamento, não foi possível, tentei mais de uma vez dar outra abordagem à pergunta, não foi possível, e quando eu estava desligamento o meu equipamento aconteceu o fato que as imagens mostram. Foi emitida uma nota oficial (pelo Oswaldo) que foi um xingamento em nível de torcedor da arquibancada, né? Mas a gente que trabalha na comunicação sabe que o microfone ali, se é um torcedor de arquibancada, ele capta muito bem o áudio, mas não houve a captação de áudio, nenhuma (do xingamento). Existe uma alegação, mas nem prova negativa eu tenho de dar, porque não aconteceu (o xingamento).

Léo Gomide acrescenta sobre o episódio:

Léo Gomide: “Eu só queria fazer outra ponderação, porque enquanto eu aguardava para conversar com vocês, né?, eu ouvi rapidamente que essa situação já tinha acontecido com outros profissionais, outros treinadores. Eu sou setorista do Atlético desde 2011, né? O primeiro treinador ao qual eu tive contato foi o Dorival, depois chegou o Cuca, que ficou até 2013, depois tive o Autuori, depois o Levir Culpi, depois o Aguirre, depois o Marcelo Oliveira, depois o Roger Machado, Rogério Micale e o Oswaldo. Eu desafio qualquer treinador que eu citei que tenha ouvido qualquer palavra de baixo calão em algum momento, seja dentro do CT, seja em alguma viagem, seja em alguma entrevista. Ou qualquer outro profissional. Uma pergunta um pouco mais ríspida, mais pertinente, uma pergunta que talvez seja para instigar um pouco a resposta, eu confesso que muitas vezes procuro fazê-la, mas acredito que estou no meu papel, assim como – não é o caso desta quarta-feira, não é o caso desta quarta-feira, - assim como reconheço que em alguns casos eu já errei. Mas não neste caso, não neste caso.

Bruno Vicari: “Oswaldo, você quer dar sua opinião sobre a palavra do Léo?”

Oswaldo de Oliveira: “Com certeza. É lógico que ele não ia dizer aí o que ele falou ontem. Eu já disse a vocês que… Procurem o repórter da Globo do Acre, que ele vai dizer a vocês. Eu não tomaria aquela atitude se ele não fizesse isso. Vou pedir a vocês: vamos encerrar esse assunto, por favor. Já está se arrastando demais, não é o meu feitio, não gosto disso. Ele tem a opinião dele, eu tenho a minha. Não tomaria essa atitude deliberadamente, sem ter o motivo forte que eu aleguei aqui para vocês. Por mim, eu encerro por aqui. Não quero mais dar seguimento a isso. Por favor.”

Bruno Vicari: “Posso agradecer a presença do Oswaldo? Alguém quer… Não sei se o Léo tem mais algo a dizer para o Oswaldo. Léo, você tem? Posso agradecer a participação dele?”

Léo Gomide - Vicari, é, perguntar ao repórter do Acre recorre no que falei instantes atrás. Nem uma prova negativa, como diz o Direito, é preciso ser apresentada, nem uma prova negativa é preciso ser apresentada. Então, eu estou absolutamente tranquilo, de consciência tranquila. Pra mim, a viagem também é desgastante. Saí de Belo Horizonte na segunda, retorno só no fim da tarde desta quinta-feira. E existe hoje, Vicari, você sabe muito bem, pela força que tem os canais ESPN, pela força hoje que existe na rede social, da responsabilidade que existe na comunicação. E vou de novo bater na tecla: eu desafio quem um dia escutou uma palavra de baixo calão minha numa entrevista coletiva, seja na Cidade do Galo, seja em algum outro lugar, e que possa ter uma prova cabal de que eu ofendi alguém. Então, agradeço a vocês pela abertura do espaço, o assunto toma proporções muito grandes, principalmente pela questão das redes sociais hoje. Eu, particularmente, tenho um trabalho que é respeitado e que tem muita credibilidade através das redes sociais. Não à toa, já participei inúmeras vezes com vocês aí na ESPN também pelo trabalho que desempenho nas redes sociais. Acredito que se fosse uma pessoa ofensiva, se fosse pessoa que procura intimidar as pessoas, acho que não teria tantas oportunidades profissionais como eu tenho. Mas, enfim, se o Oswaldo quer que se coloque uma pedra sobre o assunto, pra mim também já está colocada, mas acho que deveria ser feito esse esclarecimento.

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