A Copa de 1974 ficou marcada por uma equipe que revolucionou o modo como se joga futebol no mundo inteiro. Inspiração para Pep Guardiola e Johan Cruijff, Rinus Michels é considerado o principal mentor do ‘Carrossel Holandês’, que encantou o planeta com atuações históricas em solo alemão ocidental e eliminou o Brasil, então campeão, na segunda fase.
No entanto, o ‘futebol total’ - marcado pela ofensividade e pressão constante - não foi capaz de superar a poderosa Alemanha Ocidental. Os donos da casa contaram com grandes atuações de Sepp Maier, Franz Beckenbauer, Gerd Müller e Paul Breitner para virar a final contra a Holanda e levar ao delírio os mais de 75 mil torcedores que lotaram o estádio Olímpico de Munique.
Foi o segundo título conquistado pela atual tetracampeã Alemanha, cujos jogadores já haviam levantado a Jules Rimet em 1954. O Mundial de 1974 ficou marcado por ser o primeiro a entregar ao vencedor a Taça FIFA.
Momento político
O torneio expôs o cenário vivido pelas Alemanhas, que representavam a divisão entre os mundos ‘capitalista’ e ‘socialista’ durante a Guerra Fria (1947-1991). Os times Ocidental e Oriental travaram um duelo histórico na primeira fase. Melhor para os orientais, que venceram por 1 a 0, com gol de Sparwasser.
Para o mundo, a ideia dos organizadores era mostrar união. Tanto é que os mascotes foram os garotos Tip e Tap. Cada um representava um dos lados do país. Apesar do momento político conturbado, a Copa do Mundo não ficou marcada por manifestações em massa.
O momento mais curioso ocorreu, na verdade, durante as eliminatórias. Após um empate sem gols em Moscou no jogo de ida, a URSS se recusou a entrar no campo do Estádio Nacional de Santiago. O motivo: o governo soviético anunciou publicamente que a equipe não atuaria no mesmo local usado de forma recorrente como um centro tortura de prisioneiros políticos durante a ditadura. No fim das contas, os jogadores do Chile partiram para o ataque sem adversários e anotaram o gol que selou a classificação para o Mundial. Veja no vídeo abaixo:
O Brasil na Copa
A Seleção chegou à Alemanha Ocidental com o peso de defender o título conquistado no México. A equipe comandada por Zagallo, entretanto, foi bastante modificada em relação à que atuou quatro anos antes. O principal desfalque, é claro, foi Pelé. O ‘Rei do Futebol’ optou por parar defender o Brasil em 1971.
Segundo ele, a intenção era se posicionar contra a ditadura militar. O regime, instaurado por meio de um golpe em 1964, tinha influência direta na Seleção Brasileira - utilizada muitas vezes como meio de propagar determinadas ideais políticas. Outras ausências foram Tostão, Gérson, Clodoaldo e Carlos Alberto Torres.
Em campo, o time estrelado por Jairzinho e Rivelino ficou em segundo lugar no grupo 2, liderado pela Iugoslávia. Na etapa seguinte, o Brasil parecia engrenar ao vencer Alemanha Oriental e Argentina antes do duelo decisivo contra a Holanda de Michels. Em um jogo marcado pela deslealdade e entradas fortes dos atuais campeões, os europeus venceram por 2 a 0 e avançaram à final. Na decisão de terceiro e quarto lugares, nova derrota dos comandados de Zagallo: 1 a 0 para a Polônia, do artilheiro Grzeorz Lato.
POSIÇÕES
POSIÇÕES
Campeão: Alemanha Ocidental
Vice: Holanda
3º lugar: Polônia
4º lugar: Brasil
Artilheiro da edição: Grzeorz Lato (Polônia), com sete gols
TRAJETÓRIA DO CAMPEÃO
Primeira fase
Alemanha Ocidental 1 x 0 Chile
Austrália 0 x 3 Alemanha Ocidental
Alemanha Oriental 1 x 0 Alemanha Ocidental
Segunda fase
Iugoslávia 0 x 2 Alemanha Ocidental
Alemanha Ocidental 4 x 2 Suécia
Polônia 0 x 1 Alemanha Ocidental
Final
Holanda 1 x 2 Alemanha Ocidental
TRAJETÓRIA DO BRASIL
Primeira fase
Brasil 0 x 0 Iugoslávia
Escócia 0 x 0 Brasil
Brasil 3 x 0 Zaire
Segunda fase
Brasil 1 x 0 Alemanha Oriental
Argentina 1 x 2 Brasil
Holanda 2 x 0 Brasil
Decisão de 3º e 4º lugares
Brasil 0 x 1 Polônia